Tanto tempo para Amorim perceber que tanto errara (crónica)
Coates festeja o 2-2 (GRAFISLAB)

FC Porto-Sporting, 2-2 Tanto tempo para Amorim perceber que tanto errara (crónica)

NACIONAL28.04.202423:32

FC Porto aproveitou muito bem os erros iniciais do Sporting; Leão só criou perigo quando o treinador mudou; fúria de Gyokeres: 2-0 para 2-2 nos dois minutos finais

É ingrato escrever o que se segue, sobretudo para jogadores e treinador do FC Porto, que não têm culpa de erros alheios, mas parte significativa da sofrível exibição do Sporting e do bem agradável rendimento portista até aos 60 minutos tem a impressão digital de Rúben Amorim. Errou no onze inicial, errou nas primeiras substituições, demorando demasiado tempo a emendar o que, claramente, estava mal. O dragão de Sérgio Conceição, por seu lado, arrancou exibição muito sólida, mandando no jogo durante uma hora, recuando um pouco na parte final e tendo apenas dois minutos verdadeiramente trágico e até talvez imerecidos.

IMATURIDADE VS TALENTO

Qundo a ficha de jogo nos chegou às mãos, nasceu a sensação de que a defesa do FC Porto dificilmente resistiria a previsível avalancha ofensiva do Sporting: Martim Fernandes era um estreante, Zé Pedro tinha poucos jogos nas pernas na equipa principal, Otávio chegou há menos de meio ano e até Wendell, mesmo sendo internacional brasileiro, não tem rendimento muito constante ao mais alto nível. Porém, desde cedo se percebeu que, rodados ou não, com alto rendimento ou não, não seria pela defesa que o FC Porto correria perigo, pois o ataque do Sporting, até ao intervalo, foi zero. A juntar à consistência apareceu o talento de Pepê, Francisco Conceição e Evanilson e depressa o dragão de Conceição chegou à justa vantagem, após falha de Israel num lançamento com os pés.

Do lado leonino, espantava que Rúben Amorim tenha deixado tanto tempo Gonçalo Inácio como ala esquerdo, porque entrava pelos olhos que o jovem defesa era, naquela posição, uma espécie de peixe fora de água. Nem amarrava Francisco Conceição, nem lançava os mais adiantados. Não era, pois, nem Matheus Reis nem Nuno Santos. Também Diomande estava desconfortável na esquerda do trio de defesas.

A DESVANTAGEM MARCANTE

Em cima do intervalo, de novo frente a defesa demasiado macia e perturbada, Pepê concluiu a bela jogada do 2-0 do FC Porto. O intervalo trazia, pois, a novidade de vermos o Sporting de Amorim em desvantagem de dois golos. Nunca lhe acontecera. Parecia ser, psicologicamente, sobretudo por ser em casa do FC Porto, quase irrecuperável.

BRAGANÇA POR GYOKERES

O mais óbvio seria Amorim trocar Diomande por Nuno Santos e fazer recuar Gonçalo Inácio, avançado ainda com Gyokeres, talvez por troca com Paulinho. O treinador do Sporting preferiu apenas meter o sueco no lugar de Daniel Bragança (recuando Pedro Gonçalves), o qual até estava a ser dos leões de melhor rendimento. Sérgio Conceição, a vencer por 2-0 e com toda a equipa a mostrar bom rendimento, não mexeu no onze. E estava certo, claro.

A desilusão de Galeno

O plano de Amorim para a segunda metade duraria apenas 15 minutos. St. Juste esteve em altíssimo risco de ver o segundo cartão amarelo logo aos minuto 46’ e, cinco minutos depois, o neerlandês saiu para entrar Quaresma. Nada mudaria e só mudou quando, pouco depois, finalmente, o treinador dos leões fez o que parecia óbvio: Diomande por Morita (regressando a uma dupla de médios mais cerebrais) e Paulinho por Nuno Santos. O Sporting foi, progressivamente, tomando conta do jogo, embora sem criar perigo. Até que apareceram os tais minutos fatídicos para o FC Porto em que o furioso Gyokeres passou o 2-0 a 2-2.