«A equipa não tem ADN Schmidt, pressão alta, asfixiante»
Roger Schmidt na segunda mão da eliminatória contra o Marselha. Foto: IMAGO/PanoramiC

«A equipa não tem ADN Schmidt, pressão alta, asfixiante»

NACIONAL19.04.202420:00

Opiniões sobre a continuidade de Roger Schmidt no Benfica dividem-se entre adeptos e especialistas

O Benfica falhou o objetivo de chegar a uma meia-final europeia, dez anos depois da última, ao ser eliminado pelo Marselha no Vélodrome. Antes, o conjunto encarnado já havia sido eliminado pelo Estoril nas meias-finais da Taça da Liga e pelo Sporting nas meias-finais da Taça de Portugal. A sete pontos dos leões, que seguem na liderança do campeonato, a Supertaça parece ser, cada vez mais, o único título com que as águias vão terminar a época.

Tendo em conta o investimento realizado no plantel e as expectativas criadas pelo desempenho da equipa na época passada, A BOLA falou com Diogo Luís, antigo lateral do Benfica e colunista do nosso jornal, para perceber se Roger Schmidt deve sair ou continuar no comando das águias na próxima época.

Diogo Luís, cronista de A BOLA. Foto: RUI RAIMUNDO/ASF

«Vou ser coerente, porque já escrevi um artigo sobre isso. Tenho uma opinião daquilo que fazia se tivesse na direção, mas em função do contexto, estranharia que o Benfica deixasse o treinador cair neste momento. Porquê? As virtudes e os defeitos esta temporada são os mesmos da época passada, não é pelos maus resultados que se deixa cair o treinador.

Todos os treinadores têm anos maus. A equipa não tem ADN Schmidt, pressão alta, asfixiante. Se querem que tenha sucesso e se gostam do futebol que apresentou, Benfica tem de investir no tipo de jogadores que permita aplicar essa pressão alta.

O presidente e a administração devem criar condições para que tudo corra melhor. Se Roger Schmidt é o treinador do projeto, devem dar-lhe as condições necessárias para que a equipa possa praticar o futebol dele. Além disso, há 20 milhões de euros em questão relativamente a uma indemnização se despedirem o treinador. Se o projeto é para continuar o treinador deve continuar, porque é o projeto da estrutura.

Todos os treinadores têm anos maus. A equipa não tem ADN Schmidt, pressão alta, asfixiante. Se querem que tenha sucesso e se gostam do futebol que apresentou, Benfica tem de investir no tipo de jogadores que permita aplicar essa pressão alta. Acho que Roger Schmidt também precisa de melhorar a comunicação, que tem criado muitos anticorpos com os adeptos. É preciso melhorar algumas condições, mas depende da administração.

Rui Costa e Roger Schmidt celebram o 38.º campeonato nacional. Foto: RUI RAIMUNDO/ASF

Volto a dizer, não me parece que um bom gestor invista tanto num treinador e de repente, por haver maus resultados e porque os adeptos estão descontentes, o deixe cair. Há exemplos de treinadores que tiveram anos que correram mal e depois conseguiram dar a volta à situação.

Acho que tem muitas limitações, as mesmas de há um ano, talvez não tivesse renovado e pelos valores que foram, é a única diferença. Assim, terminaria o contrato esta época e depois logo se tomava uma decisão para o futuro.»