Relatório Santa Clara vs Aves SAD outubro 2025
Aves SAD sem resistência ao vendaval açoriano (crónica)
Regresso do Santa Clara aos triunfos na Liga, depois de dois desaires consecutivos. O Aves SAD continua sem vencer na competição e apenas tem um ponto somado.
Ensaiado o 4x3x3 em Santa Maria da Feira com o Sp. Espinho no jogo da Taça de Portugal, Vasco Matos deu continuidade ao desenho, deixando de lado a estrutura com três centrais com que utilizou quase sempre no Santa Clara. No Aves SAD, João Pedro Sousa manteve o 4x2x3x1.
A chuva e o vento (forte) marcaram o encontro, com os forasteiros a entrarem com mais convicção. Contudo, esse estado apenas durou cerca de uma dezena de minutos, com os açorianos a dominarem depois até ao último apito de António Nobre. Ao intervalo, os dados estatísticos em remates – 14/4 – eram esclarecedores acerca dessa superioridade, mas que não se refletia no resultado, muito por culpa da (deficiente) finalização, um problema já identificado por Vasco Matos. O Santa Clara cria muitas oportunidades, mas tem sentido dificuldades em definir.
Com o vento a favor os açorianos recorreram ao tiro de longe para visar o alvo, mas todas as tentativas dessa forma saíram desenquadradas. João Gonçalves também foi um obstáculo, anulando dois remates de Vinícius Lopes, primeiro em rotação (20’) e depois em zona frontal (27’), e outro de Wendel (21’), de ângulo apertado.
Se até ao intervalo o Aves SAD tinha sido uma nulidade no ataque, o cenário não se alterou depois e essa inoperância ofensiva manteve-se até final, sem uma oportunidade criada.
É certo que o Santa Clara não teve tantas ocasiões na etapa complementar como até ao descanso, mas foi mais eficaz. O primeiro golo surgiu de grande penalidade cometida por Bruno Lourenço, com a bola a bater no braço num remate de Paulo Victor. Um momento de pouca sorte do médio, que tinha entrada três minutos antes. Serginho não vacilou e aproveitou para colocar os açorianos em vantagem. Vinícius Lopes não perdeu muito tempo e seis minutos depois aumentou a vantagem com um remate colocado junto à base do poste direito, dando seguimento a uma assistência de João Costa, sagaz a roubar a bola a Jaume Grau. Faltavam 12 minutos para o final e o Santa Clara soube geri-los sem correr riscos.
Os números do marcador refletem, por defeito, o domínio da equipa açoriana e asfixiam ainda mais o Aves SAD no último posto, ditando a oitava derrota na prova. Muito trabalho tem pela frente João Pedro Sousa.
As notas dos jogadores do Santa Clara (4x3x3): Gabriel Batista (5), Lucas Soares (5), Sidney Lima (6), Luís Rocha (6), Paulo Victor (6) Pedro Ferreira (6), Adriano Firmino (5), Serginho (6), Brenner Lucas (6), Wendel (5), Vinícius Lopes (7), João Costa (6), Gabriel Silva (5), Diogo Calila (5), Luquinhas (-) e Djé (-)
As notas dos jogadores do Aves SAD (4x2x3x1): João Gonçalves (7), Diogo Spencer (5), Sidi Bane (5), Devenish (5), Kiki Afonso (5), Gustavo Assunção (5), Jaume Grau (4), Tunde (5), Pedro Lima (5), Kodisang (5), Tomané (5), Perea (5), Bruno Lourenço (4), Rivas (5), Rafael Barbosa (5) e Nenê (-)
O que disseram os treinadores:
Vasco Matos, treinador do Santa Clara
«Primeira-parte muito forte onde conseguimos impor o nosso jogo com situações claras de golo, mas aí pecámos mais uma vez na finalização. Foi um jogo de sentido único, com muitos remates e ocasiões, nunca perdemos a paciência, mesmo criando e a não conseguindo finalizar, fomos sempre à procura continuámos a ter muita bola a circular a ir aos corredores e a criar vantagens e na minha opinião fomos uns justos vencedores. Importância da mudança tática (4x3x3) com três no meio? Quando jogamos com uma linha de cinco, também desmontamos os adversários. Estamos à procura de coisas diferentes, estamos a desafiarmo-nos também, hoje jogámos desta forma, não quer dizer que no próximo jogo seja assim. Queremos preparar a equipa para várias nuances táticas. Hoje a equipa deu uma grande resposta, deixa-nos orgulhosos, os jogadores trabalharam muito e com a utilização dos três médios pretendíamos algo diferente.»
João Pedro Sousa, treinador do Aves SAD
«As condições estavam difíceis, mas para as duas equipas. Defrontámos um adversário forte com o vento a complicar ainda mais e faltou-nos também ser mais fortes em determinadas alturas, principalmente nos últimos vinte minutos da 1.ª parte em que o Santa Clara empurrou-nos para trás e obrigou-nos a cometer erros, criando situações nos corredores que não conseguimos resolver e também na bola parada com o fator vento a favor. Na 2.ª parte não conseguimos fazer o que o Santa Clara nos fez a nós, aproveitando as condições do vento e o campo também começou a ficar mais pesado e difícil de jogar, e cometemos alguns erros devido ao estado do tereno. Depois veio o lance decisivo (penálti) que discordo. O VAR pode dizer também o que quiser, analisar 20 vezes e continuo a dizer que não é penálti. Uma equipa como a nossa que atravessa o momento que atravessa, sofrer um golo daquela forma custou um bocadinho, apesar da reação até ser positiva. Mas depois um erro individual muito grande, o Santa Clara acabou por matar o jogo.»