Relatório Santa Clara vs Arouca dezembro 2025

MT e Trezza disputam a bola. Foto: EDUARDO COSTA/LUSA
MT e Trezza disputam a bola. Foto: EDUARDO COSTA/LUSA

Devagar, devagarinho é difícil marcar um golinho (crónica)

Faltou ritmo e inspiração ofensiva às duas equipas, com as balizas sempre distantes. O nulo foi consequência lógica pelas escassas ocasiões de golo

O nulo no marcador reflete, com rigor, a aversão das duas equipas às balizas. E, sem lá chegarem e criarem oportunidades, é muito complicado marcarem-se golos. Este jogo foi a prova disso.

Sem tempo para descanso - foi o terceiro jogo dos açorianos no espaço de sete dias – e condicionado na elaboração do onze, principalmente no lado direito defensivo privado de Diogo Calila – na seleção de Moçambique – e de Lucas Soares, expulso no (polémico) jogo com o Sporting para a Taça de Portugal (que também por razões disciplinares tirou Venâncio e Paulo Victor desta partida), Vasco Matos desenhou a sua equipa em 4x3x3, com Sidney Lima adaptado a lateral direito.

Mais fresco, o Arouca apresentou-se em 4x2x3x1 e com  Vasco Seabra a mudar duas peças no onze que bateu o Alverca na ronda anterior, e que quebrou um ciclo negativo de cinco derrotas consecutivas na Liga.

Faltou inspiração do primeiro ao último minuto de Iancu Vasilica. O ritmo foi baixo e o perigo andou sempre distante das balizas, com parcas ocasiões. Até ao descanso, os açorianos importunaram Mantl num lançamento de linha lateral de Gabriel Silva, com Sidney Lima a servir Pedro Ferreira para cabecear à figura de Mantl, e em esticões de Brenner Lucas no corredor direito. Numa dessas incursões o extremo cruzou para Wendel Silva, que atrasou para o tiro de Serginho, ao lado. Duas ilustrações da maior apetência atacante do Santa Clara, que até poderia ter ido para o descanso em desvantagem. Tal não aconteceu porque Gabriel Batista cresceu e esticou-se num remate de Trezza de fora da área, que levava a direção certa.

Após o reatamento o Arouca esticou-se no terreno e começou a pressionar no meio-campo dos açorianos, dificultando a organização ofensiva do Santa Clara. Vasco Seabra tentou tirar partido do maior desgaste dos açorianos pela sucessão de jogos nos últimos dias, contudo também não conseguiu com que a sua equipa fosse incisiva no ataque. E o ritmo devagar, devagarinho, nunca deixou de estar presente e foi arrastando o jogo para o mesmo marasmo que foi a primeira metade.

Os únicos momentos emotivos surgiram perto do final. Gabriel Silva na sequência de canto de Serginho cabeceou com a bola a passar perto do poste esquerdo e nos descontos Gozalbez fletiu da esquerda para o meio e atirou em jeito ao lado da base do poste esquerdo. Estes raros registos elucidam a nulidade das duas equipas durante todo o jogo.

O melhor em campo: Brenner Lucas
Num jogo pouco intenso e sem momentos de brilhantismo, foi complicado eleger o melhor em campo. A escolha recaiu em Brenner Lucas, porque foi dos poucos que tentou dar vivacidade ao encontro, com esticões no corredor direito dos açorianos. Ao extremo também foi exigido ajuda defensiva a Sidney Lima, lateral adaptado, missão também cumprida sem reparos.

As notas dos jogadores do Santa Clara (4x3x3): Gabriel Batista (6), Sidney Lima (6), Luís Rocha (5), Henrique Silva (6), MT (5), Pedro Ferreira (6), Adriano Firmino (5), Serginho (6), Brenner Lucas (6), Wendel Silva  (5), Gabriel Silva (5), Djé Tavares (5), Luquinhas (5), Tiago Duarte (5), Vinícius Lopes (5) e Elias Manoel (-)

A figura do Arouca: Trezza
O extremo uruguaio teve papel idêntico ao de Brenner Lucas no Santa Clara, o de promover as mudanças de ritmo. Posicionado atrás de Dylan Nadín, o mais avançado dos arouquenses, esteve perto de festejar nos descontos da primeira parte num tiro de fora da área, impedido por grande defesa de Gabriel Batista. Como gosta, procurou os flancos, sempre com competência.

As notas dos jogadores do Arouca (4x2x3x1): Nico Mantl (6), Tiago Esgaio (5), Popovic (4), Matías Rocha (6), José Fontán (5), Espen van Ee (5), Pedro Santos (5), Miguel Puche (5),Trezza (6), Djouahra (6),  Dylan Nandín (5), Arnau Solà (5), Hyunju Lee (5), Fukui (-), Barbero (-) e Gozálbez (4)

O que disseram os treinadores:

Vasco Matos, treinador do Santa Clara

«Começamos o jogo de uma forma desequilibrada, com uma vantagem grande para o Arouca. Isso foi o ponto de partida, que temo de deixar claro. E quero dar os parabéns aos meus jogadores. O que fizemos, e o que nos fizeram, nesta semana, foi desumano, e nós demos uma grande resposta, com grande atitude. Era humanamente impossível fazer mais, eles deram tudo e isso deixa-nos orgulhosos e satisfeitos. Obviamente gostaríamos de levar os três pontos, mas percebo claramente que entrámos neste jogo em desvantagem. Somámos um ponto na nossa caminhada. Não foi um jogo com muita baliza e oportunidades, da nossa parte sabíamos que ia ser complicado, tínhamos de estar equilibrados, era importante também somar pontos.»

Vasco Seabra, treinador do Arouca

«Sendo honesto, penso que o resultado se ajusta. Acho que houve ligeira superioridade nossa pelas duas oportunidades que me parecem melhores, a do Trezza na primeira parte e a do Lee na segunda. Foi um jogo com pouca baliza por parte das equipas. Nós viemos de uma sequência difícil, a verdade é que temos muitos golos sofridos e a equipa precisa de ganhar consistência e por vezes resguarda-se um pouco, é normal, e naturalmente vamos crescendo com essas sensações. Vir aos Açores defrontar um adversário difícil e competente, num relvado húmido e difícil jogar em que as equipas passam aqui sempre muito mal, e nós concedemos muito pouco ao Santa Clara, o que revela também o nosso crescimento em termos defensivos. Em termos ofensivos chegamos muitas vezes perto do último terço, mas fomos pouco clarividentes e claros para criar mais situações para criar dano no adversário. Satisfeito com o desempenho e entrega da equipa.»