Está completa a sessão de explicações de Rui Costa. O presidente do benfica abordou a continuidade de Roger Schmidt, a renovação com Di María, os estatutos do clube e a auditoria, o processo do Ministério Público, compras, vendas e muito mais.
Abaixo pode consultar pergunta a pergunta (e resposta a resposta) toda a sessão de esclarecimentos, que contou com vários jornalistas de vários órgãos de comunicação social.
Resposta: «Auditoria e estatutos são dois temas muito em voga nos sócios do Benfica, com toda a razão. Os estatutos estão prontos para ser apresentados, caberá ao presidente da Assembleia Geral marcar a data para discuti-los. Já foram aprovados pela Direção. São para entrar em vigor nas próximas eleições. Tem se falado muito de nunca mais estarem cá fora. Faz-me alguma confusão. Estando a um ano e meio das eleições nada quisemos atrasar. Quisemos fazer uns estatutos dignos do Benfica, passaram por uma série de fases, desde a primeira comissão à qual agradeço eternamente, passou para a Direção, foi pedido o contributo de todos os sócios do Benfica. Nunca houve estatutos tão democráticos como estes, criados tão perto dos sócios do Benfica. E há outro fator que as pessoas não têm de duvidar. Não há nada para esconder, nada por trás, se fosse político e não um presidente que pensa no melhor para o clube provavelmente teria feito as coisas mais à pressa e apresentado os estatutos e auditoria no ano passado. Tínhamos sido campeões, toda a gente estava feliz e passava muito melhor, do que apresentar agora, num ano mais problemático, com críticas. Se quisesse esconder alguma coisa teria pegado nestes dois dossiers à pressa e apresentado num ano muito mais favorável. Nada pode levar os nossos sócios a duvidar. As coisas serão apresentadas, discutidas e finalizadas agora. Iremos para as próximas eleições com os estatutos aprovados, se os sócios assim o desejarem, como espero. Tanto os estatutos como a auditoria nunca são dossiers oportunos para ser apresentados durante a época, por isso escolheremos o defeso para apresentação e discussão. Tem influência e escolhemos este período sem criar atrito para a equipa de futebol e modalidades.»
Pergunta final: Fez a promessa de revisão de estatutos. O que se passa?
«Em relação à Liga dos Campeões, temos várias vias para lá chegar. Uma não depende de nós: perdemos uma imediata, há outra que depende da Atalanta ficar até ao quarto lugar no campeonato. Outra depende de nós. A única convicção é que temos de estar na Liga dos Campeões. Se chegarmos à via que depende de nós [pré-eliminatória] teremos de fazer tudo para lá chegar. Queremos lá estar. Nos últimos três anos, chegámos aos quartos de final das competições europeias. Este ano não fizemos uma boa Champions e caíamos para a Liga Europa. A ambição e objetivo são estar sempre na Champions. Tudo faremos e estou mais do que certo que lá estaremos.»
A preparação da próxima época e os acertos no plantel vão depender da entrada direta na Liga dos Campeões?
«Tenho de aceitar e respeitar. Espero que o próximo ano seja mais estável. Se me pergunta se é agradável, claro que não. Não tendo sido uma época positiva, também não podemos transformar a época num caos total que leve a tanta situações como as que vivemos. Precisamos dessa estabilidade e dessa maturidade. É esse apelo que faço. Temos muito trabalho pela frente e é nisso que me quero concentrar, respeitando os adeptos, que são donos do clube. Aceito as críticas e temos de fazer melhor para não ter essas críticas.»
Ficou incomodado quando as críticas deixaram de ser dirigidas só a Roger Schmidt e passaram para si?
«Em relação às eleições, volto a dizer. Tudo o que menos me preocupa neste momento são as eleições, falta muito tempo e não estou a pensar nem em mim nem o que acontecerá nessas eleições. Tinha de ser mais político e isso não sou. O meu objetivo é dar o máximo pelo Benfica até ao meu último dia e é o que farei, e esse último dia será quando os sócios acharem que não sou a pessoa certa ou quando eu considerar que não tenho mais nada para dar ao clube, que não o consigo ajudar. Nesse dia, sou eu que levanto a mão e saio, alguém virá e eu fico a torcer por essa pessoa. Em relação a Vieira, não sou eu que decido, não faz parte do meu ideal responder sobre o que penso do futuro, sobre quem é candidato. Acho bem que haja mais candidatos, significa que o Benfica tem vida bem viva e isso é importante, mas a última coisa que tenho para pensar é quem vem ou deixa de vir. Respeitarei todas as decisões, serei o primeiro a levantar a mão no dia que considerar que não dou ao clube o que as pessoas esperam de mim e tenho responsabilidade de representar o clube até ao limite dos meus esforços. Até lá, tenho dossiês para resolver: apetrechar equipas para trazer títulos. Eleições a ano e meio de distância é algo que não cabe na minha cabeça.»
Resposta: «Schmidt nunca saiu sozinho do estádio de Vila do Conde. Saiu acompanhado pelo diretor geral do futebol, nunca esteve sozinho neste projeto. Muitos dizem que eu devia ter feito mais. Se perguntarem a Schmidt, de certeza que dirá que nunca deixou de sentir o meu apoio e apoio interno no Benfica. Não saiu sozinho, saiu acompanhado pelo diretor de futebol, eu saí pouco tempo antes dele até para sair sozinho eu, para ser eu a dar a cara se houvesse alguma coisa. Esse conflito interno não existe.»
[Não seria mais calmo saíram ambos juntos?] «E se minha saída sozinho pudesse levar foco para mim?»
Pergunta: Da perspetiva dos adeptos do Benfica, não devia ter saído com Roger Schmidt em Vila do Conde, para os verem juntos? Espera que Luís Filipe Vieira possa querer um ajuste de contas consigo? Pode querer voltar ao Benfica?
«Quem disser que em qualquer clube do mundo não pensa ter plano b ou C estará a mentir. A minha convicção é que Schmnidt é o melhor, mas mesmo em situações positivas como no ano assado tinha plano C ou D. Nunca falei com Mourinho, última vez que estive com ele foi no velório de Artur Jorge. Acho que Mourinho merece todo o respeito do mundo, ele disse que não teve conversa comigo. Tive na minha cabeça planos não vou dizer qual é a letra dele teria de dizer M de Mourinho, mas ele é treinador de elite e é inevitável que pudesse pensar nele mas a convicção foi semopre manter Roger Schmidt, que ele seria e melhor solução para o Benfica. A estabilidade é essa, queremos contrariar o historial recente de que cada campeão tem de se ir embora. Esta foi sempre minha ideia inicial.»
Rui Costa questionado se pensou em Mourinho para substituir Schmidt esta época.
«Sobre Renato Sanches, não vou falar de coisas hipotéticas. Em relação a Di María, uma das situações que nos leva a pensar que ainda é possível ficar com um jogador como Di María está relacionada com a simbiose com os jogadores jovens do plantel. Temos de ter equilíbrio entre jovens e jogadores experientes. Jogadores como Di María não impedem o crescimento de outros, ajudam ao crescimento de outros.»
Pergunta sobre a afirmação de jogadores jovens e se Di María impede essa afirmação. Questão também sobre Renato Sanches, que deu sinais que gostaria de voltar.
Paulo Gonçalves faz negócios com o Benfica?: «Negócios são sempre transparentes, nem nós temos de fazer julgamentos dos julgamentos que estão a ser realizados. Todos as transferências do Benfica são públicas, claras e não permitirei nunca, sob a minha gestão, que não se possa ter acesso a quem está a negociars. Não quero que o Benfica continue a passar por situações que não quer passar no futuro. Paulo Gonçalves foi condenado, mas o que isso representa para mim? Quais são os negócios que estão em cima da mesa que me envolvem?»
«Auditoria está finalizada, demorou mais do que esperávamos porque foram analisados 51 contratos que faziam parte do processo cartão vermelho. Está concluída, teve uma série de complementos para poder ser uma auditoria completa. Já foi apresentada à administração do clube e será agora entregue ao Ministério Público e apresentada aos sócios do Benfica como prometido. Em relação ao processo atual, referir que tudo o que está neste processo não está na auditoria, mas assim que tomámos conhecimento do processo pedimos uma auditoria nova sobre todos os contratos que possam estar incluídos neste processo.
Prestei todos os esclarecimentos, desconheço qualquer plano para prejudicar o Benfica. Não caí aqui de pára-quedas, tenho consciência plena e tranquila. Conheço muito bem o clube sei o que faço na vida, não permito que mexam com a minha honra e lealdade. Posso ter mil e um defeitos mas nunca vou permitir que possam pensar que fui desleal.
[Sai se for acusado?] Não coloco cenários desses porque não quero interferir no processo porque tudo o que disser agora iria interferir. Dito isto, estou de consciência tranquila pelo homem que sou, não permito que possa ser posta em causa a minha idoneidade.»
Questão sobre a auditoria e o processo do Ministério Público aberto, que investiga Rui Costa, Luís Filipe Vieira , Domingos Soares de Olvieira e Paulo Gonçalves
Ainda sobre o mercado: «O Álvaro está confirmado, é mais um daqueles talentos em que temos muita esperança de que tenha uma carreira muito digna. O Leandro, sim, também é jogador do Benfica. É um médio muito rotativo, muito dinâmico e vem completar o meio-campo, um espaço que nos faltava. Será mais uma solução no meio-campo. Tem uma rotatividade muito grande, uma capacidade física elevada, qualidade técnica fiável para jogar no Benfica e temos esperança de que seja um grande elemento na próxima temporada. Também temos esperança que Di María possa continuar, é verdade que já não se pode pedir a Di María que seja um jogador de sprints, mas continua a ter qualidade, os números falam por si e continua a ser titular na seleção campeã do mundo. Não é preciso dizer muito mais sobre Di María. Tenho esperança que possa ficar.»
Rui Costa confirma que Álvaro Carreras está contratado em definitivo.
«É natural, é sinal de que vivem o clube. Quando digo que não tivemos o mesmo impacto no mercado não significa que esteja a acusar o scouting, o treinador, o Rui Pedro Braz. Estou a acusar-me. Sou o principal responsável. Não há um jogador que chegue ao Benfica que, no fim, não seja eu a carimbar a situação. Não estou a pôr em causa o scouting, tenho o maior respeito e admiração pelo trabalho que tem sido feito. Estarem a sair do Benfica é prova disso. Até os scouts são contratados e transferidos, é um fenómeno novo. Soube-se de movimentações de mercado de scouts porque é o Benfica, porque não sabemos quem são os scouts do FC Porto, Sporting, Barcelona ou Real Madrid, não sabemos quantos elementos trocam durante o ano. Do Benfica soube-se. Fico feliz pelos scouts. Se foram contratados por outros clubes, pagos a peso de ouro para aquilo que é a área, é sinal de que o scouting do Benfica se mostrou interessante por algum motivo. Os benfiquistas não devem ficar preocupados com o scouting, não saíram por incompetência, nem o scouting fica vazio. É gerido, como sempre foi na minha gestão, por Rui Pedro Braz, que como diretor desportivo gere o scouting. Essas saídas são colmatadas essencialmente internamente. Quem vem de baixo está pronto para ocupar o lugar de cima.»
Pergunta: Houve saídas na prospeção do Benfica, nomeadamente o chief scout. A que se devem essas saídas? Quem vai liderar a prospeção? Os benfiquistas deveriam estar preocupados?
«Em relação ao talento, temos criado algum do melhor talento que Portugal viu nos últimos anos. Atrás de João Neves e António Silva virão mais. Sabemos da fábrica de talentos que somos e esperamos continuar a ser. Em relação aos dois e à retenção de talento, não há nada de concreto para divulgar. Não é o Benfica que tem de vender jogadores, é qualquer clube português. Não há nenhum clube português que possa sobreviver sem vendas. O que procuramos faze desde que entrei é que as vendas sejam as menos possíveis e assim irei continuar. Faremos sempre tudo para cumprir as exigências financeiras. Nuca porei o clube na posição financeira que esteve há uns anos, não sou louco para dizer que o próximo que vier que feche a porta, jamais farei isso ao meu clube. Todos os clubes têm necessidade de vender, mas a estratégia é vender o mínimo possível. Benfica nunca incumpriu com fair-play financeiro e assim vai continuar.»
«Claro que sim, fizemos tudo o que pudemos, como Grimaldo, seria descabido não o fazer, mas respeitamos que essa nossa procura possa não chegar ao máximo da carreira deles. Tudo o que fizemos não foi suficiente, quando partimos para esta época foi decisão nossa ele ficar mais um ano. Contrato que ele tem fora de Portugal é o melhor para ele agora.»
Manter Rafa era objetivo?
Face a eleições próximo ano recandidata-se? Olha para Roger como Sporting olha para Rúben, sendo Schmidt o seu Rúben? «Não quero que seja o meu Rúben, quero que seja o treinador do Benfica. Não sou o clube, sou o presidente do clube. Tenho de tomar as decisões que acho melhor. Posso estar errado, acontece e é normal. Assumo os erros. Quanto às eleições, é tudo o que menos me preocupa. Ponto 1, porque as eleições são em outubro de 2025. Ponto 2, porque estarei nesta cadeira até considerar que posso ajudar o clube, nunca agarrado a uma cadeira. Tenho paixão enorme pelo clube e carinho enorme, serei sempre o primeiro a levantar a mão se achar que não consigo ajudar o clube. O que quero é que quem se sente depois seja melhor que eu, para que possa festejar depois como adepto no Marquês. Não penso nas eleições, tenho tanto para fazer até la. Só pensarei nas eleições assim que se entender que não consigo ajudar o Benfica a conquistar o que todos ambicionam. Os sócios podem estar descansados. Não estou preso a nada sem ser ao amor que tenho por este clube»
Resposta: «São sinalizados centenas de jogadores, resta saber se naquele momento precisamos dessa posição, nós não atacámos porque tínhamos Gonçalo Ramos que saiu depois de o Sporting o ter contratado, se for ali aos armários do scouting temos Messi referenciado na equipa B do Barcelona, fala-se de erro brutal, mas nem sequer pusemos essa questão porque tínhamos Gonçalo Ramos. Isso acontece em todos os clubes. [Sobre Villas-Boas] Permita-me que hoje fale do Benfica, não temos relações institucionais com o FC Porto.»
Pergunta sobre Gyokeres no Sporting, se estava sinalizado, relativamente ao scouting do Benfica e ainda sobre Villas-Boas no FC Porto.
Sobre saídas: «António Silva e João Neves? Todos os jogadores do Benfica têm mercado. Jogar com esta camisola oferece mercado, temos muitos jogadores de eleição que têm mercado. Resta saber se é um mercado que nos interessa.»
Resposta: «Arthur Cabral considero que não foi igual ao que nós internamente conhecemos. Pode fazer mais, não é normal o ponta de lança do Benfica não ultrapassar os 10 golos numa época época e foi um problema que sentimos, daí a rotação para fazer golos, mas não foi por ausência clara de um jogador, mas, muitas vezes, por adaptações ou o que seja, recordo que Darwin não foi tão produtivo no primeiro ano, sobre Gonçalo Ramos havia dúvidas sobre se estava pronto ou não porque no ano anterior tinha marcado meia dúzia de golos, há posições muito críticas neste clube inegavelmente um dos problemas que tivemos foram os golos estrutura atacante e foi lacuna que tivemos e prejudica o resultado final. Não estou em condições de dizer quem sai, mas a equipa será reforçada meticulosamente.»
Pergunta relativamente a avançados, se vai contratar alguém.
Sobre o mercado, a resposta de Rui Costa: «Há coisas que ainda não têm resposta. Não mandamos no mercado, temos as nossas ideias, só agora vai começar a funcionar o mercado e só depois conseguiremos perceber quem sai ou entra. Temos alvos, que podem melhorar a equipa. Agora, quem sai depende do mercado e das ofertas num ano que vai ser atípico pois há Europeu e há clubes que esperam pelo final do Europeu para tomar decisões, o que não será o nosso caso. Iremos atacar o mais rápido que pudermos. Esperemos que não sejam muitas mexidas, mas vai haver.»
Resposta: «Não. Não decido tudo o que se passa no Benfica, nenhum presidente o faz, mas tenho a maior confiança nas pessoas que decidiram. Vi muita gente preocupada por João Neves ter falado depois desse jogo, naturalmente que era o capitão que deveria ter falado, mas Otamendi não poderia fazê-lo porque tinha sido expulso e não podia. Foi um jogo complicado, difícil, que nos marcou bastante negativamente na altura. Mas em relação ao João Neves, deixem-me dizer que não conhecem a personalidade deste rapaz, o perfil dele dentro do balneário. Posso dizer-vos que é bem marcante. Mesmo com a idade dele é um líder-nato. Tenho a certeza absoluta de que a posição do João a falar naquele jogo é também uma mensagem para dentro, não apenas para fora. O João não ficou incomodado por ter dado a cara naquele dia, antes pelo contrário.
Ninguém vai esquecer esse jogo, qualquer jogador poderia ter dado a cara. Ter sido o João pode ter incomodado muita gente, mas não o incomodou, de certeza, antes pelo contrário. Há mensagens para dentro que não são tão percetíveis para fora. Essa mensagem foi dada para dentro. O João agradecerá essa preocupação por ele, mas o facto de ter sido o João tem um significado muito grande e sabemos qual é. Tem muito peso no balneário e é a imagem do que queremos no Benfica.»
Questão sobre João Neves: Depois do jogo no Dragão foi João Neves quem deu a cara, num contexto pessoal muito complicado. Na altura, a decisão passou por si? O que pensa dessa decisão? Haverá consequências internas para quem decidiu que seria João Neves a falar?
Resposta: «Mais que o perfil do jogador indicado, não nos podemos esquecer que os treinadores têm as suas ideias, mas não significa que não as consigam alterar. Se olharmos para onde Schmidt mostrou grande qualidade, no PSV, aquele que até eliminámos, tinha jogadores com características completamente diferentes do que foi depois o ano dele no Benfica. Quando um jogador sai, não significa que o que entra tenha de ter as mesmas características.
Em relação a Di María, assinou por um ano porque tinha a ideia de terminar a carreira na Argentina. Por razões que conhecem, a posição de voltar à Argentina pode não estar tao delineada. Para a semana teremos uma reunião com o agente de Di María e veremos. Não consigo dizer hoje se fica ou não, quero que fique, mas para a semana logo veremos.»
Nova pergunta, discrepância entre ideia de jogo de Schmidt e as contratações e novidades sobre Di María.
Resposta: «Investimos 100 milhões, mas não para meses, foi em ativos e não foi dinheiro para a rua, os ativos estão todos cá. Temos uma panóplia de ativos abaixo dos 23 anos, capazes de gerar mais-valias desportivas e depois financeiras. E parte desse dinheiro já vem do mercad de janeiro, foi para antecipar mais valias, caso de Marcos Leonardo que vai-se impor-se de certeza. Não se pode dizer que investimos 100 milhões e não ganhámos porque eles serão mais valias.
Se vai continuar a investir tanto? O Benfica não vai investir todos os anos 100 milhões de euros, não se esqueça que fizemos em dois anos uma completa remodelação paria criar núcleo jogadores experientes como Otamendi, Rafa, Di María, Rafa, Aursnes e com jovens que poderão crirar mais valia desportiva e depois financeira, muito desse financiamento foi feito para isso. Se virem as médias ideias em dois anos a remodelação teve um sentido. Quando se fala em 100 milhões, percebo que se pense que é para ganhar tudo, mas o que fizemos foi antecipar agora porque se não atacarmos agora perdemos os jogadores»
Pergunta sobre erros do Benfica e possíveis investimentos.
«Não digo que temos de atirar para trás das costas tudo o que se passou este ano, porque não se atira nada para trás das costas nem se mete nada por baixo do tapete. Mas digo que vamos começar do zero uma temporada e que é necessário que comecemos a época num bom espírito, com a convicção de que poderemos lutar por títulos e de que estaremos melhor que esta época, disso não tenho dúvida. Temos de acreditar porque é uma realidade. Quem trabalha comigo e quem trabalha com Roger Schmidt, os jogadores, acreditam muito no que estou a dizer. Não tomava esta decisão se percebesse que a equipa não estava com ele, que a estrutura não estava com ele, se ele não estivesse completamente inserido no clube, se não percebesse as necessidades e exigências do clube, o que funciona melhor para o clube… Muito depressa esquecemos as coisas bem feitas e apontamos sempre às mal feitas. Não vou passar a vida toda a pensar no primeiro ano dele, ou nos primeiros oito meses, em que foi tudo às mil maravilhas. Mas as provas e a forma como ele trabalhou e trabalha dá-me essas garantias de qualidade, de estar envolvido no projeto do clube, caso contrário provavelmente estaríamos aqui a ver passar jogadores como António Silva ou João Neves depois de um treino da equipa B. Chegou, percebeu o dinamismo e necessidades do clube, não tem medo de apostar nos nossos jogadores. Toda esta conjuntura faz-me acreditar plena e cegamente que temos a pessoa certa. Não tivemos um ano que nos permitisse estar aqui com outro sorriso, mas voltaremos a ter esse sorriso.»
Resposta: «Vamos recuar no tempo: seria mais populista, fácil e ágil mudar. Mas isso não traz benefícios ao clube começar tudo do zero outra vez, digo isto porque este treinador já mostrou qualidade. Há um ano ano atrás era endeusado por toda a gente, isso é sinal de que fez algo bem e feito e que dá garantias de odre repetir esse feito. Se não começar bem e temo que as coisas possam descambar: não tenho a menor dúvida que se trocar de treinador e as coisas não correrem bem eu seria o primeiro a ser julgado. Esta decisão foi tomada é unicamente o que acho que é o melhor. Acredito que os adeptos vão iniciar a época com a crença e o apoio que precisamos. O Benfica é o melhor clube do mundo quqndo está toda a gente junta. Quando a família está unida é muito mais difícil para o adversário. Esta decisão é em prol disso. Nada garanta que treinador novo me dê outras soluções e acredito que este treinador tem. Temos de preparar época de forma diferente, melhor, dando todas as condições para lutar por títulos.»
Não teme que o ambiente possa ser negativo logo no inicio da época se ocorrer algo de negativo?
Resposta de Rui Costa: «Falámos e analisámos sempre. Não vou esconder que me custou muito o que aconteceu no jogo com o Faarense em casa talvez por não estar habituado, não vou esconder a irritação dele e que as pessoas ultrapassaram os limites. Todos compreendemos que limites foram ultrapassados. E temos de respeitar a sua postura, foi ele que levou com garrafas, não é bonitonem agradável, ultrapassa os limites. Temos de perceber que são profissionais dos clubes mas que são seres humanos.»
Pergunta: Diz que compreende frustração dos adeptos mas disse que excederam limites. Mas não acha que Schmidt também ultrapassou alguns limites quando se manifestou contra os adeptos em conferência de imprensa?
A resposta: «Tenho o maior respeito por ele, deu-nos muito. Mas Schmidt foi prejudicado por algo que não teve responsabilidade. Vlachodimos (vi em alguns meios) percebe que não vai jogar um determinado jogo, manifesta-se contra isso e estando no mês de mercado e havendo possibilidade de encontrar solução boa para as duas partes, mas naquele momento decidimos que o melhor era a saída, havendo proposta.»
Nova pergunta para Rui Costa, agora sobre a saída de Vlachodimos.
A resposta de Rui Costa: «Vamos por partes: se a questão de Kokçu joga a 8 ou a 10, ele joga nas duas posições. No meio-campo, Schmidt encaixou a dada altura Florentino, João Neves e Rafa e funcionava, é questão de jogar quem está melhor, essa decisão é do treinador. Sobre Di María ter saído: tudo o que é Benfica é mais empolado e ele não será nem o primeiro nem o último que quando sai, o faz chateado, eu também saía, mas isso não significa consequências futuras, mas não é bonito de se ver. Quanto à relação com a comunicação social: treinadores estrangeiros passaram cá e não falam português e foram condenados por isso? Houve até boicote da parte da imprensa. Não é bonito pensar que essa exigência tem de ser feita ao extremo. Os adeptos gostariam de ouvir falar português, mas nunca houve em Portugal uma guerra tremenda como esta. Sobre ele considerar esta uma boa época, todos sabemos e assumimos em conversas internas que qualquer época que não sejamos campeões não é boa época. Não chega ganhar uma Supertaça. Mas o que ele quis dizer foi o que eu também digo: não façamos desta época a pior época do Benfica. Não foi época positiva, mas não transformem esta época numa catástrofe.»
Nova questão: Não acha que Schmidt ficou fragilizado em vários momentos da época? Começou com o caso Vlachodimos, a questão de Di María mostrar que não gosta de ser substituído e entrevista de Kokçu, acabando o treinador por passar a pô-lo onde ele quer jogar? E até o facto de ele assumir que acabou por ser uma boa época?
Questionado sobre Kokçu, Rui Costa afirma: «Não. Pessoalmente, gosto ainda mais dele hoje do que quando o vi há um ano. É um jogador com características e qualidades fantásticas, não se conseguiu expressar o potencial ao máximo, mas é inequívoco e toda a gente considera que é um jogador de nível elevadíssimo. O dinamismo e forma de jogar da equipa não beneficiaram as suas principais características. E não esquecer uma coisa. Há aqui um miúdo que acabou por se afirmar de uma forma clara que se chama João Neves e que numa circunstância de construção de equipa não conseguimos pôr 14 jogadores em campo. Podemos ter lacunas, mas não conseguimos meter 14 jogadores em campo. Isso não invalida que estejamos perante um jogador de enormes qualidade e terá, com certeza, um futuro brilhante, porque tem caráter, carisma e qualidade. É um ativo do Benfica e temos orgulho nisso.»
A resposta de Rui Costa: «Acredito que este ano tenha sido um ano de grande frustração pelo facto de as expectativas terem sido bem altas, pelo facto de termos sido campeões nacionais e começado a época com as expetativas lá em cima, começámos a ganhar a Supertaça, tínhamos trazido reforços de peso, o que permitiu pensar que a época fosse mais vitoriosa - e queríamos que fosse mais vitoriosa – que no ano anterior e, portanto, houve efetivamente frustração grande por parte dos nossos adeptos dentro da exigência que é natural no Benfica, conhecendo a casa sei perfeitamente o grau de exigência que existe ao representar este clube. Houve exibições que não agradaram, não satisfizeram e elevaram a crítica, crítica que respeito, como é óbvio, mau era se assim não fosse, mas que no fundo, como disse Roger Schmidt e como eu digo sempre, é evidente que quem está nesta posição, quem está dentro do campo, quem está como treinador e quem está como sócio, o que mais pretende para o clube é que o clube esteja unido. De certa forma, este ano na parte final isso aconteceu, nomeadamente quando o título já era uma miragem, a desilusão de sair dos quartos de final da Liga Europa também aconteceu. Tem de se aceitar que os adeptos tenham contestado e criticado a época, mas o que é certo é que vamos partir para uma época nova e tenho a certeza de que não há nenhum benfiquista que não queira começar bem e começar a lutar pelo título e que haja essa divisão quando a época começar. É a minha convicção e o meu apelo, porque, evidentemente, só todos juntos podemos alcançar alguma coisa e sabemos o quanto valemos todos juntos. Este ano houve episódios que não foram bonitos, é inegável, aceito e respeito, mas acredito que haja um limite para as contestações e que não beneficiam ninguém, principalmente quem está dentro do campo.»
Há pouco falou da exigência dos adeptos do Benfica, um dos seus objetivos foi unir os adeptos benfiquistas, mas os últimos eventos da época mostraram grandes protestos de alguns dos adeptos ao treinador e até ao presidente. O próprio treinador referiu que com este clima não se consegue vencer campeonatos. Como pretende resolver o problema?
A resposta de Rui Costa: «As garantias que ele me dá é através do trabalho dele, que conheço bem e o que ele fez há um ano. Esta equipa não teve o equilíbrio que teve a que venceu o título e uma das diferenças basta olhar para os jogos de preparação até o momento da época ele fez o mesmo número de substituições, o mesmo número de jogadores, criando rotinas e modelo de jogo e foi empolgante em dois terços da época. Mas este ano não foi possível manter a bitola. Em relação aos laterais, nós partimos para a época com dois laterais esquerdos e um lateral direito, não inventámos nada. Nós só tínhamos um lateral-direito, mas um jóquer que é Aursnes. Tivemos um problema de adaptação de Jurásek, estava a demorar a adaptar-se à responsabilidade de jogar no Benfica e tivemos um jogador credenciado como Bernat. Ele chegou com um problema em fase final de recuperação de uma lesão muscular e depois de ser extremamente avaliado. Mas o facto é que nunca tivemos Bernat. Ele chega ao Benfica com cinco anos de Bayern, do PSG, campeão da Europa… ele chega ao Benfica com mais cartel do que quando Grimaldo saiu do Benfica. Uma das razões de Grimaldo não ser convocado para a seleção espanhola era porque estava lá Bernat! Não estou a dizer que é melhor ou pior. Mas não tendo Bernat durante um ano com lesões que foram raras na carreira dele, a certa altura da época e por infelicidade nossa Bah fez meio campeonato, e deu o caso de estarmos durante a época sem laterais de raiz, obrigando Schmidt a improvisar. Isto foi um erro crasso, assumido e que nós teremos de alterar. Todas estas circunstâncias impediram que as rotinas que tivemos no primeiro ano acabassem por ser inseridas este ano. Foi quase mexer na equipa constantemente para dar equilíbrio face às nossas falhas. Se calhar devíamos ter feito mais e não conseguimos, tivemos muitos problemas, obrigámos o nosso treinador a improvisar e ser contestado sem ser responsável por isso. Não posso considerar que Schmidt seja o bode expiatório porque não foi só uma questão técnica.»
Nova pergunta para Rui Costa: Que garantias dá Roger Schmidt de que as coisas vão mudar?
A quarta pergunta: Rui Costa foi questionado se Roger Schmidt se ofereceu para sair a custo zero, ao qual respondeu que «nem sequer se pôs isso em questão, essa questão nunca esteve em cima da mesa».
A resposta de Rui Costa: «Não gostava de falar de situações que não estão colocadas. Não há essa situação e acredito até – e isso é a minha visão da pessoa, porque muito se fala do contrato e de que uma das razões para o Benfica não mudar de treinador tem a ver com o contrato – que não estivesse na cabeça dele cobrar os dois anos de contrato, se quisesse mudar agora de treinador. Mas não é uma situação que se coloque, até porque, como disse, numa conversa franca que tivemos a vontade dele é expressa, de grande dinamismo, para que a próxima época corra melhor. Está de corpo e alma neste clube, rejeitou muitas coisas para poder ficar no clube, não adianta falar de quantas coisas ou de quem rejeitou para continuar, porque acredita planeamento que pode voltar a fazer o que fez há um ano.»
Terceira pergunta: Manteria Roger Schmidt mesmo que ele lhe proporcionasse nesta altura uma saída a custo zero, sem indemnização?
A resposta de Rui Costa: «Como disse na primeira resposta, se considerássemos que a responsabilidade fosse inteiramente de Roger Schmidt talvez a situação ou posição fosse outra e se achasse que não teria condições para continuar. Este ano, não vale a pena esconder, não tivemos o mesmo acerto em termos do que demos à equipa. Este ano não conseguimos ter o mesmo acerto, sobretudo imediato, face à adaptação de jogadores, menor convencimento de jogadores. Há um ano, se se recordam, desde a primeira jornada Roger Schmidt acertou no onze e foi o onze praticamente da época toda. Este ano tivemos vários problemas para resolver ao longo da época. Houve coisas que não correram bem. Temos de assumir isso, assumo as responsabilidades. Resta-me criar as mesmas condições que criámos há um ano para desempenhar o trabalho que temos de desempenhar. É um treinador que trabalho no Benfica de corpo e alma. Não vale a pena estar a referir mas vocês [jornalistas] foram anunciado alguns clubes que o poderiam pretender. É uma pessoa honesta e se considerasse que não tinha condições para fazer o trabalho que esperamos dele acredito que fosse o primeiro a assumir isso. Para quem trabalha e convive com ele diariamente, consegue perceber a paixão e entrega que tem ao clube percebe o comportamento que os jogadores têm com ele, acreditamos plenamente, mas plenamente, que terá todas as condições para fazer um grande trabalho. O que aconteceu há um ano, quando chegou ao Benfica desconhecendo praticamente todos os jogadores e ter feito o que fez, não pode ser obra do acaso, não pode ser uma casualidade. Conhecemos o valor deste treinador, entendemos que, para dar estabilidade ao clube e equipa, Benfica não pode constantemente mudar tudo o que está envolvido, começando pelo treinador, perfil de jogadores, fazendo reset de quase tudo e não criando estabilidade para atacar títulos. Tem sido assim os últimos anos. Confio plenamente que possamos ter sucesso. Considero que com tudo o que foi feito nestes dois anos, uma remodelação quase completa do futebol profissional, nem sempre tudo corre na perfeição. Este ano não correu, temos de reconhecer isso, emendar os erros, proporcionar ao treinador que possa ter o que não teve este ano e foi obrigado a improvisar e foi prejudicado por isso. Até nisso confio no treinador. É raro o treinador que está num clube e que prefere, nos momentos negativos, ser prejudicado, dar a cara do que atacar o clube por esta ou aquela razão. Está completamente inserido neste clube, com a máxima vontade de refazer o que não foi bem feito. Houve muitas lacunas, desde logo em termos de mercado. Não conseguimos ter o mesmo impacto. Jogadores que chegaram há um ano, no ano do título, tiveram um impacto imediato na equipa, este ano não conseguimos a mesma produtividade. Isto não quer dizer que os jogadores que chegaram não têm qualidade, mas muitas vezes tem a ver com adaptações, integração no clube. A realidade é que não houve um incremento de qualidade na equipa como tivemos no ano do título. Isso foi muito prejudicial. Um dos temas mais falados, os laterais, não conseguimos colmatar a saída de um jogador tão importante como Grimaldo, em várias posições oscilámos e desde logo a ausência de títulos não passou unicamente por Roger Schmidt a ausência de títulos ou uma época menos conseguida este ano. Como disse, seria mais fácil, ágil e populista, mudar de treinador e partir para uma era nova. O nosso público, e conheço do campo à bancada, a exigência de representar este clube. Se a época não corre bem, há frustração. Não é nada de novo e é mais do que compreensível. A troca de treinador seria mais fácil, mais ágil e populista. Mas pergunto: Então se as coisas não começassem a correr bem ao próximo treinador? Alterava alguma coisa em relação à exigência do clube? Não acredito nisso porque conheço bem o clube. Agora, é preciso, de uma vez por todas, pensarmos que não podemos começar projetos anualmente do zero, mudando tudo e mais alguma coisa. Não é um treinador que tenha chegado ao Benfica e não tenha mostrado, e bem mostrado, de quanto é capaz de fazer. Este ano não correu tão bem. Acredito que vamos corrigir os erros quando partimos para esta época e que vamos aparecer mais fortes e candidatos ao título com este treinador.»
Segunda pergunta para o presidente do Benfica na mesma ordem da primeira: se já terá conversado com Roger Schmidt e que deficiências detetaram, o que há para melhorar e como vão melhorar.
A resposta de Rui Costa: «Acho que estão reunidas as condições para continuar a ser treinador do Benfica, Roger Schmidt vai continuar a ser treinador do Benfica. De resto nunca dissemos, nunca houve da nossa parte uma notícia contrária a isso. Se não considerasse que ele tivesse condições para continuar a ser o treinador, a minha opção seria outra. Seria até mais fácil e mais populista, mas acredito na estabilidade do projeto, acredito que estamos perante um treinador que mais do que deu mostras da qualidade dele. Aquilo que foi feito no passado, na época passada, não pode ser obra do acaso. Este ano efetivamente as coisas não correram como esperávamos e desejávamos e acabámos a temporada aquém do que eram as expectativas iniciais, mas não faço nem nunca farei do treinador um bode expiatório porque não foi o único responsável. Terá as suas responsabilidades, como é evidente, mas não é o único responsável e aquilo que é preciso é criar as condições necessárias e eternas para que possa fazer o mesmo trabalho que fez há um ano atrás. E é com ele que tenho a máxima convicção que o Benfica conquistará titulos para o próximo ano e é nesse sentido que já estamos a trabalhar há imenso tempo e a emendar aquilo que não ficou feito para que possamos entrar na próxima época da mesma forma que entrámos há um ano.»
Primeira pergunta para Rui Costa, se Roger Schmidt tem condições para continuar no clube.
Começa a entrevista.
Fique desse lado e acompanhe connosco, mais daqui a pouco, todas as respostas e explicações do presidente das águias.
Espera-se que Rui Costa aborde vários temas: desde a aposta na continuidade de Roger Schmidt no comando do Benfica na próxima época até a possíveis contratações e vendas no mercado de transferências.
Boa tarde! Rui Costa falará na BTV por volta das 19 horas e A BOLA acompanhará, em direto, a conferência do presidente do Benfica.