«O Benfica está de uma forma diferenciada no futebol feminino»
Entrevista a Jéssica Silva.

ENTREVISTA - DIA DA MULHER «O Benfica está de uma forma diferenciada no futebol feminino»

FUTEBOL FEMININO08.03.202409:30

Entrevista a Jéssica Silva, jogadora do Benfica e da seleção nacional

Tiveste várias experiências a jogar lá fora e, quando regressas, é ao Benfica. Que futebol feminino encontraste ao regressar?

É o futebol feminino noutra dimensão, noutro patamar, basicamente é fruto do trabalho dos clubes. Naturalmente, o Benfica está de uma forma diferenciada no futebol, porque é o clube que mais investe, é o clube que melhores condições dá às jogadoras. Eu sou uma jogadora privilegiada, mas é importante falar dos outros clubes, como o Albergaria, que sempre teve futebol feminino e que anda aqui a trabalhar, mas que realmente não tem oportunidade para dar melhores condições às jogadoras. Quando saí de Portugal era impensável ser profissional em Portugal. E a verdade é que esse caminho foi feito, e em pouco mais de 5 anos o futebol feminino em Portugal está a crescer de uma forma muito rápida. Espero que continue a crescer, mas a fazer o caminho certo. Foi isso que também me fez voltar porque o projeto do Benfica é imenso, mas ao mesmo tempo por ajudar no desenvolvimento do futebol feminino em Portugal.

 E agora jogas na Liga dos Campeões pelo Benfica, que era algo ainda mais impensável do que ser profissional por cá.

Tal e qual. Nem a sonhar isso era possível e agora estou a viver um sonho. Agora estou a representar o meu clube na Champions. É algo que eu não sei explicar. Só estou a viver o momento… É algo que me deixa muito feliz.

Aos 29 anos, e nesses sonhos todos de jogadora profissional, em que gaveta está guardado o sonho de ser mãe?

Já esteve mais longe, mas é um sonho que eu quero muito realizar. É algo que tem de ser pensado, mas já está aqui meio que delineado e quando eu quero muito eu faço as coisas acontecer.

 Será antes de acabares a carreira ou queres conciliar as duas coisas?

O que eu pretendo mesmo é ser mãe, dedicar-me 100% ao meu filho, ou à minha filha, e deixar o futebol.

 Portanto, será só depois da carreira. Gostavas de jogar até que idade? Não vou chegar aos 38 anos como o Cristiano (Risos) Não vou dizer que vou jogar até onde as minhas pernas me permitirem, mas sei que não tenho assim tantos anos pela frente. Tenho outros objetivos e sei que desempenhar um papel fora das quatro linhas também é importante. Esta é a minha convicção, portanto não sei dar uma resposta.

O que é que gostavas de conquistar no tempo que te falta no futebol?

No imediato, gostava muito de passar os quartos de final da Champions pelo Benfica e quero muito apurar-me para o Europeu de 2025.

 O que é que te falta de ter na palma da mão?

Ainda faltam um par de coisas… (Risos) Eu já tenho a mão, mas tenho medo que ela fuja de vez em quando, que é a minha liberdade. Eu sou um ser tão livre e às vezes custa-me sentir-me meio presa. Sinto a liberdade a escapar-me da mão e custa-me um bocadinho. É uma luta que tenho para ter na palma da mão a minha a liberdade.