Belenenses campeão em final louca
Belenenses campeão de râguebi. Foto: Miguel Morgado

Belenenses campeão em final louca

RÂGUEBI18.05.202416:37

Drama e choros. Azuis do Restelo vencem Agronomia por 19-18. 'Pequeno' João deu nono título ao Belenenses. Marcou 14 pontos e assinou a penalidade na bola de jogo.

Uma final de loucos e dramática. No Estádio do Restelo, o Belenenses sagrou-se campeão nacional de râguebi pela nona vez ao vencer a Agronomia por 19-18 numa partida decidida na última bola de jogo. Iguala o Benfica no top-3 dos vencedores da divisão maior do râguebi nacional (CDUL soma, 20 e o Direito, 12).

Aos 90+7, o 'pequeno« João Freudenthal mostrou ser um gigante com os pés e a cabeça ao converter a penalidade que operacionalizou a reviravolta no marcador, favorável aos agrónomos (18-16) e garantiu a placa de madeira da 65.º edição da Divisão de Honra.

Num encontro com duas cambalhotas azuis no placard, Freudenthal, 100% eficaz no chuto aos postes, 'deu' 14 dos 19 pontos aos azuis do Restelo. Converteu quatro penalidades e o pontapé de conversão no único ensaio da partida por intermédio de André Cunha, a beijar o descanso para o intervalo.

A Agronomia, que perde a 9.ª em 11 finais disputadas (venceu em 2007 e 2019, ambas diante o Belenenses) chegou a estar em vantagem por 9-0 e 12-3 à entrada para o intervalo (duas penalidades de Domingos Cabral e João Lima).

No entanto, o XV da Cruz de Cristo soube tirar partido da vantagem numérica após amarelos a António Cortes (discutível) e a Pedro Vicente antes do final dos primeiros quarenta minutos, bem como da lesão do lobo Manuel Cardoso Pinto, defesa agrónomo. O emblema de Belém encurtou distâncias antes do descanso (10 -12), colocou-se na liderança (13-12) no início da 2.ª parte e dilataria o marcador (16-12), já em igualdade de homens em campo.  

Quando se pensava a partida estava 'fechada', João Lima (65’, 78’) 'imitou' Freudenthal nas penalidades (4) e levou os agrónomos até às portas do terceiro título. O troféu fugiu após longos sete minutos de um jogo do rato e do gato. A Agronomia evitava sofrer pontos ou fazer faltas e o Belenenses procurava “apenas” três pontos para selar a vitória, o que veio a acontecer para alegria dos homens de azul e choro dos “verde e branco”.

«Ganhar pelo Belenenses e no Estádio do Restelo»

«É o râguebi. Esta geração com muito talento irá recordar-se nas respetivas carreiras destes momentos finais», disse um cabisbaixo Kane Hancy, treinador da Agronomia, em declarações a A BOLA, após o final dramático.  

Para João Mirra, líder do Belenenses, «os jogadores, estrutura e staff são os grandes responsáveis deste título», troféu que, a nível pessoal, ao ser conquistado «pelo Belenenses no Estádio do Restelo é algo que me marca muito, porque toda a minha família, avós, pai, eu e daí para a frente, somos do Belenenses», frisou.  

«(Quero) dar um grande abraço ao João que hoje deu um passo para ser homem. Não é fácil meter aquele pontapé com o Estádio nas costas. Para a vida, mais que ganhar um título, deu um passo em frente como pessoa», finalizou o treinador que «estava quase para ir para fora do estádio» quando os azuis lutavam nos instantes finais.  

«Andamos com a Cruz de Cristo ao peito que muito nos orgulhamos de representar. São muitos anos de treino, sacrifício de tempo com amigos e família», recordou João Freudenthal em conversa com A BOLA. «Não sou imune à pressão e sabia que se não metesse poderia pesar-me na consistência para sempre, mas tive a sorte de treinar aquele chuto e a vitória é fruto do trabalho de muitos», rematou.