Benfica vence sem contestação
Di María (MIGUEL NUNES/ASF)

O mister de A BOLA Benfica vence sem contestação

NACIONAL20.01.202419:18

Jorge Castelo analisa a vitória (2-0, golos de Di María e Marcos Leonardo) de sexta-feira à noite das águias na receção ao Boavista, jogo da 18.ª jornada da Liga

Contraste

No início da segunda volta, o Benfica, provavelmente, está no melhor momentum (pujança, energia, vigor...) da época, não só pelos resultados positivos, mas, essencialmente, devido a uma melhor afinação do jogo coletivo, no ataque e na defesa. No que concerne ao Boavista, após período com várias derrotas, chegava à Luz com dois bons resultados, à procura de manter esse rumo.

Controlo

De forma esperada, o Benfica, no seu estádio, entrou controlando e dominando, tendo mais bola numa perspetiva de ataque à baliza, criando várias oportunidades. E, em simultâneo, pressionando fortemente aquando da sua perda, não dando quase nenhuma oportunidade ao Boavista de chegar à baliza de Trubin. Sublinha-se que tal conceito de jogo só tem impacto se todos os jogadores estivem imbuídos no mesmo espírito. Tal facto foi quase sempre evidente, pelos jogadores mais adiantados com o suporte de Florentino (na meia direita) e Kokçu (na meia esquerda), bem como uma forte pressão sobre Bozeník, Tiago Morais e Reisinho. Apesar destes bons indicadores, o ritmo ofensivo foi-se esvaziando até final da primeira parte. Na segunda, aí sim o Benfica entrou com maior intensidade, marcando (61’) e tranquilizando equipa e adeptos.

Conceção

O Boavista desenhou e aplicou dinâmica estratégia/tática através de organização defensiva compacta, na zona intermédia num 4x1x4x1, aquando da primeira etapa de construção do Benfica. Baixando o bloco defensivo, densificando as zonas predominantes de finalização, evitando, quanto possível, que o adversário encontrasse linhas limpas de remate. No plano ofensivo, tentou, predominantemente, situações de contra-ataque ou ataque rápido, tentando tirar partido de possíveis desequilíbrios organizativos do adversário que poucas vezes se verificaram. Variou entre saídas curtas, privilegiando os corredores laterais, bem como o passe longo na profundidade sempre sobre a zona de Tiago Morais, com o deslocamento de Makouta e Reisinho criando uma zona de superioridade numérica sob o espaço de Aursnes.

Controvérsia

Di María é um jogador especial. Apesar de algumas distrações no plano defensivo, compensa largamente esse aspeto na terminação das ações ofensivas, em ataques com maior ou menor número de adversários na sua frente. Outra particularidade do Benfica foi ter, aos 69’, um setor defensivo constituído por quatro centrais, com a entrada de Tomás Araújo para a direita, passando Aursnes para o meio. Esta alteração não teve o impacto pretendido, tendo que se recorrer a João Neves para equilibrar e dinamizar o meio-campo.

Caráter

Não esquecendo a grande oportunidade de Bozeník, aos 54’, importa sublinhar a alma boavisteira, demonstrando resiliência, ultrapassando vários constrangimentos dentro e fora do relvado. Após o golo sofrido, evidenciou todo um potencial ofensivo, criando a incerteza no resultado e exigindo do adversário ter de proteger a baliza.