Volta a Portugal A lesão do triunfador lá no alto e a alegria do virtual vencedor da montanha

MAIS DESPORTO19.08.202321:14

Após vencer, no alto da Senhora da Graça, a 9.ª e penúltima etapa da Volta, o australiano James Whelan (GlassDrive-Q8-Anicolor) revelou aos jornalistas que a chance de vencer a prova foi hipotecada na primeira semana por «uma lesão na perna esquerda», da qual o corredor do hemisfério sul, de 27 anos, nascido em Melbourne, só agora diz estar completamente recuperado.

«A minha equipa foi fantástica no trabalho. Tudo o que tive de fazer foi apertar no fim da subida e dar o meu melhor. Conseguir fugir ao grupo da frente, sabia que poderia ser a minha chance neste dia, e é uma sensação muito especial vencer na Senhora da Graça. Por isso estava a chorar no final, quando cortei a meta. A minha confiança foi incrementada por Rúben [Pereira]. Por isso é tão especial para mim», começou por dizer o mais rápido a escalar o Monte Farinha, e é agora oitavo da geral, a 2m58s de Colin Stussi.

Perante uma demonstração de classe como a que deu, a pergunta era… por onde andou, noutro nível alguns furos mais abaixo, na primeira semana da Volta, uma vez que era, à partida, apontado como um dos integrantes do ‘quarteto fantástico’ da GlassDrive (Maurício Moreira, James Whelan, Frederico Figueiredo e Artem Nych] de candidatos a vencer a Volta. E o australiano admitiu-o: foi aí que hipotecou chances de lutar pela vitória na geral.

«Sim, podia ter feito melhor na primeira semana da Volta. Nas duas primeiras etapas de montanha a sério, na Torre e na Guarda, tinha um problema na perna esquerda que não me permitiu acompanhar o ritmo. Não pude acompanhar os da frente. Está resolvido, felizmente… mas é tarde demais para tentar vencer a Volta, perdi demasiado tempo na classificação geral. A ideia era ter uma ‘frente de ataque’ dos quatro, eu o Fred[erico Figueiredo], o Artem [Nych] e o Maurício [Moreira]. Mas esses dois dias com o problema clínico acabaram com as minhas aspirações», disse Whelan aos jornalistas.

Uma lesão a que Rúben Pereira, diretor desportivo da formação de Águeda, deu uma achega: foi causada por a mala do australiano se ter, revelou o timoneiro da equipa depois, ainda na zona mista a 947 m de altitude na Senhora da Graça, extraviado na viagem da Austrália até este retângulo à beira-mar plantado.

«Tivemos de lhe comprar coisas, incluindo uns sapatos novos, aos quais não estava habituado, o que acabou por lhe causar esse problema na coxa, que já está resolvido», explicou Rúben Pereira, «feliz» pela vitória de Whelan, mesmo se, admitiu, «o objetivo era que o Artem [Nych, era segundo antes da tirada] perdesse o menos tempo possível nesta tirada».

E é no russo, que já andou de ‘amarelo’ na Volta, que o ‘maestro’ da GrassDrive aposta as fichas todas para o ‘crono’ final, em Viana do Castelo, de 17,4 km, com uma subida final de três km no empedrado dos paralelos em Santa Luzia. «Como ele é pesado, pode correr bem para o Artem [Nych]». E depois de ter quatro candidatos à vitória individual à partida, promete que irá felicitar o vencedor, mesmo de outra formação, «há que saber ganhar e perder».

Já César Fonte, de 36 anos (Rádio Popular-Paredes-Boavista) assegurou este sábado a conquista virtual do prémio da Montanha – e a respetiva camisola branca às bolinhas azuis (salvo se não concluir o contrarrelógio final e desistir) – na 84.ª edição da Volta, e não cabia em si de contente no final da 9.ª e penúltima etapa da prova, no alto do Monte Farinha, pela alegria de entrar assim, domingo, na sua Viana do Castelo natal, desmentindo o adágio popular segundo o qual ‘santos da casa não fazem milagres’.

«É verdade, fico mais feliz por chegar a Viana do Castelo, a minha cidade, com a camisola da montanha conquistada. Com o decorrer da Volta, foi-se tornando um objetivo. Consegui conquistar virtualmente a camisola. Domingo, vou disfrutar: só tenho de chegar dentro do tempo limite do controlo para concluir a Volta com a camisola! É um orgulho terminar a Volta na minha cidade com ela», disse um Fonte muito vitoriado e com apoio no Monte Farinha.