50m 'impossíveis' do recorde de Mollie O'Callagahn

Natação 50m 'impossíveis' do recorde de Mollie O'Callagahn

NATAÇÃO26.07.202320:56

Depois da queda do máximo de Michael Phelps aos 400 estilos, dois dias como o recorde mais antigo do mundo em atividade foi o que durou os 1.52,98m que a italiana Federica Pellegrini havia fixado aos 200 livres a 29 julho de 2009, durante o 13.º Campeonato do Mundo. Última vez que no evento se utilizou os polémicos fatos voadores.

Esta quarta-feira, no quarto dia do 20.º Mundial de Fukuoka em natação pura, a australiana Mollie O’Callaghan não só derrubou a marca da diva transalpina ao parar o cronómetro em 1.52,85m, como teve a proeza de bater, por 0,16s, a compatriota Ariarne Titmus (1.53,01), campeã olímpica em Tóquio-2020 na distância e que dois dias antes ganhara os 400 livres com novo recorde mundial.

O bronze, esse foi entregue à jovem canadiana, de 16 anos, Summer McIntosh, que ao registar 1.53,65m melhorou o já seu melhor tempo mundial júnior e finalmente subiu ao pódio no Japão.   

O recorde de Michael Phelps, que havia sido estabelecido nos Jogos de Pequim-2008 aos 400 estilos e agora foi apagado pelo fenómeno francês Leon Marchand, havia resistido 20 anos e 342 dias. Pode já não está em vigor, mas continuará a ser, pelos anos mais próximos, o que mais tempo durou na história da natação.

A marca de Pellegrini tomara-lhe o lugar no ranking das marcas mais antiga ativas, mas, afinal, não por muito tempo. Curioso é que O’Callaghan até esteve em risco de não nadar no Mundial devido a cinco semanas antes ter deslocado um joelho e ainda estar a recuperar da lesão.

«Nem sabia como é que iria competir. A preparação para aqui foi de altos e baixos, pareceu uma montanha-russa. Primeiro por estar magoada e depois ainda tendo de ir ao trials e tudo o resto», contou a nova campeã, que sucede à chinesa Yang Junxuan, ouro em Budapeste-2022. Edição em que Mollie terminou no 5.º lugar.

Agora ela e Federica são as únicas a terem percorrido a distância abaixo dos 1.53m e no seu palmarés este é o segundo ouro a nível individual. O outro foi nos 100 livres em Budapeste-2022, mas em Fukuoka-2023 também já subira ao mais alto degrau do pódio nos 4x100 livres.

No entanto, existe outro facto na prova, em que Titmus fez a terceira marca mais rápida de sempre, que está a deixar os analistas perplexos. A maneira como, após fazer a viragem aos 150 metros, Mollie percorreu os últimos 50. Consegui-o em 28,11s, mais rápido que os 28,12s que o romeno David Popovici necessitou para fazer o mesmo na final do Mundial na Hungria em 2022 em que se tornou campeão e o mais veloz da história sem usar fatos voadores.

«Para ser honesta, neste momento ainda estou em choque. Antes de vir para cá tive a lesão. Por isso só esperava divertir-me e ficaria feliz com o que conseguisse fazer. Mas agora sair com o recorde mundial…é incrível!», conta.

«Não sabia que estava a andar tão depressa nos 50m finais. Apenas virei, vi as outras e pensei para mim: ‘Agora eu só preciso ir’. Não me importo com o quão difícil vá ser ou se irá doer, vou apenas puxar, e se for a última e morrer, não faz mal, dei tudo o que podia», finalizou O’Callaghan que entre os últimos 25 e 15m parecia não ter qualquer hipóteses de chegar ao título.

Na jornada de hoje ainda outros dois destaques. O primeiro para o gaulês Leon Marchand, que desta feita agarrou o título dos 200 mariposa para juntar aos dos 400 estilos e promete estar na luta para fazer o mesmo aos 200 estilos na final de amanhã.

O segundo, para a conquista do ouro nos 800 livres pelo tunisino Ahmed Hafnaoui (7.37,00) - havia sido prata nos 400 livres - numa prova verdadeiramente ganha ao sprint e que desde o início ao fim só teve três protagonistas na frente com o australiano Samuel Short (7.37,76) e o americano Bobby Fink (7.38,67).