O telefonema de Wenger que estragou negócio português com Van Persie

Na entrevista concedida a A BOLA, Carlos e Vítor Gonçalves, da Proeleven, aceitaram um desafio de perguntas rápidas para respostas igualmente rápidas

Quantas horas falam ao telefone? Quantas horas dormem por dia? Estas foram algumas das questões lançadas aos empresários de futebol.

CARLOS GONÇALVES

Quantas horas passa ao telemóvel, por dia?

Seis a oito horas. Já passei mais, felizmente agora, como delego mais, posso passar um bocadinho menos de horas ao telefone.

Quantas horas dorme por dia, naquela reta final de mercado?

Eu já durmo pouco, normalmente: quatro, cinco horas.

É mais difícil negociar com os jogadores ou com os clubes?

Depende dos momentos, das expectativas, da altura em que estamos, da força negocial... Acima de tudo gerimos expectativas.

Qual foi a negociação mais difícil que já teve, mas que conseguiu concluir?

Foram 44 horas ininterruptas, sem dormir, na assinatura do André Villas-Boas com o Tottenham.

E qual a transferência que falhou e que ficou atravessada na garganta?

São quase todas, mas acima de tudo houve uma que, na altura, marcou bastante, porque foi praticamente no início da minha carreira. Não foi com nenhum atleta português. O Van Persie estava no Feyenoord e tínhamos tudo acordado para ele assinar pelo Sevilha, era o Monchi o diretor desportivo, mas no último minuto ligou-lhe o Wenger, e ele acabou por ir para o Arsenal.

Se pudesse representar qualquer jogador da história, quem seria?

Portugueses, vários. Mas aquele jogador que mexeu sempre comigo, até porque acho que não foi bem acompanhado: Diego Armando Maradona.

Qual o maior erro que um jogador pode cometer na gestão da carreira?

Precipitar-se em determinadas decisões. Há vários caminhos para se chegar ao sucesso e a carreira tem de ser vista como um processo.

Qual o melhor conselho que já deu a um jogador?

É isso: ver a carreira como um filme e não como um frame. É impossível avaliarmos um filme por um frame. Muitas vezes são tomadas decisões com base num treino, num jogo. É preciso dar tempo ao tempo para depois tomar as decisões mais acertadas.

Dentro do universo Proeleven, diga um jogador que se vai tornar treinador, outro que vai ser dirigente, e ainda outro que vai ser empresário.

Há vários. O David Simão tem condições para vir a ser treinador. Ou agente, se bem que depois vai ter de decidir. Diretor... parece-me que o Zeca tem estado a preparar-se muitíssimo bem para essa tarefa, ma seguramente existirão mais. E agente acho que existem vários com essa ambição também.

VÍTOR GONÇALVES

Quantas horas passa ao telemóvel, por dia?

Depende. Em alturas de mercado, sou capaz de passar entre seis a oito horas ao telefone, sim.

Quantas horas dorme por dia, naquela reta final de mercado?

Dormir também é relativo, porque o mercado... para já nós trabalhamos em vários pontos do mundo e temos de nos adaptar a esses fluxos horários. Muitas vezes começa às oito da manhã a receber chamadas e acaba à uma da manhã. Não nos vamos esquecer de outras formas de comunicar, agora com as videoconferências e tudo mais, o computador também é uma peça central no meu mobiliário.

É mais difícil negociar com os jogadores ou com os clubes?

Temos de ser equilibrados e, portanto, temos de ser bons negociadores. E depende de quem temos do outro lado. Não é a figura em si, mas a pessoa, que define o modo da negociação e a forma de negociar.

Qual foi a negociação mais difícil que já teve, mas que conseguiu concluir?

Talvez a do Hugo Vieira para o Yokohama.

E qual a transferência que falhou e que ficou atravessada na garganta?

Sem dúvida, Ricardo Horta.

Se pudesse representar qualquer jogador da história, quem seria?

Gostaria bastante de ter representado e representar o Cristiano Ronaldo.

Qual o maior erro que um jogador pode cometer na gestão da carreira?

Demasiadas expectativas em relação à realidade da sua fase de carreira.

Qual o melhor conselho que já deu a um jogador?

Ser profissional, sem dúvida. Isto é uma profissão. Não é um capricho, é uma profissão. E dar o máximo sempre. É uma carreira de curta duração, todos os treinos contam, todos os minutos no jogo contam. Olhar para todas as oportunidades com a determinação de serem os minutos mais importantes da carreira dele.

Dentro do universo Proeleven, diga um jogador que se vai tornar treinador, outro que vai ser dirigente, e ainda outro que vai ser empresário.

Treinador é o David Simão. Acho que tem perfil, acho que se está a preparar para isso. Para diretor o Zeca. Também tem perfil e está a preparar-se para isso. Agente se calhar é mais difícil, mas o Diogo Viana acho que era capaz de ser um bom agente.