Evanilson: «Quando cheguei, era muita correria, muita intensidade..»
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Evanilson: «Quando cheguei, era muita correria, muita intensidade..»

NACIONAL27.03.202421:15

Avançado do FC Porto lembra os primeiros tempos de dragão ao peito. Brasileiro protagoniza a melhor época da carreira, com 22 golos apontados. Depois de uma temporada marcada por várias lesões, diz que se sente «muito bem» fisicamente

Em entrevista à Sport TV, Evanilson aborda o bom momento que atravessa com a camisola do FC Porto, e fala dos primeiros passos no mundo do futebol, sem esquecer a dificuldade que foi perder a mãe em 2017, quando atuava na equipa de sub-17 do Fluminense.

«Eu quis tornar-me jogador para mudar a vida financeira da minha família. Eu queria que a minha mãe estivesse aqui também. Perdi-a quando eu era sub-17, do Fluminense. Era tudo o que eu queria, que ela estivesse aqui para ver todas estas conquistas que tive. Tenho a certeza de que ela está orgulhosa disso tudo que eu venho conquistando. eu queria desistir naquele momento em que a perdi. Era muito apegado. Até me emociono a falar disso, não gosto muito de falar sobre isso. Mas eu fui para lá, para ter com a minha família. Nunca mais queria voltar para o Rio de Janeiro. Tive muita força dos meus amigos, familiares, para que eu pudesse retornar ao futebol», realça.

Sobre a vinda para Portugal, nomeadamente para os azuis e brancos, o ponta de lança, de 24 anos, sublinha que ficou «muito feliz» quando soube do interesse dos portistas: «Quando eu soube do interesse do FC Porto, fiquei muito feliz, porque é um grande clube aqui na Europa. Pela língua também, para me adaptar mais rápido. Eu conversei com o meu empresário, e disse que se tivesse oportunidade, por mim, iria já. Eu joguei até pouco tempo no Fluminense. Não joguei nenhuma temporada na equipa profissional. Quando surgiu a oportunidade de vir para cá, eu agarrei-a.»

Evanilson foi contratado ao Fluminense em 2020 (Foto: EDUARDO OLIVEIRA/ASF)

O primeiro ano, admite, não foi fácil, mas a ajuda de Pepe e Otávio na adaptação a uma nova realidade acabou por ser decisiva: «No começo, foi aqui um ano de muita aprendizagem, porque eu não joguei muito no primeiro ano em que cheguei. Joguei mais na equipa B. O futebol era totalmente diferente aqui. Até dá para ver nos treinos. Quando eu cheguei aqui, era muita correria, muita intensidade... mas fui-me adaptando. Aos treinos, ao treinador, a tudo. O Pepe ajudou-me muito nessa adaptação, e o Otávio também. Até mesmo o treinador falava para descer para a equipa B, e para dar o meu máximo. Sempre que eu descia, ajudava a equipa B com golos. Tentava adaptar-me o mais rápido possível, para que quando chegasse à equipa principal estivesse preparado», frisa.

O avançado dos portistas deixa também rasgados elogios ao colega e amigo Francisco Conceição, que considera um «grande jogador» e «um dos destaques» da equipa azul e branca: «Eu acho que desde que ele chegou eu ajudei-o sempre, e ele ajudou-me. Aprendemos muitas coisas juntos. No primeiro ano dele, ficávamos muito no banco, eu e ele. Na maioria dos jogos trabalhávamos muito. Dá para ver que ele evoluiu bastante durante esse tempo. Está mais maduro e hoje em dia é um destaque na nossa equipa. É um grande jogador, trabalha muito forte e merece tudo isso que está a acontecer na vida dele. De vez em quando brincamos com ele. Às vezes quando estamos no balneário à espera para ir para o treino, dizemos ao Francisco 'Chama lá teu pai, mano! Está na hora'. Brincamos muito com ele, mas ele leva tudo na brincadeira também.»

Galeno, Evanilson, Francisco Conceição e Pepê festejam um golo em Arouca (ANDRÉ ALVES/GRAFISLAB)

Relação com Sérgio Conceição

«No começo era difícil. Acho que toda a gente sabe o quão rigoroso ele é com tudo. Com o peso, com os treinos, ele exige muito de cada jogador. Desde os que jogam a titulares até aos que não jogam. Ele quer que estejamos no máximo sempre, e isso foi bom para mim. Ajudou-me bastante. No começo era difícil para mim, porque mão estava acostumado a esse tipo de trabalho, que era totalmente diferente no Fluminense. Mas depois fui-me adaptando, e consegui evoluir muito com o trabalho dele. Quando eu cheguei, ele ajudou-me muito no aspeto da intensidade no jogo, posicionamento, fazer movimentos que eu nunca pensei fazer quando estava no Fluminense, até porque eu não joguei uma temporada inteira lá. Ensinou-me muita coisa, principalmente essa intensidade que tem que se pôr no jogo, esse movimento de rotura que ele nos cobra bastante, aos avançados. Fui melhorando isso, fui aprendendo muitas coisas com ele. Consegui pôr isso no meu futebol, e as coisas melhoraram bastante por causa disso.»

Evanilson com Sérgio Conceição (ANDRÉ ALVES/GRAFISLAB)

«Com o Francisco [Conceição], ou com os outros, ele cobra na mesma. Ele não te deixa acomodar, nunca. Ele está sempre ao teu lado, sempre à procura que possamos melhorar. Acho que isso é muito importante para cada jogador do FC Porto.»

Lesões

«Eu nunca tinha passado por muitas lesões assim, lesões acumuladas. Treinava, jogava, dois ou três dias depois lesionava-me outra vez. Eu acho que isso não é normal. Para um jogador que quer mostrar o seu trabalho, isso é muito difícil. Mas eu tive a ajuda do mister, da equipa técnica, dos jogadores, que me abraçaram. Viam que eu ficava muito triste no nosso dia-a-dia no Olival. Mas eles ajudaram-me muito, deram-me muita força. Realmente é muito difícil este histórico de lesões que tive na época passada. Queremos estar fortes, e achamos que estamos bem, mas do nada sofremos outra lesão. Aí cai tudo de novo. É um momento muito difícil. Mas eu acho que eu superei isso, trabalhei muito. Continuei a fazer os meus tratamentos, o fortalecimento. E esta época dá para ver que não tive nenhuma lesão. Tive uma no começo, mas agora estou a sentir-me muito bem fisicamente.»

Época passada ficou marcada por várias lesões (PAULO SANTOS/ASF)

Melhor época da carreira

«Acho que está a ser uma época muito positiva para mim, individualmente. Fico muito feliz por estar a jogar e a ajudar a minha equipa de alguma forma. Fico feliz pelos golos, é fruto de muito trabalho. Eu trabalho muito bem no dia-a-dia e as coisas acabam por acontecer durante as partidas. Acho que as equipas só vencem jogos com o coletivo, um jogador individualmente acaba por não ganhar um jogo sozinho.»

Golo mais marcante

«O meu primeiro golo na Champions League foi muito importante. Contra o Sporting, lá em Alvalade, também foi muito bom. Contra o Benfica, também aqui os dois golos que eu fiz. O clássico é bem mais especial. A vibração é muito diferente no estádio, é incrível, ainda para mais aqui no Estádio do Dragão.»

Hat-trick na Liga dos Campeões, diante do Antuérpia

«Foi um dos meus momentos mais felizes no futebol, se não o mais feliz, fazer três golos numa competição muito importante. Todos os jogadores querem jogar [a Liga dos Campeões] e têm um sonho de jogar. Fiquei muito feliz, acabei por nem dormir naquela noite. Fiquei acordado, todo a gente mandou-me mensagem, por receber aquele troféu daquela bola da Champions League. Guardei-a, claro. Todos os jogadores a assinaram. Está guardadinha lá em casa. Fiquei muito feliz.»

Meias-finais da Taça de Portugal

«É um título que estamos a disputar também. Acho que vamos estar fortes nestes dois jogos contra o Vitória, para que possamos chegar ao nosso objetivo, que é a final.»

Maiores ídolos

«No futebol, o meu ídolo sempre foi o Cristiano Ronaldo. Sempre gostei dele. Quando eu era pequeno, quando morava no alojamento do Fluminense, assistia aos jogos do Real Madrid, e sempre fui muito fã dele. Os adeptos do Fluminense começaram com a alcunha do 'Lewanilson', quando eu subi da formação para o profissional, porque eu fiz uns golos também, quando eu estive lá no começo, daí eles me apelidaram com isso. [Robert Lewandowski] é um grande jogador também, um dos meus ídolos também. Para mim é um dos melhores avançados do futebol mundial.»

Adversário mais difícil que enfrentou desde que chegou a Portugal

«Eu jogo no FC Porto, jogo numa equipa grande. Eu não posso temer nenhum adversário, nenhum central.»

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