«FC Porto encontra-se numa situação limite, mas, em 2028, já não é para mim»
André Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto (IMAGO / ZUMA Wire)

«FC Porto encontra-se numa situação limite, mas, em 2028, já não é para mim»

NACIONAL21.03.202407:21

André Villas-Boas defende que se rodeou das «pessoas certas», que poderão já não estar disponíveis daqui a quatro anos. Candidato à presidência dos dragões aponta que os últimos anos têm levado os azuis e brancos à «ruína financeira»

André Villas-Boas afirmou que «dificilmente» pensaria que Pinto da Costa se pudesse recandidatar em 2024. Em 2020, data das últimas eleições, o atual presidente do clube azul e branco apontou Villas-Boas como potencial sucessor.

«Dificilmente pensaria que o presidente se pudesse recandidatar em 2024. Naturalmente é livre de o fazer e eleva este desafio e o sentido de responsabilidade e exigência. A verdade é que os últimos anos têm levado o FC Porto à ruína financeira e a uma perda de competitividade desportiva. No meu entendimento, sempre pensei que não se recandidatasse. Decidi avançar com esta candidatura mesmo que ele fosse meu adversário – acho que o FC Porto precisa de encontrar um novo rumo. Vai elevar, sem dúvida, o sentido de responsabilidade e exigência, o legado que me deixa e tudo isso contará como peso premente e de pressão para fazer mais e melhor. Se isso é o nível de ser o mais titulado de sempre é difícil, mas penso estar à altura do desafio», comentou, em entrevista ao Público e à Renascença.

Pinto da Costa afirmou recentemente que a relação com Villas-Boas mudou, porque o agora seu adversário nas eleições dos dragões mudou.

«A única coisa que mudei foi relativamente à minha opinião de que enquanto o presidente for vivo deveria continuar no FC Porto. É a única mudança, o meu amor pelo clube é o mesmo e sinto-me capacitado para ser indigitado como presidente e devolver a glória aos sócios e ao FC Porto – desportiva, mas também garantir a sustentabilidade futura. A única coisa que mudou foi essa opinião relativamente a 2024, fruto do momento urgente que o FC Porto vive: cada vez mais dá a entender que o clube está refém dos interesses de outras pessoas. As decisões financeiras e desportivas são cada vez mais postas em causa, não só por esses interesses alheios, mas também por falta de planeamento e visão a curto, médio e longo prazo. Acho que o momento de mudança é agora. Os sócios têm acumulado muita frustração relativamente ao que têm sentido por parte da administração do FC Porto, por verem este crescimento de interesses e negócios paralelos relacionados com o clube, o sentido de pertença dos sócios tem desaparecido. O momento é agora», atirou.

Villas-Boas defende que se rodeou das «pessoas certas», confessando que, em 2028, já não será para ele: André Villas-Boas: «Papel de oposição caso perca as eleições? Penso que não. O FC Porto encontra-se numa situação limite, não queria estar a fugir às minhas responsabilidades, mas, em 2028, já não é para mim. Apresento-me agora com esta visão de futuro, rodeei-me das pessoas certas e que podem já não estar [disponíveis] para mim em 2028. O FC Porto, como o conhecemos, já não será o mesmo.»

Questionado sobre uma possível limitação de mandatos: «Vindos de uma direcção que esteve 40 e tal anos na presidência, eu prefiro que sejam os sócios a lançar essa limitação. Para mim faz todo o sentido. Faz sentido também que o presidente do FC Porto não seja remunerado também, assim dizem os estatutos relativamente à direcção, evidentemente são remunerados na sociedade desportiva. São temas e tópicos quentes que acho que devem ser debatidos em sede de Assembleia-Geral com os sócios, sempre com os sócios a aprovarem o que seriam as decisões tão estruturantes relativamente aos estatutos do clube.»