«A equipa não tem ADN Schmidt, pressão alta, asfixiante»
Opiniões sobre a continuidade de Roger Schmidt no Benfica dividem-se entre adeptos e especialistas
O Benfica falhou o objetivo de chegar a uma meia-final europeia, dez anos depois da última, ao ser eliminado pelo Marselha no Vélodrome. Antes, o conjunto encarnado já havia sido eliminado pelo Estoril nas meias-finais da Taça da Liga e pelo Sporting nas meias-finais da Taça de Portugal. A sete pontos dos leões, que seguem na liderança do campeonato, a Supertaça parece ser, cada vez mais, o único título com que as águias vão terminar a época.
Tendo em conta o investimento realizado no plantel e as expectativas criadas pelo desempenho da equipa na época passada, A BOLA falou com Diogo Luís, antigo lateral do Benfica e colunista do nosso jornal, para perceber se Roger Schmidt deve sair ou continuar no comando das águias na próxima época.
«Vou ser coerente, porque já escrevi um artigo sobre isso. Tenho uma opinião daquilo que fazia se tivesse na direção, mas em função do contexto, estranharia que o Benfica deixasse o treinador cair neste momento. Porquê? As virtudes e os defeitos esta temporada são os mesmos da época passada, não é pelos maus resultados que se deixa cair o treinador.
Todos os treinadores têm anos maus. A equipa não tem ADN Schmidt, pressão alta, asfixiante. Se querem que tenha sucesso e se gostam do futebol que apresentou, Benfica tem de investir no tipo de jogadores que permita aplicar essa pressão alta.
O presidente e a administração devem criar condições para que tudo corra melhor. Se Roger Schmidt é o treinador do projeto, devem dar-lhe as condições necessárias para que a equipa possa praticar o futebol dele. Além disso, há 20 milhões de euros em questão relativamente a uma indemnização se despedirem o treinador. Se o projeto é para continuar o treinador deve continuar, porque é o projeto da estrutura.
Todos os treinadores têm anos maus. A equipa não tem ADN Schmidt, pressão alta, asfixiante. Se querem que tenha sucesso e se gostam do futebol que apresentou, Benfica tem de investir no tipo de jogadores que permita aplicar essa pressão alta. Acho que Roger Schmidt também precisa de melhorar a comunicação, que tem criado muitos anticorpos com os adeptos. É preciso melhorar algumas condições, mas depende da administração.
Volto a dizer, não me parece que um bom gestor invista tanto num treinador e de repente, por haver maus resultados e porque os adeptos estão descontentes, o deixe cair. Há exemplos de treinadores que tiveram anos que correram mal e depois conseguiram dar a volta à situação.
Acho que tem muitas limitações, as mesmas de há um ano, talvez não tivesse renovado e pelos valores que foram, é a única diferença. Assim, terminaria o contrato esta época e depois logo se tomava uma decisão para o futuro.»