Contagem decrescente para guarda-redes pode entrar nas leis do futebol
Reunião do International Board na Escócia; foto FIFA

Contagem decrescente para guarda-redes pode entrar nas leis do futebol

INTERNACIONAL02.03.202420:25

International Board introduz novos testes, mas exclusões temporárias, para já, não avançam

As exclusões temporárias – o chamado cartão azul ou, em inglês, sin-bin (literalmente caixote do pecado) – não vão, para já, avançar no futebol. Reunido este sábado em Loch Lomond, na Escócia, o International Board (IFAB), organismo responsável pelas leis do jogo, que tem participação da FIFA e das federações britânicas e da Irlanda do Norte, decidiu não alargar para já os testes previstos.

Preferiu, sim, alterar o protocolo – essas exclusões, de dez minutos, passam a aplicar-se apenas a casos de contestação à equipa de arbitragem (estava planeado que pudessem também ser usados em determinados tipos de faltas táticas); os jogadores reentram em campo apenas na primeira paragem após esses dez minutos passarem, para o árbitro não ter de andar sempre a controlar o relógio; e essas exclusões valem adicionalmente como um cartão amarelo normal (antes não estava previsto que entrassem para o cadastro disciplinar), pelo que qualquer outra infração subsequente punível com amarelo passa a valer expulsão.

Os testes vão realizar-se em competições de futebol jovem e eventual aplicação aos campeonatos profissionais está muito longe de ser realidade. A reação negativa de muitos treinadores, sobretudo na Premier League, não ajudou. E o próprio Gianni Infantino, presidente da FIFA, pôs travão, antes da reunião, à ideia de os árbitros andarem com três cartões: «Deixem-me ser claro: é um cartão vermelho à ideia de cartões azuis. Não vão ser usados na elite, a FIFA opõe-se por completo.»

Se as exclusões temporárias não avançam mas ainda assim vão ser testadas no futebol jovem, já as substituições temporárias por causa de concussões parecem definitivamente afastadas. «Os especialistas médicos dizem que é impossível em poucos minutos determinar se um jogador sofreu ou não uma concussão e se ela é grave ou não. Em caso de suspeita, o jogador tem de ser substituído», defendeu Infantino. E essas substituições adicionais por concussão, que já estavam a ser testadas em várias provas, incluindo na Premier League, vão ser introduzidas nas leis de jogo para a próxima época – embora cada organizador de provas possa decidir adotá-las ou não.

Na tentativa de diminuir as perdas de tempo e diminuir os protestos com as equipas de arbitragem, o IFAB anunciou três novas regras para serem testadas em competições que as queiram experimentar – embora os dois principais campeonatos de cada país fiquem para já de fora. A primeira prevê que, em várias circunstâncias, apenas o capitão de equipa possa dirigir-se ao árbitro; a segunda dá a possibilidade ao árbitro de determinar um período para jogadores se acalmarem, enviando cada uma das equipas para as suas área; a terceira altera o tempo que um guarda-redes pode ter a bola na mão, de seis para oito segundos. O objetivo é que a lei possa ser efetivamente aplicada, porque agora os árbitros têm receio de marcar a infração – e a indicação para ser testada é que os árbitros ergam a mão para fazer contagem decrescente, com os dedos, nos últimos cinco desses oito segundos. Se essa contagem decrescente terminar com o guarda-redes ainda com a bola nas mãos, o jogo é interrompido e a equipa adversária ganha um canto ou lançamento lateral no enfiamento da marca de penálti. «São testes, se virmos que não resultam não são adotados», defendeu Mark Bullingham, da federação inglesa.

O IFAB anunciou ainda que vai prosseguir a experiência da comunicação do árbitro, no estádio, sobre decisões tomadas com ajuda do VAR, antes de tomar qualquer decisão final. Entre as alterações às leis do jogo a entrarem em vigor na próxima época, e para além das substituições por concussões, destaca-se a obrigatoriedade de, nos penáltis, parte da circunferência da bola ter de estar por cima do centro da marca dos onze metros.