Filipa Patão: «O Benfica tem evoluído muito»
Filipa Patão, treinadora do Benfica (SL Benfica)

Filipa Patão: «O Benfica tem evoluído muito»

FUTEBOL FEMININO12.12.202318:19

Águias jogam, esta quarta-feira, o primeiro jogo para a Liga dos Campeões feminina no Estádio da Luz; Eintracht Frankfurt é o adversário

O Benfica defronta, esta quarta-feira, as alemãs do Eintracht Frankfurt, na 3.ª jornada do grupo A da Liga dos Campeões, num jogo que marca a estreia de jogos internacionais realizados no Estádio da Luz. A treinadora das águias, Filipa Patão, fez a antevisão ao encontro em conferência de Imprensa.

- A diferença no ranking [Benfica 13.º e Frankfurt 23.º] dão favoritismo ao Benfica?

- Os favoritismos ficam sempre cá fora. Quando se entra em campo as equipas começam do zero e ambas têm hipótese de pontuar e conseguir o seu objetivo. Ambas têm três pontos, precisam de ganhar e vai ser uma luta muito interessante. É uma equipa bastante competente, nós também. Independentemente da questão ranking, ambas ambicionamos chegar o mais longe na Liga dos Campeões. Os rankings ficam lá fora. A partir do momento em que entramos dentro de campo, deixa de contar e de existir. Só irá contar aquilo que fazemos dentro de campo e qual a equipa que vai conseguir entrar melhor, ter uma ideia de jogo melhor e pô-la em prática. Muitas vezes nem é pela ideia, mas se conseguimos concretizar e superiorizar. Não vai ser o ranking, acho que vai ser aquilo que se vai efetivar dentro de campo.

- O que significa poder ganhar e até eliminar o Frankfurt?

- Já no ano passado defrontámos uma equipa alemã de renome, o Bayern. Não pontuámos, ao contrário do ano anterior, em que conseguimos o empate, mas tivemos um jogo em casa que acabou por não cair para o nosso lado, mas estivemos a ganhar por 2-0. O futebol português evoluiu muito, o Benfica tem evoluído muito, mas desengane-se quem acha que o Frankfurt é uma equipa com menos valências que o Bayern, porque não é. E está a mostrar isso na liga alemã [3.º lugar]. É uma equipa mais vertical que o Bayern, consegue ter jogadoras muito competentes no seu modelo de jogo. Não quer dizer que tenhamos de ter receio e que nos inferiorizemos. Só nos dá mais responsabilidade para encarar o desafio e dar o tal passo à frente que precisamos. O que sentimos, principalmente no ano passado, é que faltou sempre um 'danoninho', faltou sempre qualquer coisa. Tem-se sentido isso no futebol português feminino, mesmo na Seleção, parece que falta sempre aquele poste, aquele pedacinho... As equipas estão cada vez mais a mostrar que têm capacidade, agora falta dar o passo final. Nos momentos decisivos não sermos só competitivos, conseguirmos pontuar e ganhar. No futebol é isso. Não podemos lutar uma vida inteira para ser competitivos, temos de lutar para pontuar ou vencer desafios que nos fazem estar entre as melhores equipas. É esse o nosso objetivo e é desta forma que vamos encarar o jogo. Sabemos valência do adversário mas também a nossa.

- O que representa fazer primeiro jogo europeu no Estádio da Luz?

- Nem é por ser da Liga dos Campeões, é por ser no Estádio da Luz. Sabemos da grandeza deste estádio e desta casa. Todos os jogos que nos proporcionarem aqui, estaremos eternamente gratas por essas oportunidades e vamos fazer sempre por merecê-las. Vai ser mais uma vez especial. É importante ser numa Champions, pois passamos uma mensagem para fora de que há uma grande aposta do Benfica. Desde já agradeço ao presidente e à Direção por proporcionarem mais uma vez jogar na Luz, num momento competitivo muito importante e no qual podemos fazer história. Só tenho a agradecer estas oportunidades maravilhosas que nos dão. E já agora deixar também uma mensagem para os que comparecerem, um muito obrigado. Sejam eles quantos e quem forem, aqueles que vierem serão muito bem-vindos e vão assistir a um grande jogo de futebol.

- O Benfica está mais experiente e confiante?

- Todos os anos evoluímos. Vejo muito pela forma como quem está de fora olha para um jogo. No ano passado defrontámos o Rosengard e toda a gente ficou eufórica porque conseguimos ganhar ao Rosengard, em casa, por 1-0, e fora por um resultado mais volumoso [3-1] e lembro-me que foi uma euforia. Agora ganhamos por 1-0 e já não é só a euforia, já é ‘o Benfica podia ter dilatado a vantagem’, ‘podia ter ganho de forma mais confortável’… São pequenos sinais de que realmente já olham para o Benfica de outra forma, tanto dentro como fora. Nós abordámos e falámos do jogo com o Rosengard, realmente poderíamos ter feito muito melhor, poderíamos ter ganho por mais. A mentalidade e a capacidade que temos de abordar este tipo de jogos estão a mudar. Contra o Frankfurt, a mentalidade é a igual à que levávamos contra o Bayern, mas com mais uns pozinhos de motivação e confiança para aquilo que é possível fazer. Isso tem a ver com o desenvolvimento do futebol feminino português e do Benfica. Não somos a mesma equipa do ano passado, não só porque não temos as mesmas intervenientes, mas porque temos mais um ano de estímulo em cima, de aprendizagem dentro do nosso modelo e daquilo que queremos para as atletas. E vou buscar o que Michael Jordan disse em tempos, que não era por falhar um, dois, três, quatro, cinco ou seis cestos que ia deixar de tentar. Isso era a pior coisa que ele podia fazer. Não é por perdermos um, dois, três, não é por ficarmos aquém ou quase lá, que vamos desistir. Vai dar-nos bagagem para continuarmos a tentar encestar e tenho a certeza de que muito em breve, pelo trabalho que elas têm desenvolvido, que o cesto vai aparecer. Neste caso, o golo vai aparecer, e vamos conseguir ser felizes. Todos nós, pois isto é um trabalho não só do Benfica, mas de todos os portugueses e todos os que estão envolvidos no futebol feminino.

- Anna Gasper e Lena Pauels [duas jogadoras alemãs do plantel] deram ajuda extra para preparar o jogo? 

- Dão sempre, como é óbvio. Conhecem perfeitamente as equipas alemãs, a forma de jogar… Mas acho que a grande ajuda que vão dar vai ser dentro de campo. Aí é que precisamos que estejam no seu máximo e tenho a certeza que, mais uma vez, não nos irão defraudar. 

- Se pudesse escolher uma jogadora do Frankfurt para não jogar, quem seria? 

- Sou sincera. Sou competitiva, mas nestes momentos gosto mesmo muito de provar que a nossa equipa está mesmo muito melhor e muito bem preparada. Não posso, nunca, preferir ganhar jogos contra equipas que não se apresentem no seu máximo. Prefiro não ser feliz mas ter a certeza que estou a defrontar as melhores, a crescer e a fazer história contra as melhores. Quero mesmo que o Frankfurt venha na máxima força, que todas as jogadoras estejam disponíveis.