Vermelho madrugador realçou os tons de azul (crónica)
Pepê, avançado do FC Porto, em lance no jogo com o SC Braga (Foto: Grafislab)

SC Braga-FC Porto, 0-1 Vermelho madrugador realçou os tons de azul (crónica)

NACIONAL18.05.202423:45

SC Braga não resistiu a jogar 87 minutos (33+4+45+5)com menos um jogador; Dragões, mesmo sendo calculistas, justificaram o triunfo

No jogo da luta pelo terceiro lugar da Liga esperava-se emoção, equilíbrio e incerteza. Porém, esta expetativa acabou por gorar-se logo aos 12 minutos quando Nuno Almeida, que já tinha amarelado Victor Gómez quatro minutos antes, reincidiu na admoestação ao jogador espanhol e deixou o SC Braga reduzido a dez elementos.

Nesse momento percebeu-se que só por milagre os arsenalistas conseguiriam chegar à vitória, porque não lhes restou outra alternativa que não fosse desmontar o sistema que tinham trazido a jogo, um 4x3x3 elástico que passava com muita facilidade a 4x2x3x1, substituindo-o por um 5x3x1 de recurso que obrigou - além de prescindir de um criativo com boa chegada ao golo, Pizzi - o mais talentoso dos minhotos, Ricardo Horta, a passar boa parte do tempo a lateral direito, entregue às funções de travar o irrequieto Galeno.

E o que fez o FC Porto perante esta vantagem numérica, madrugadora e inesperada? Manteve como prioridade não dar espaços ao contra-ataque dos bracarenses, e só depois de garantida essa etapa se esticava, timidamente, em iniciativas atacantes. Mesmo com Pepê mais perto de Evanilson, a ineficácia ofensiva da equipa de Sérgio Conceição foi confrangedora, a circulação de bola, com tanta preocupação de segurança, teve intensidade baixa e a prova de tudo isto é que os dragões chegaram ao intervalo, depois de terem beneficiado de 37 minutos de vantagem numérica (33 de tempo regulamentar e quatro de compensação), sem conseguir enquadrar qualquer remate com a baliza defendida pelo excelente Matheus. Do outro lado, manietados pelo garrote defensivo portista, que lhes condicionava as saídas de bola, os arsenalistas não realizaram qualquer remate, enquadrado ou não, às redes de Diogo Costa. Foi meio jogo de futebol pobre, que colocou dúvidas sobre as intenções das equipas para o segundo tempo.

FC Porto reentra forte

Com João Mário no lugar de Martim Fernandes, o FC Porto regressou mais desperto e decidido a desmontar a organização defensiva dos minhotos, através de trocas rápidas de bola a meio-campo especialmente entre Nico González e Pepê, aproveitando a largura dada por Francisco Conceição e Galeno.

Assim, depois de terem passado a primeira parte numa dormência ofensiva, em dois minutos - 51 e 52 - os dragões criaram quatro ocasiões sérias de golo, a primeira, de Otávio, travada pelo poste após ressalto em Moutinho, e as restantes três, por Pepê, Conceição e Galeno, que bateram no muro que dá pelo nome de Matheus.

Foi o melhor período portista, mas foi, diga-se, sol de pouca dura, porque a partir do momento em que o SCBraga, aos 55 minutos, conseguiu ligar o primeiro contra-ataque perigoso, por Bruma e Borja, que endossou a bola a Ricardo Horta, antecipado in-extremis por Wendel, a equipa azul-e-branca voltou a retrair-se, na certeza de que o empate servia as suas pretensões imediatas de ficar no terceiro lugar do pódio, que há oito anos não visitavam.

Trocas e finalmente golo

Rui Duarte, com a manta curta, começou por tentar dar velocidade à sua equipa com Djaló no lugar de Zalazar (67), com escasso benefício; já Sérgio Conceição foi buscar ao banco argumentos - Taremi e Eustáquio (76) - para dar um pouco mais de acutilância ao ataque e pulmão ao meio-campo. E logo que Rui Duarte achou que era finalmente tempo para correr riscos, mandando a jogo (81) Banza e Rony Lopes, a sua equipa desuniu-se um pouco defensivamente, o suficiente para Mehdi Taremi ter espaço para fazer uma assistência açucarada a Galeno, que finalmente bateu Matheus.

Bem o SC Braga tentou, nos minutos seguintes, um golo, em lance de bola parada ou através de jogo aéreo, que o recolocasse na luta pela vitória, mas o FC Porto, que ainda trancou mais a cabeça da área com Grujic (89), não lhe deu hipótese de reviravolta. Num jogo marcado indelevelmente pela expulsão de Victor Gómez aos 12 minutos, a vitória dos dragões acabou por ser natural.