Van der Poel explica domínio no ciclocrosse: «Posso aplicar toda a potência»
Van der Poel e Van Aert, arquirrivais desde os tempos das camadas jovem, são espectáculo garantido no ciclocrosse

Van der Poel explica domínio no ciclocrosse: «Posso aplicar toda a potência»

CICLISMO24.12.202309:50

Neerlandês supera o «caos» e «toma tempo» para chegar à vitória na Taça do Mundo, em Antuérpia. «Num repente» atacou e ninguém mais o viu! Porque estar «em forma faz toda a diferença», diz

Mathieu van der Poel está imparável esta temporada de ciclocrosse e somou ontem na 9.ª prova da Taça do Mundo, em Antuérpia, a terceira vitória, todas consecutivas, num período de uma semana e por larguíssima vantagem. Na corrida belga, que marcou o primeiro embate entre os denominados Big Three, o trio de estrelas planetárias desta espetacular disciplina do ciclismo, nem o arranque acidentado impediu o campeão mundial de conquistar a 34 vitória na sua mais importante competição por pontos.

«Soltou-se o sapato do pedal e depois o Tom [Pidcock] caiu à minha frente», explicou Van der Poel após a corrida. «Dei por mim no meio do caos e neste pode aconteceu todo o tipo de contratempos e incidentes. Era importante tentar avançar o mais possível, sem cometer erros ou envolver-me em quedas. Mas como senti rapidamente que as pernas estavam boas, não entrei em pânico, levei o meu tempo para recuperar e chegar à frente de corrida».

O tempo do neerlandês foi tão-só duas voltas, quando alcançou o primeiro grupo, onde rolava o arquirrival Wout van Aert. Ultrapassou-o num ápice, como se não houvesse um longo historial, desde a juventude, de confrontos equilibradíssimos entre ambos, e não demorou a chegar também à liderança da corrida, após erro de quem a comandava, Eli Iserbyt. «Havia algumas partes do circuito em que se podia ultrapassar facilmente, por isso não tive necessidade de forçar», refere o corredor de 28 anos, cinco vezes campeão do mundo.

«Quando fiquei atrás de Iserbyt, ele cometeu um erro e ultrapassei-o. Então, decidi, num repente, atacar, porque reparei que a maioria dos adversários estava a ter alguns problemas na passagem pela areia. E fiquei imediatamente com uma boa vantagem». Irrecuperável para os oponentes, incluindo para os restantes dois dos três grandes da disciplina, Van Aert e Tom Pidcock.

   «Esperava que ficassem num impasse atrás de mim, que ninguém quisesse assumir a minha perseguição, porque a corrida estava dura, com bastante vento. Então, mantive o ritmo e senti-me bem até ao fim», afirmou Van der Poel, que terminou com 29 segundos de vantagem sobre Van Aert, segundo classificado, e 37 à frente do terceiro, Iserbyt, que reforçou a liderança da Taça do Mundo.

«Estar em boa forma faz toda a diferença. Tive uma temporada muito positiva na estrada. E as dores de costas com que me debati no ano passado no ciclocrosse e no BTT estão debeladas. Isso permite-me aplicar toda a potência nos pedais. Creio que essa é a maior diferença. Está a correr-me bem, não posso queixar-me», conclui o corredor da Alpecin-Deceuninck.

Van Aert conformado: ‘MVDP está impressionante!’

Pelo segundo dia consecutivo, Wout van Aert teve de se contentar com o segundo lugar, atrás de Mathieu van der Poel. O belga da Jumbo-Visma, que vai privilegiar, mais do que em anos recentes, a temporada de estrada, esteve em luta durante toda a corrida com os corredores frequentes do ciclocrosse, para só na volta final impor o seu estatuto de Big Three.

«Senti-me bastante bem, melhor do que ontem [sábado, em corrida do Exact Cross em Mol, também na Bélgica]», recorda van Aert, afirmando ter adotado uma estratégia diferente. «Acho que fiz esta corrida de forma um pouco mais conservadora. Tentei guiar-me pelas rodas, foi o mais correto. Porque é que escolhi essa tática? Porque não tenho a forma física para fazer toda a corrida a fundo. Agora consegui acelerar nas duas últimas voltas, com o Eli Iserbyt», que superou na derradeira.

Ao contrário dos adversários diretos Van der Poel e Tom Pidcock, van Aert arrancou bem, sem percalço e esteve sempre os primeiros lugares. «Estava bastante satisfeito com a posição que tinha e tentei mantê-la. A primeira volta foi bastante rápida. Só achei impressionante a rapidez com que o Mathieu [van der Poel] recuperou, depois disso, como mostrou que é o melhor», reconheceu o belga de 29 anos. «Estou satisfeito por não me ter queimado ao tentar persegui-lo [a Van der Poel] e, pelo contrário, optado por fazer a minha própria corrida», assumiu.