Sporting: «Saí de campo em trusses»

Faz hoje 60 anos que os leões conquistaram a Taça das Taças; «Dia incrível», recorda Pedro Gomes, revelando a chave do sucesso

O feito alcançado a 15 de maio de 1964 está escrito a letras douradas no livro da história do Sporting. A conquista da Taça das Taças, que eternizou o cantinho do Morais, é motivo de orgulho de todos os sportinguistas e A BOLA falou com um dos protagonistas da finalíssima de Antuérpia, na Bélgica.

Decorridos 60 anos sobre o épico encontro de Antuérpia — dois dias depois do 3-3 de Bruxelas —, Pedro Gomes tem bem presente na memória o jogo com o MTK e até revela qual foi a chave do sucesso: «Um processo simplório, defender bem e atacar melhor». E assim foi. As oportunidades de golo, conta, foram raríssimas, para ambas as equipas, e aos 19 minutos, a magia aconteceu.

«O Morais já tinha tentado marcar de canto direto noutras ocasiões, naquele dia cantou muito bem [risos]», diz Pedro Gomes, logo acrescentando o que se passou após o apito final: «Fomos engolidos! Houve invasão de campo por parte dos nossos adeptos, só sei que deixei o relvado em trusses, cuecas para os mais novos entenderem».

Demos cinco ao Manchester United, que era a melhor equipa do Mundo, quem lhe ganhasse tinha de vencer a Taça das Taças

Quer dizer que não ficou com nenhum objeto do jogo como recordação? «Não. Sei que ofereci a camisola ao primeiro adepto que me apareceu à frente, já estava meio despido, soube depois que era de Rio Maior, ainda fui a casa dele pedir para fazer uma cópia, mas não foi possível. Guardo as memórias, um dia incrível. O sentimento de felicidade fica eternamente na mente, é uma conquista que passa de geração em geração, tenho grande orgulho da modesta contribuição que dei para aquela que foi a mais bela página da história do Sporting», responde.

Pedro Gomes realça ainda o percurso até à finalíssima: «Deixámos para trás Atalanta, APOEL, Lyon, que na altura tinha uma equipa fortíssima, e demos cinco ao Manchester United, que era a melhor equipa do Mundo, quem lhe ganhasse tinha de vencer a Taça das Taças.»

Com a voz  embargada pela emoção de reviver momento tão especial na carreira, Pedro Gomes faz menção à receção que foi feita aos leões em Lisboa: «Uma verdadeira loucura. Fomos para a Sé, era uma fila de carros interminável, todos a buzinar, estavam milhares de pessoas à nossa espera, a simpatia da massa apoiante para connosco foi algo que nunca esqueci.»

«Façanha pode ser repetida»

Rendido a Rúben Amorim, o vencedor da Taça das Taças vaticina que o treinador pode conduzir o Sporting a nova conquista europeia: «Com o atual futebol praticado pela equipa, sob o comando do fantástico Amorim, que levou a equipa à conquista do título nacional e a Taça de Portugal está ao alcance, vejo que pode repetir a façanha de alcançar um título europeu.»