Ainda a polémica nos Açores: «Não tínhamos autorização clínica para jogar»

Voleibol Ainda a polémica nos Açores: «Não tínhamos autorização clínica para jogar»

VOLEIBOL29.03.202309:51

O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Voleibol (FPV) já terá notificado o Sporting para que o clube de Alvalade apresente defesa e eventual recurso sobre o jogo 3 do play-off da meias-finais da Elite da Liga Una Seguros, que não se jogou no passado domingo na casa dos açorianos da Fonte do Bastardo, Terceira, por questões de saúde. Depois caberá à FPV deliberar sobre uma eventual vitória dos insulares por 3-0 ou proceder ao reagendamento da partida sobre o qual as partes não terão alegadamente chegado a consenso.


«Sem queixas só temos o José Masso. Não sabemos quando vamos jogar, os atletas têm vindo ter com o preparador físico para ser reavaliados. Hoje [na terça-feira] foi um treino por grupos, muito limitado», explicou a A BOLA João Coelho, treinador leonino, incomodado pelas palavras da presidente do emblema açoriano que clamara inflexibilidade dos lisboetas para as alternativas apresentadas. «Agora perdemos todos, isto envergonha o voleibol», atirou o técnico.

Explicando que os «sintomas começaram na sexta a seguir ao primeiro jogo» - o Sporting ganhou o jogo 1 em casa e perdeu esse encontro no reduto dos açorianos -, Coelho referiu ter sido uma «situação evolutiva em que os vómitos e as diarreias não têm despertador». Apesar disso, a comparência de todos os jogadores no aquecimento tem uma justificação para o técnico. «Levámos todos ao pavilhão, porque ainda não tínhamos o parecer médico, mas houve atletas que já não almoçaram para evitar os vómitos. Não sabíamos, nem sabemos as causas, o que não invalidava que não estivéssemos todos KO», descreveu o treinador do Sporting.

Técnico da Fonte durante 11 anos, Coelho diz ter posto o sucessor Nuno Abrantes a par da situação mal chegou ao pavilhão. «Expliquei-lhe que a equipa não poderia ir a jogo por questões médicas, não tínhamos autorização médica. Informei-o que podíamos ter duas saídas, as dadas pela FPV durante a viagem: ou há acordo amigável entre os clubes para arranjar uma nova data ou vira processo administrativo. Não é bonito ser a uma hora do jogo, informei que não era má vontade não querer competir, mas não ia haver qualquer outra possibilidade», prosseguiu.

Seguiu-se a reunião com a presidente Nélia Nunes e o diretor desportivo Rui Gaspar, o delegado ao jogo Hélio Ormonde, a quem Coelho garante ter passado a mesma mensagem. «Disse à Nélia que o responsável clínico não autorizava os jogadores a colocarem-se em risco. Fui sempre muito claro e muito coerente», esclareceu, vincando «ter indicações para ir ao hospital», mas que queria «resolver a situação do jogo» dada a hora. «A maior parte da reunião passou pela questão de marcação de jogos. Nunca se colocou e causa a veracidade da doença ou má vontade. A Fonte apresenta uma solução de ficarmos na ilha mais um dia e jogarmos na segunda. A equipa estava cada vez pior e a data não nos parecia razoável. Além disso, a Fonte sabia que seu treinador viajava segunda para assistir o nascimento do filho, logo não estaria nos Açores», apontou.

O delegado ao jogo pressionou por uma solução e surgiu a surpresa. «Pensei que íamos comunicar às respetivas equipas o acordo, quando a Fonte voltou a dizer que tinham decidido ir a jogo. Voltaram com a decisão atrás e fiquei estupefacto».