Liberdade para atacar
Benfica contra SC Braga na 'Pedreira'. Foto: GRAFISLAB

O MISTER DE A BOLA Liberdade para atacar

NACIONAL18.12.202313:06

A análise de Jorge Castelo ao SC Braga-Benfica

1. Competitividade. Quis o sorteio que as 4 equipas no topo da tabela classificativa, à 14.ª jornada, jogassem entre si, distanciadas por 2 pontos. Em períodos homólogos das 2 épocas anteriores, a diferença era de 15 e 12 pontos. Entre o 1.º e o 2.º lugar, 3 e 8 pontos e, entre o 3.ª e 4.º lugares, 8 e 7 pontos. Depois do resultado destes dois jogos, a distância entre estas equipas não será superior a 5 pontos, independentemente da possibilidade de haver trocas de posição na classificação. Nesta análise, puramente matemática, manter-se-á um bloco pontual apertado, denotando uma maior competitiva desta época, quando comparada às anteriores.

2. Qualidade. Os factos mais relevantes antes deste confronto eram um SC Braga com 4 vitórias e 2 empates, nos últimos 6 jogos da liga. Vivendo um momento de exaltação pela forma assertiva da qualidade do seu jogo, ao nível nacional e internacional. Maior número de golos marcado (36), baseado numa articulação intersectorial do meio-campo e o ataque, com múltiplas nuances. Mas também um maior número de golos sofridos (20), marcando e sofrendo em todos os jogos. O Benfica desta época não é comparável à do ano passado, seja qual for o filtro de análise do seu futebol. É de elementar referir-se que, com mais meios tem produzido menos. Com 3 vitórias e 3 empates nos últimos jogos, passa por uma etapa de desenvolvimento, em que a equipa parece, definitivamente, afinar da sua forma de jogar. E, nada é tão importante, para tal desenvolvimento, a sequência de vitórias . 

3. Tranquilidade. O Benfica ao marcar aos 3’, aproveitando erros de comunicação do adversário. E, quando ainda as equipas estavam a assentar e acertar a sua ideia de jogo para este confronto, conseguiu um nível de serenidade letal, possibilitando dominar o jogo na 1ª parte. Mas também, criar através de ações ofensivas de curta duração, situações de maior perigosidade para a baliza de Matheus. Suportadas em reduzidas relações numéricas em que Rafa e Tengstedt criavam desequilíbrios sobre o sector defensivo do SC Braga. Aproveitando os apoios imediatos de João e Di Maria. A desvantagem no marcador, o desconforto de ter mais bola e não conseguir oportunidades promissoras de golo, confrontados com uma organização defensiva ripostando agressivamente com olhos na baliza adversária, perturbaram as ideias mais eficazes da organização do SC Braga.

4. Fiabilidade. Tendo João Mário a enorme possibilidade de fazer o 2.º golo da partida, logo no início da 2.ª parte, o SC Braga começou a ser a equipa que tem demonstrado ser. Mais compacta, assertiva, resiliente e fiel à sua identidade de jogo. Encostou o adversário à sua baliza e, por poucas vezes, permitiu ao Benfica passar do seu próprio meio-campo. Tal feito, sobre um adversário de tamanha qualidade não é para qualquer equipa. Trabalhou sobre um resultado desfavorável desde o 3º minuto e, ninguém tenha a ilusão que tal facto não pesa. Marcar primeiro e nos 15’ iniciais é um dado por muitos estudado, sendo que a probabilidade de ganhar a partir destes pressupostos é relevante. 

5. Previsibilidade. A natureza do jogo é aleatória, imprevisível e transitória. Na luta para que tal natureza seja controlável, promove-se grandes espetáculos em que a liberdade de atacar o objetivo do jogo é primordial. Trazendo valor acrescentado, a médio ou a longo prazo em que todos saem a ganhar, sejam vencedores ou vencidos.