Tiago Pereira bronze no Mundial: «Já chorei, já gritei, já ri!»
Tiago Pereira

Tiago Pereira bronze no Mundial: «Já chorei, já gritei, já ri!»

ATLETISMO02.03.202423:15

Atleta do Sporting, de 30 anos, arriscou tudo no último ensaio para conquistar a primeira medalha de Portugal no Mundial 'indoor' de Glasgow. É o quarto pódio de sempre da Seleção no triplo-salto

Não há Pedro Pablo Pichardo? Não se preocupem, houve Tiago Pereira. «Já chorei, já gritei, já ri! Já passei por isso tudo e ainda estou a cair em mim», declarou Tiago, de 30 anos, depois de, sensacionalmente, ter conquistado a medalha de bronze no triplo-salto, primeira de Portugal, no segundo dia do Campeonato do Mundo em pista coberta Glasgow-2024, na Emirates Arena.

Numa edição em que a Seleção não contava com o campeão olímpico e prata no evento em Belgrado-2022, o atleta do Sporting aproveitou da melhor maneira o último ensaio para, arriscando tudo - estava com 16,74, na única tentativa (2.º) que conseguira válido - e voar até aos 17,08m para alcançar novo recorde pessoal em pista curta e aterrar no pódio. Acabando apenas superado pelo favorito Fabrice Zango (17,53m), do Burkina Faso, e pelo marroquino Yasser Triki (17,35). Nada mau para quem há dois anos na capital sérvia não havia ido além da 11.ª posição.

«Estou muito feliz por, finalmente, conseguir materializar em resultados o trabalho que tenho vindo a fazer. Acho que lancei aqui a candidatura ao pódio europeu, quiçá ao título. Já não serei um outsider em Roma. Serei um candidato. Vou trabalhar para Roma [Europeu] e para Paris [Jogos] o melhor que posso», contou ainda Pereira que, antes do derradeiro ensaio, já havia deixado um aviso ao treinador cubano Ivan Pedroso, com quem treina desde há dois anos em Madrid.

«Sabia que podia fazer um bom salto, entrar nas medalhas. Falei com o meu treinador. Disse que ia colocar o pé para trás e arriscar tudo. Se fizesse nulo, fazia nulo. Vim para este concurso muito bem preparado. Sabia o que estava a fazer. Pensei até que ia saltar mais do que saltei. Estou muito grato pela medalha, muito feliz com o resultado», revelou ainda nas nuvens.

Apesar de já pensar nas medalhas no Europeu, Tiago terá ainda de carimbar o visto para os Jogos de Paris-2024 depois de em Tóquio-2020 ter acabado em 9.º. Mas por agora o momento era mesmo para celebrar a quarta medalha de Portugal no Mundial indoor, depois da prata de Pichardo e dois bronzes de Nélson Évora.

Mas, enquanto Tiago saltava, a Seleção ficou ainda à beira de outra medalha com João Coelho a terminar a uma posição do pódio ao registar um novo recorde de Portugal de 45,86s na final dos 400m. Prova ganha pelo belga Alexander Doom (45,25s), que superou o norueguês Karsten Warholm (45,34) e e deixou o último degrau do pódio na posse do jamaicano Rasheen McDonald (45,65m).

O velocista do Sporting, de 24 anos, superou assim o máximo nacional da distância pela terceira vez em dois dias depois dos 46,35s nas eliminatórias e 45,98s nas meias-finais que decidiram os seis homens que lutariam pelas medalhas. Este 4.º posto de Coelho igualou a melhor classificação de sempre na distância conseguida por Carlos Silva em Barcelona-1995.