«Sporting parece forte, no fim veremos quem é o melhor»
Aursnes no dérbi, Foto IMAGO

ENTREVISTA A BOLA «Sporting parece forte, no fim veremos quem é o melhor»

NACIONAL02.01.202408:30

Fredrik Aursnes faz viagem exclusiva por ano e meio de Benfica, por méritos e deméritos da equipa, na Liga e na Champions; Também fala dos rivais e até deixa no ar um desafio

— Podemos dar início à entrevista precisamente pela quadra festiva. Como correu o seu Natal?

— Foi um bom Natal, tive os meus pais em Lisboa, vieram passar a quadra, celebrámos de acordo com as tradições da Noruega, mas não comemos 'o bacalau' [risos].

— Mas já teve oportunidade de experimentar, segundo a tradição portuguesa? Bacalhau curado e salgado em vez de fresco?

— Sim, claro, experimentei, um peixe muito bom e da Noruega, pois claro, é um bom prato.

— Passa a imagem de ser uma pessoa extremamente discreta, podemos pedir-lhe que se dê a conhecer um pouco?

— Sou uma pessoa muito calma, tento ser boa pessoa para toda a gente, considero-me uma pessoa agradável, pouco invasiva.

— E como é a sua vida em Lisboa? 

— É muito boa, gosto muito, as pessoas são muito boas, gosto da maneira de ser dos portugueses, da cidade, muito agradável, e do clube, onde passo a maior parte do meu tempo, com os jogos, e também com os adeptos. Para mim é fantástico.

— Os adeptos do Benfica reconhecem-no na rua? 

— Nem sempre [risos], posso andar em sossegado.

— Vamos recuar sensivelmente um ano e meio e abordar o momento da assinatura de contrato com o Benfica. Como é que Fredrik Aursnes ficou a conhecer o interesse do clube? Ainda se lembra?

— Lembro-me perfeitamente, o meu agente ligou-me para dizer que o Benfica estava interessado, disse-me que era algo que poderia acontecer.

— Qual foi a sua reação?

— A minha reação? Foi a de quem sabia imediatamente que desejava aquilo. Para mim foi uma decisão fácil vir para o Benfica e soube a partir do segundo em que ouvi falar dessa possibilidade que queria fazê-lo. E, felizmente, aconteceu mesmo e estou muito contente, não me arrependo.

— Sente que a mudança já valeu realmente a pena?

— Claro, nunca me arrependi de ter vindo, para ser honesto tem sido incrível desde o primeiro dia.

— Depois de uma Liga dos Campeões muito boa na temporada passada, com presença nos quartos de final da competição, este ano a Champions não correu bem ao Benfica. O que aconteceu afinal que justifique a eliminação da equipa na fase de grupos?

— É uma pergunta difícil de responder. Claro que não estamos felizes com a nossa performance na competição, era, obviamente, um grupo duro, mas foi um bocadinho dececionante a forma como jogámos, sobretudo nos dois jogos com a Real Sociedad [Benfica perdeu no Estádio da Luz, por 0-1, e depois em San Sebastián, por 1-3] e talvez na partida com o Inter em Milão [derrota dos encarnados, por 0-1]. Penso que foram jogos abaixo do nosso nível, foi muito dececionante, mas no final tivemos de aceitar a situação e tentar tirar o máximo partido da situação. No último jogo da fase de grupos precisávamos de vencer o Salzburgo fora de casa por dois golos e felizmente conseguimos fazê-lo, penso que tentámos manter-nos unidos e fazer as coisas da melhor maneira possível. Agora estamos na Liga Europa, que é também uma boa competição. É verdade que não é a Liga dos Campeões, mas temos de aceitar as coisas e tentar fazer o melhor possível.

— E o Benfica chegou precisamente duas vezes a finais da Liga Europa depois de ter saído da Liga dos Campeões na fase de grupos, como terceiro classificado.

— É o objetivo. É um sonho. Mas na realidade temos de pensar em dar um passo de cada vez, até porque na Liga Europa também há muitas equipas boas em competição. É possível, sim, mas é um longo caminho e, como já disse, temos de dar um passo de cada vez.

— E que opinião tem do adversário que calhou em sorte ao Benfica, a equipa francesa do Toulouse? Ou é ainda muito cedo para pensar no adversário da Liga Europa, tendo em conta que as partidas estão agendadas para fevereiro?

— Sim, na verdade os jogos são apenas em fevereiro e para ser honesto ainda não sei muito sobre eles, não vejo assim tanto futebol francês, mas, claro, passou a fase de grupos [segundo classificado do Grupo E, atrás do Liverpool] e isso mostra que é uma boa equipa. Nesta altura acredito que na Liga Europa já só restam equipas boas e temos sempre de respeitar os adversários e serão obviamente jogos duros. 

— A pressão sobre Roger Schmidt e sobre a equipa do Benfica subiu muito esta temporada. Como lidaram com isso?

— Talvez… Penso que na temporada passada estivemos num ciclo positivo em quase toda a temporada, a jogar um futebol fantástico, tivemos uma época verdadeiramente boa. Se não olharmos somente para a Liga dos Campeões, creio que estamos relativamente bem no Campeonato, somente um ponto atrás do Sporting.

— Sente que o Benfica está a recuperar no Campeonato?

— Sim, está muito equilibrado entre as quatro equipas, mas estamos numa posição boa, faltam muitos jogos e a nossa posição é boa.

— O Benfica é o campeão, no seu entender ainda é o principal candidato ao título de campeão nacional?

— É difícil dizer, penso que o Sporting está a ir bem, FC Porto e SC Braga também, já defrontámos o SC Braga fora de casa e demonstraram que são também uma equipa muito boa [Benfica venceu por 1-0, com golo de Casper Tengstedt]. Penso que os nossos adversários são muito bons, mas nós queremos a primeira posição da Liga.

— Sensivelmente a meio da temporada, a liderança do Campeonato pertence ao Sporting. Faz do Sporting o adversário mais forte?

— É difícil dizer, na minha opinião parece muito forte, parece muito forte, de certeza que no final da temporada estará na corrida pelo título de campeão. Pela parte que nos toca, teremos de trabalhar duro e manter a equipa unida, tentar vencer tantas partidas quanto possível e no final veremos quem é o melhor.