«Melhor presente que me deram foi inscreverem-me nas escolinhas do Benfica»
Bernardo Silva, figura de 2023 para A BOLA (Foto: Adrian O'Toole)

BERNARDO SILVA - FIGURA DO ANO 2023 «Melhor presente que me deram foi inscreverem-me nas escolinhas do Benfica»

INTERNACIONAL27.12.202310:30

ENTREVISTA EXCLUSIVA - No futebol atual, é importante reagir de imediato. Foi o desafio que colocámos a Bernardo Silva. Número 20 no Manchester City, o português respondeu a 20 perguntas rápidas sobre vários temas.

- O que fizeste com o dinheiro do primeiro salário?

- Já não me lembro. Provavelmente, meti logo nas poupanças, porque sempre fui muito poupado. Meti na minha conta para ter um folguinha, para mais tarde usar se precisasse.

- Qual é o guarda-redes que mais te irrita?

O guarda-redes que mais me irrita? Provavelmente… Não sei responder. Diria um guarda-redes a quem nunca marquei. Diria o Buffon, porque me eliminou duas vezes da Champions League quando eu estava no Mónaco. Agora já não vou ter a oportunidade de consegui-lo… Era sempre ele que me tirava da Champions, quando eu estava no Mónaco.

Bernardo Silva, ao serviço do Mónaco diante do Benfica (0-0), na fase de grupos da da Liga dos Campeões de 2014. (Foto: André Alves/ASF)

- Qual a viagem que tens mesmo de fazer?

- A viagem que gostava de fazer seria entre o Brasil e o Japão. Brasil por razões óbvias, porque falam a nossa língua e também por razões musicais. Adoro a música, adoro a cultura, são um povo divertido. E por serem tão próximos de nós, por razões óbvias. É uma cultura de que ouvimos muito e conhecemos muito quando somos pequeninos e, como tal, tenho muita curiosidade. O Japão, porque toda a gente diz que é dos países mais completos, que tem de tudo, desde a comida fantástica à cultura. Tem praias, tem tudo. Adorava. Sei que a viagem é longa, para aí três semanas para percorrer o país, mas adorava fazê-la.

- Quem escolheu o nome da Carlota?

- Foi metade, metade. Fomos os dois. 

- Consegues ter amigos fora do futebol?

- Consigo. Grande parte dos meus melhores amigos é toda fora do futebol. 

- Em que língua falas no balneário?

- Normalmente inglês, para toda a gente perceber, mas inglês, espanhol, antes um bocadinho de francês também porque me dava muito bem com o Mendy, com o Mahrez… Falo muito português com o Rúben, com o Matheus agora, mas normalmente inglês.

- Chalana ou Eusébio?

- (Hesita) Chalana! Não consigo escolher, mas o Chalana faz parte da minha vida pessoal também, por isso Chalana.

Bernardo Silva, com Fernando Chalana, no lançamento da biografia da velha glória dos encarnados no camarote presidencial do Estádio da Luz. no dia 18 de novembro de 2019. (Foto: ASF/Sérgio Miguel Santos)

- Queres ser presidente ou treinador? Já começaste a pensar nisso?

- Treinador. Primeiro, treinador. Não, eu tenho… eu gosto muito de futebol. E gosto muito de pensar o jogo. E gosto muito da parte tática. Não sei se mais tarde vou ter paciência para ser treinador, porque é preciso paciência para lidar com 20 e tal miúdos, todos com personalidades diferentes. Não é fácil.

- Não pensaste ainda no curso…

- Não, não. Mas acho bastante provável. Porque toda a gente diz que quando se deixa o futebol se fica com muitas saudades passados dois ou três anos. Por isso, é possível.

- Este ano vais desmontar a árvore de Natal?

- A árvore de Natal já foi desmontada pela minha mulher há uns anos. Agora, já não a monto há três anos também. Dá muito trabalho. 

- Qual foi o pior e o melhor presente que recebeste?

- O melhor presente foi quando me inscreveram nas escolinhas do Benfica quando tinha seis ou sete anos. Portanto, foi o meu início de futebol um bocadinho mais a sério, tirando o de escola e de rua. O pior presente? Acho que não tenho nenhum pior presente. Sei que é um grande cliché, mas a intenção é que conta, portanto não consigo pensar num pior presente.

- Assinas o teu nome nos autógrafos ou rabiscas qualquer coisa?

- Assino o meu nome. 

- Continuas a ter só uma tatuagem?

- Só uma tatuagem.

- Gostas que te chamem Messi do Seixal ou preferias ser o Ronaldo de Manchester?

- Risos. Não gosto de nenhum dos dois. Porque são comparações sempre… Gosto de ser o Bernardo. Claro que é um orgulho às vezes compararem-me com um jogador ou outro, mas não gosto de nenhuma dessas alcunhas.

- Continuas a ser um betinho?

- Há pessoas que dizem que sim. Mas acho que com as experiências que tenho na vida, de vários meios diferentes, sou um misto de tudo.

- Ainda vais de Smart para os treinos?

- Em Portugal, sim, sobretudo quando estou no centro da cidade, porque é muito mais fácil estacionar. Mas se estiver com a minha filha, não, claro.

Bernardo Silva no Marselha-Benfica (2-1), particular de pré-epoca realizado em Clermont-Ferrand, França, a 23 de Julho de 2014. (Foto: ALEXANDRE PONA/ASF)

- Escolheste o Benfica para ser do contra?

- Para ser do contra não, porque o meu pai também é benfiquista. A minha mãe é que é sportinguista. Do lado da minha mãe são todos sportinguistas, só que o meu pai é benfiquista, levava-me aos jogos, e a influência, felizmente, ficou lá. 

- Tens alguma superstição?  

- Não.

- Qual foi o maior desafio como pai?

- Não tive muitos. Os primeiros meses… O primeiro mês foi difícil, porque ela nasceu em Portugal e nas primeiras semanas não é muito recomendável viajar. Ficar longe dela nas primeiras semanas foi duro, mas não considero isso um grande desafio, porque a miúda é saudável e é feliz, e é supercalma, porta-se bem. Tem sido impecável.

- Esperas algum? 

- Espero muitos, obviamente. Ser pai é isso. Até agora tem sido bastante tranquilo, mas calculo que haja momentos bastante difíceis também.