Sporting: os destaques da primeira grande entrevista de Hjulmand
Hjulmand foi um dos poucos que esteve presente nos 23 jogos oficiais do Sporting esta época (IMAGO)

Sporting: os destaques da primeira grande entrevista de Hjulmand

NACIONAL01.01.202420:27

Médio dinamarquês já se sente dentro da família leonina e mostrou-se surpreendido com o futebol português

Hjulmand abriu o livro em entrevista à Sporting TV em que relatou os primeiros quatro meses em Alvalade, onde já se sente ambientado ao balneário comandado por Rúben Amorim. Os números também mostram isso: um golo e duas assistências em 22 jogos num meio-campo com a herança pesada de Palhinha e Ugarte.

«Está a tornar-se parte de mim ser jogador do Sporting. É um bom conto de fadas e não poderia pedir melhor sitio para estar na vida com a minha noiva», atirou, garantindo que se sente em família desde o primeiro dia e com a palavra «felicidade» para descrever este percurso.

Hjulmand foi mais longe e explicou a união em prol dos leões: «A equipa e os adeptos fazem do Sporting um só», um sentimento que lhe dá uma especial motivação na ida aos treinos. «Aprecio todos os momentos em que entro no meu carro e viajo para a academia», salientou.

Uma história que começou em agosto quando se deram «as primeiras conversações». «Senti-me honrado de um clube como o Sporting ter interesse em mim», contou. Depois de assinar até 2028 com uma cláusula de 80 milhões chegou um incentivo especial «Conheci Peter Schmeichel [guarda-redes que passou pelo Sporting entre 1999 e 2001] dois meses depois de ter assinado pelo Sporting. A primeira coisa que ele me disse: «Sabes quão grande o Sporting é?»

E o internacional dinamarquês não se enganou:  «Quando cheguei ao Sporting percebi que é um clube com a mentalidade de produzir grandes jogadores (...) a qualidade que os jovens mostram nos treinos, a mentalidade dos miúdos quando vão aos treinos da equipa pricipal.»

Apesar de, no início, ter havido um choque de realidade na chegada de Itália «dois mundos completamente distintos», valeu a receção em Alcochete. «Fiquei surpreendido que todos fossem tão simpáticos quando eu cheguei», descreveu.

Toda uma união que Hjulmand considera essencial para o sucesso esta temporada. «Se formos tudo isso podemos chegar muito longe no campeonato», garantiu, e com referência ao 12º jogador: «Os adeptos merecem que nós façamos o melhor. Precisamos do apoio de todos eles. É incrível ver o apoio em todos os estádios.»

Quatro meses de «felicidade» com alguns momentos especiais. Primeiro, a vitória por 3-2 frente ao Vizela no último minuto, logo na primeira jornada, com Hjulmand ainda a assistir de fora e a sofrer das bancadas.

O primeiro golo, na vitória por 3-0 frente ao Moreirense, depois do lance anulado em Braga, também não se esquece: «Um jogador como eu marcar ou não marcar não é importante. Celebrar com os meus companheiros e adeptos foi uma ótima sensação», enalteceu.

O mais recente clássico com a vitória por 2-0 diante o FC Porto também foi um passo importante numa campanha praticamente inglória. «A forma como jogamos, a intensidade e as exibições, mostrámos a Portugal o tipo de equipa que somos. mostrámos o quão grande o Sporting é», realçou.

Uma campanha individual, mas que também se reflete no coletivo do líder do campeonato. A chave para o sucesso é uma: «O treinador consegue rodar todos os jogadores, todas as semanas…», frisou, destacando ainda a qualidade do plantel, que deixa uma promessa: «Vamos trabalhar até maio!»

Elogios que também sobram para Rúben Amorim, visto por Hjulmand como alguém que «gosta muito de trabalhar a tática.»

O camisola 42 que concorda com Gyokeres, que também brilha neste Sporting e foi reforço de verão, ao dizer que o treinador exige muito nos treinos para depois se refletir nos jogos. «É algo que ele [Rúben Amorim] gosta de fazer e temos de aceitar. As ideias do treinador são muito claras e isso é importante para os jogadores, saber o que o treinador quer. Ele exige muito dos jogadores mas isso é bom. Os jogadores sentes que o treinador e o staff são honestos», salientou, num papel que também deve entrar entre os atletas: «é importante que os jogadores também exijam.»

Hjulmand, que não se assusta com o legado de Palhinha e Ugarte para poder «mostrar o melhor para jogar no Sporting», revelou ainda a forma como se aplica fora da Academia e nas horas vagas: «Quando cheguei cá via os vídeos do treino para também ser melhor jogador», explicou. «Melhorei imenso nestes meses. Não foi fácil, tive de melhorar fisicamente e evoluir taticamente mas ainda posso fazer melhor», assumiu ainda.

Para Hjulmand não há individualdades. «É fácil jogar ao lado de qualquer jogador do plantel», destacou, deixando ainda elogios a Bragança Morita e Essugo, «jogadores de topo», com quem partilha o meio-campo.

Um espírito de equipa que também se reflete na felicidade de um jogador quando um companheiro de equipa marca. Gyokeres fez um hat-trick em casa com o Farense para a Taça da Liga e Hjulmand foi apanhado a esboçar um sorriso para o sueco. Uma comunhão... transversal no balneário. «Todos os jogadores fariam aqui no Sporting, posso garantir», atirou. 

Uma entrevista em que também se falou da adaptação ao campeonato português, que surpreendeu o ex-Lecce: «É um país muito subestimado e há muito bons jogadores aqui. É por isso que vemos na Europa muitos jogadores que começaram em Portugal.» É por isso que o dinamarquês nunca mete o travão. «Cada jogo é complicado neste campeonato, posso garantir!»

Lá fora, a Liga Europa «tem sido uma óptima experiência» e uma afirmação definitiva na Seleção só se pensa depois do Sporting. «Primeiro os meus objetivos são no Sporting. Tenho de mostrar aqui para chegar à Seleção (….) e fazer parte da equipa no Europeu no próximo ano», afirmou.

Uma entrevista que abriu portas a algumas curiosidades na vida e na carreira de Hjulmand, o camisola 42 - o número que sobrava na altura no Lecce - apesar de preferir o número 21. Vindo de uma «família de futebol», o dinamarquês confessou ter como ídolo Patrick Vieira, antigo médio do Arsenal, também um clube de referência.

Para o futuro, Hjulmand pode garantir que está a dar o seu melhor para aprender português. Até lá, já tem dois termos no dicionário: «Sportinguistas e força Sporting!»