SC Braga: Paulo Oliveira conta o que pediu Salvador ao plantel
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SC Braga: Paulo Oliveira conta o que pediu Salvador ao plantel

NACIONAL03.05.202417:15

Central falou ao ‘podcast’ da Next e relatou os momentos da saída de Artur Jorge, a entrada de Rui Duarte e de como o grupo se uniu à volta da tragédia familiar do treinador

Paulo Oliveira deu uma entrevista à Next, canal do clube, integrado num podcast em que falou do trajeto do SC Braga na Liga e das expectativas desportivas, que estão claramente definidas: chegar ao terceiro lugar. Foi o que pediu no início da época António Salvador, presidente do clube. «O terceiro lugar ou mais, até, por força das alterações no acesso às competições europeias», indicou o central.

«O nosso presidente sempre que acha necessário e de uma forma até assídua, fala connosco. Não sei se é público ou não, mas acho que também não será nada que... Não estarei a cometer nenhuma inconfidência. Ele tinha-nos proposto fazer pelo menos o mesmo resultado ou superar a época passada, porque sabemos que nesta época os acessos europeus também são diferentes. Temos de ser ambiciosos, o clube está a tentar fazer esse caminho e temos de fazer parte dele e queremos fazer parte dele. Ele vai tendo as conversas que acha necessárias connosco e é sempre importante. Chamadas telefónicas dele? A mim pessoalmente não. Não, só me ligou quando foi para me contratar», disse, entre sorrisos.

Paulo Oliveira falou sobre outros temas:

A derrota com o Benfica, na Luz

 «Temos de ser competitivos e ambiciosos. Temos de querer mais que os outros. E só assim é que poderemos ou não chegar lá, ao terceiro lugar. Acho que foi uma primeira parte, sem ser estrondosa, bastante competente. Conseguimos criar algum perigo junto da baliza do Benfica. E na segunda parte, se calhar, ficámos um bocadinho aquém daquilo que era tentar assumir um bocadinho o jogo. No final de contas, quando passámos muito tempo a defender, quando é para atacar já falta um bocadinho de discernimento e acho que pecámos um bocadinho. Nos momentos em que poderíamos ter um bocadinho mais calma, poderíamos ter controlado o jogo de outra maneira. São coisas que com o tempo temos de aprender e assimilar.»

 Olhar para cima e para baixo

 «Temos de olhar sempre para cima, sem dúvida, mas isto é como uma corrida, acho eu, não sou piloto, mas penso que temos de olhar para a frente e ao mesmo tempo não queremos ser ultrapassados. De uma coisa temos a certeza, que se ganharmos os três jogos alcançamos o terceiro lugar. Temos de ser competentes para isso, e temos de querer mais do que os outros, porque sabemos que são duas equipas, no caso desta nossa luta a três, são duas equipas que pelo seu estilo querem muito, e nós queremos muito também, portanto, vai ser equilibrado, na minha opinião.»

O dérbi minhoto a seguir ao Casa Pia

 «Vivi o dérbi dos dois lados, é verdade, e há uma coisa que é comum, acho que quem não perde o foco do jogo, normalmente, está mais perto de vencer. E é verdade que as emoções estão à flor da pele, como é lógico, não só por tudo o que se vive fora das quatro linhas, com os adeptos. É um jogo especial, sem dúvida, mas pessoalmente não mexe comigo. Agora, sabemos que o ambiente em si que é criado, as picardias, entre aspas, e no bom sentido que há nesse jogo, pode num lance haver uma expulsão, um lance mais desmedido que pode fazer o resultado cair para um lado ou para o outro. Acho que é um jogo fantástico de se viver, de se jogar.»

Nove pontos para ganhar

 «Temos nove pontos a disputar, seis deles contra adversários diretos para os objetivos que ainda temos na época. E no futebol, muitas vezes, o final é que conta, vamos ver como é que terminamos. Tivemos aqui o jogo com o Vizela, que acabámos por ganhar aos 86 minutos. Os jogos agora são até ao fim, os pontos escasseiam para os objetivos das equipas que ainda competem. Vai ser no pormenor.»

 A saída de Artur Jorge e a entrada de Rui Duarte

«Realmente foram acontecimentos algo impactantes. O caso pessoal do mister [falecimento do filho] tocou-nos a todos, é uma coisa irreparável. Estamos todos juntos nessa caminhada agora de seguir em frente. A mudança de treinador também foi, como é lógico. Tínhamos rotinas, coisas que estavam já em andamento, que de uma maneira ou de outra... A verdade é que soubemos pelo mister Artur  Jorge o que é que se estava a passar, qual seria mais ou menos o desfecho das coisas. Se me perguntas se estávamos a contar, se calhar não, nessa altura não. Na minha visão sempre foi uma coisa que eu pensei que poderia acontecer, mas no final da época. Abandonados? Não vou dizer abandonados, mas estávamos no meio de um percurso. Não vou dizer que me senti abandonado. Sei que as pessoas têm que tomar as decisões delas, e foi uma coisa que terá sido resolvida com o presidente e o presidente, mais do que ninguém, sabe o rumo que quer tomar na liderança do clube, portanto acho que é um capítulo já fechado. Agora é com o míster Rui Duarte, e no futuro com o míster Daniel [Sousa], é fazermos o nosso trabalho e tentarmos ser sempre opção e uma solução para o clube e não um problema.»

A nova dinâmica

 «Acima de tudo [Rui Duarte] tentou não fazer muitas alterações, porque temos um mês desde que tomou entrou, portanto o mais complicado é apanhar tudo. Havia muita coisa bem feita, não é?  Ele pegou muito no trabalho defensivo, trabalhar as especificidades que aparecem no jogo, muito trabalho de vídeo também, de quando fazemos o jogo no dia seguinte ou no treino seguinte, já visualizamos aquilo que fizemos no jogo, coisas boas e coisas más. Aliás até mais coisas más, mesmo ganhando os jogos, como é lógico, mais coisas más e que podemos melhorar. Tem pegado bastante por aí e, na minha opinião, acho que é uma mais-valia.

O papel de Paulo Oliveira ganhou nuances diferentes?

 «Não, porque, acima de tudo, a nível defensivo, o que estamos a trabalhar mais é a linha e o processo defensivo como um todo, ou seja, o ideal é todos sabermos o que é que cada um vai fazer. Eu sei o que tenho de fazer se o meu lateral for fazer determinada ação. É mais complicado improvisar, porque improviso eu, depois improvisa o outro e eu já tenho de tentar corrigir o improviso do outro, e neste momento acho que sinto que estamos a pensar um bocadinho mais todos dentro do mesmo, portanto, com erros como é lógico, porque não há milagres, isto é um trabalho contínuo e aprendizagem contínua

A coragem de Rui Duarte

«Eles vêm com muita vontade e muita coragem. Falou disso na primeira palestra que nos deu, foi uma palavra que me ficou na cabeça que foi a coragem, porque realmente é preciso coragem, a faltar um mês, para entrar numa equipa e tentar fazer um pouco diferente. Isso foi uma coisa que me agradou nele, e mesmo com os miúdos, porque vêm miúdos também dos sub-23 aqui de vez em quando treinar, e já nos tinham dito que era um treinador que gostava de treinar, gostava muito de treinar, do treino, da exigência diária do treino, e notamos isso nos treinos, a própria intensidade, os treinos também um pouco mais longos, mas com muito ênfase naquilo que ele acha que é a ideia que quer implementar para cada jogo. Suponho e acredito que o trabalho nas camadas mais jovens aqui do Braga está a ser bem feito.»

O convite para ir para o SC Braga

«Na altura estava em Espanha, no Eibar, fiz quatro anos lá e tinha renovado mais três. No entanto, uma das cláusulas que é normal ter em clubes da dimensão do Eibar, no caso de haver alguma descida de divisão, o contrato fica sem efeito, então fiquei um jogador livre. Tinha algumas propostas aliciantes, a nível financeiro principalmente, algumas coisas aliciantes, mas decidi esperar e pensar com calma tudo o que queria realmente fazer. O SC Braga já tinha entrado em contacto antes da minha renovação lá, um ano antes de eu vir para cá, porque sabia que ia terminar o contrato e tinha falado com o meu empresário. E pronto, a porta ficou sempre aberta. Depois, quando estava de férias, chegámos a um acordo mais sério, mas ao início dei um bocadinho de espaço para tentar perceber se realmente queria continuar fora ou se queria regressar. Com o míster Carlos Carvalhal intensificou-se e juntou-se útil ou agradável.

Chaló e Jorge Jesus

«Tive muita sorte com os treinadores que apanhei. Tive treinadores que acreditaram em mim, como o Francisco Chaló. O primeiro ano em Penafiel foi muito importante para mim, porque fui para uma Liga2 e apanhei grande grupo e bom clube e com um treinador que me permitiu fazer 42 jogos na primeira época como sénior. A nível de jogo e tático, o Jorge Jesus é aquele quem tem uma cultura tática incrível. Na seleção apanhei o mister Rui Jorge, e sem saber já estava a trabalhar muito da base de Jorge Jesus, porque trabalharam juntos e isso ajudou-me muito quando fui para o Sporting.»