Relatório Famalicão vs Sporting setembro 2025

Pedro Gonçalves ultrapassa Ibrahima Ba e arranca para o golo (ROGÉRIO FERREIRA/KAPTA+)

Famalicão nada ‘low cost’ obriga leão a serviço de executiva (crónica)

Pedro Gonçalves (marcou de trivela e assistiu) foi o comandante dum Sporting que já consegue ligar o piloto automático. Luis Suárez vinha embalado da seleção da Colômbia, tomou o gosto ao golo e ajudou a equipa a ultrapassar uma das mais complicadas viagens do campeonato

É sempre à partida uma das mais difíceis deslocações para qualquer um dos chamados grandes nesta Liga, mais ainda agora para o Sporting, que vinha da derrota com o FC Porto em Alvalade, trauma que durava duas semanas para sarar, uma vez que os jogos das seleções levaram internacionais e pararam o campeonato, adiando qualquer efeito do curativo.

Esperava-se por isso um leão esfomeado, ainda que limitado na baliza, porque Rui Silva se lesionou e não viajou para o Minho, dando lugar a João Virgínia, e porque Geny Catamo veio com problemas físicos da seleção de Moçambique. Mas se a mudança na baliza era contratempo inesperado, o problema na direita do ataque ajudou à expectável entrada de Geovany Qyuenda, outra alteração no onze do leão relativamente ao clássico, que ainda contou, no mesmo lado, com a entrada de Vagiannidis na vez de Fresneda – sabia-se que um dia ia acontecer…

Era à partida mesmo uma das mais difíceis deslocações dos verdes e brancos, melhor ataque do campeonato contra a melhor defesa, única equipa que ainda não sofrera golos e que em casa, em 2025, ainda não tinha perdido – 10 jogos invicta. E foi uma missão complicada que o leão resolveu, porque este Famalicão, e ao contrário do que dissera o  seu treinador, já não é uma tripulação de companhia low cost (até com alguma capacidade de investimento), é capaz até do melhor serviço de executiva e só foi contrariado porque o leão já consegue jogar muitas vezes em piloto automático e ontem com o velho Pedro Gonçalves (um golo e uma assistência) ao comando e com Suárez, vindo de quatro na seleção da Colômbia, tomar também o gosto ao… golo.

Oportunidades, golos, bom jogo…

Quem esperava um bom jogo confirmou-o depressa: aos 22’ já ambos os conjuntos tinham marcado, primeiro os da casa por Gustavo Sá aos 17’ na sequência de canto, lance que sempre ofereceu perigo na área leonina; cinco minutos depois os visitantes por Pedro Gonçalves, lançado por Quenda e a isolar-se com receção primorosa e de trivela a empatar por entre as pernas de Carevic. Antes porém, Luis Suárez de forma acrobática e Quenda isolado (6’ e 15’) quase tiveram nos pés a fortuna, a mesma que Rodrigo Pinheiro vira desviar em Mangas aos 9’. Já depois dos golos, Trincão (30’) e Justin de Haas (45+3’ e outra vez na sequência dum canto…) atiraram ao lado – 1-1 no marcador ao intervalo, 4-3 para os leões em oportunidades claras, sete lances dignos de registo na primeira parte!  

Se o Sporting estava privado de Rui Silva e Geny Catamo, o Famalicão não podia contar com Óscar Aranda, Roméo Beney (lesionados) e Léo Realpe (castigado). Mas os famalicenses souberam sempre colocar o Sporting em respeito, na defesa e depois a aprimorar-se na saída de bola, com a descida de um dos médios, sobretudo Kochorashvili, ou com Debast a procurar Quenda na profundidade.

Foi um leão mais vertical na direita e por isso com Quenda e Vagiannidis mais solicitados que tentou abrir caminhos na primeira parte mas abriu a segunda com uma vertigem pela esquerda, Kochorashvili a colocar em Mangas e este a cruzar para Quenda atirar ao poste. Também os segundos 45’ prometiam… até que Suárez, servido por Pedro Gonçalves, cumpriu aos 65’, fez o 2-1 e o Rui Borges mudou a seguir: tirou Mangas e Kochorashvili, colocou Ioannidis e Maxi, o uruguaio na esquerda, tal como o grego, e com Pote a estacionar em zona interior.

Era do Sporting o segundo tempo, o ritmo imposto como num voo em velocidade cruzeiro que os leões comandavam e que, uma vez já em vantagem, tentaram acalmar. Conseguiram-no, mesmo arriscando em demasia no último quarto de hora e sobretudo nos últimos minutos, com o Famalicão com dois pontas de lança, Abubakar e Zabiri. Ainda assim foi João Simões, entretanto entrado, a oferecer ao Sporting o lance mais perigoso nessa fase de aterragem da partida. Aterrou o leão com segurança, três pontos em viagem sempre difícil mas que relança o leão após a derrota no clássico.