Os parabéns ao Benfica, o pedido de Martínez, 'todos os filhos' e o Vizela: tudo o que disse Sérgio Conceição
Sérgio Conceição (IMAGO)

Os parabéns ao Benfica, o pedido de Martínez, 'todos os filhos' e o Vizela: tudo o que disse Sérgio Conceição

NACIONAL15.03.202413:12

Treinador fez a antevisão do encontro com os minhotos para o campeonato

-- O FC Porto vem de um jogo desgastante. Isso pode levar a alterações àquela que tem sido a base? O que espera do Vizela?

-- Antes de começar, foi uma manhã difícil, com uma indisposição que tive, mas que agora está a melhorar. Em relação ao jogo passado, faz parte daquilo que é a nossa vida de profissionais de futebol. É verdade que temos o sentimento de alguma injustiça perante uma equipa que teoricamente era mais forte que nós a nível individual. Ninguém apostava se calhar em duas prestações fantásticas como tivemos, mas o futebol é um recomeçar constante e isso já passou. Agora é olhar para o que falta. Nove jogos de campeonato, dois e esperemos que três da Taça de Portugal, e é enfrentar cada jogo como se fosse o último. É isso que vamos fazer perante um Vizela que tem diferentes objetivos à medida que isto vai caminhando para o final, onde os jogos ganham o seu peso e dimensão para todas as equipas, principalmente para as que estão lá em cima e lá em baixo.

-- Tirando o jogo frente ao Benfica para o campeonato, FC Porto da Champions foi sempre melhor do que o do campeonato? Como se explica isso?

-- São contextos diferentes. Jogos diferentes, caraterísticas próprias. Isto vem um bocadinho ao encontro do que tenho dito nos últimos anos, que o mais difícil para o treinador é trabalhar o plano mental nesta nova geração. Todo um trabalho tem de ser feito para os jogadores perceberem que cada dia é um dia muito importante para se melhorar, evoluir, alimentar essa competitividade que tem de existir dentro de cada um e depois com os outros. As coisas boas que há uns anos essa geração tinha era exatamente isso. Uma mera peladinha era para ganhar, era no limite. Com a qualidade e talento que existe hoje, se juntarmos essa atitude competitiva - e temos o caso de alguns jogadores que fazem carreiras longas e de grande nível -, isso é que é importante. De há um tempo a esta parte a equipa tem atingido um patamar muito positivo, mas claro que nem sempre é perfeito. Queríamos ser eficazes em todos os momentos do jogo. Nem sempre foi possível, mas vamos atrás dessa estabilidade e de permitir à equipa que esteja sempre no máximo, no limite, porque dar tudo não basta. Ir ao limite é o mínimo e tem de ser assim em todos os jogos, competições e em todos os dias.

-- Só com o Benfica na Europa, muda algo no campeonato?

-- A nossa convicção é que acabamos a época de forma muito forte, mesmo no ano passado fizemos a melhor 2.ª volta de sempre e não chegou para ganhar o título. Tem a ver também com algumas mudanças que se fazem, jogadores que chegam e que têm o seu tempo normal e natural na sua evolução, mas essa evolução tem de ser feita a ganhar, depois qualquer ponto perdido fica difícil. Nos últimos anos acabámos o campeonato sempre acima dos 80 pontos, e isto diz muito daquilo que é a competitividade que existe para se ganhar o título, a competição mais importante a nível interno. Esperemos que as coisas corram da melhor forma e essa evolução tem sido bem evidente para toda a gente, não só nos jogadores que jogam. Esperamos acabar a época em alta e de uma forma forte para ir à procura ainda daquilo que é possível. Temos duas competições onde é possível e é o que queremos. Europa? Sempre disse, para bem do ranking, que era bom que as competições europeias acabassem o mais tarde possível para as equipas portuguesas. Infelizmente só temos uma, mas nós temos sido quem contribui mais para esse ranking. O que queremos é que as equipas portuguesas tenham sucesso lá, e queria dar os parabéns ao Benfica pela passagem.

-- Como está a recuperação de Alan Varela... Momento de forma do FC Porto é bom, pausa para as seleções pode trazer problemas?

-- [O Alan] Fez trabalho de ginásio. Obviamente que queremos dar continuidade, queremos jogos competir, mas são pausas naturais. Acho que fazem bem, especialmente neste período com muitos jogos, com uma intensidade altíssima, neste caso no último com 120 minutos de pressão e tensão própria de eliminatória da Champions. Amanhã temos mais uma batalha muito importante e depois acho que temos uma pausa merecida, para que os jogadores que vão à seleção também encontrem ambientes diferentes. O importante é que não estraguem... No que é o baixar, o relaxar, para que depois metam a máquina a funcionar novamente a alta rotação. Esse é o meu receio, assim como uma ou outra lesão que vão acontecendo.

-- Galeno e Wendell falhar os penáltis. E Namaso queixou-se racismo. Teve de mexer com a cabeça dos jogadores?

-- Temos uma câmara de frio bem grande, vêm para fora de uma forma fantástica, limpos (sorrisos). São momentos que acontecem no futebol, ali não foi o Wendell e o Galeno a falhar, foi a equipa e eles sabem disso. Foi uma situação de jogo, algo que estava definido e eles não cumprirem... Fizeram um excelente jogo, naquela bota do Wendell e do Galeno estava toda a equipa. O principal responsável sou eu sempre, eles sabem disso. Claro que ficamos desagradados com a injustiça da eliminação, mas não passa disso.

-- O FC Porto saiu competições europeias e volta a uma realidade mais dura. Incomoda poder não estar na próxima Champions?

-- Incomoda mais alguns jogos que fizemos, jogos são dissecados pelos jogadores e pela equipa técnica, assumo uma postura que não é agradável para os jogadores, trabalhamos sobre os erros, mas a partir daí passa. Os erros servem para ser corrigidos e não acontecerem outras vezes. Quando acontecem, de forma repetida, fico aziado. Na fase final de campeonato não vou perspetivar algo de desagradável, não é justo. Vamos focar-nos no Vizela e depois fazemos as contas, tanto no campeonato como na Taça de Portugal

-- Como vê a chamada de Galeno à seleção do Brasil?

-- Fiquei muito feliz, pelo Galeno, do Wendell, uma equipa onde há tantas soluções. Fico extremamente feliz. Falei com o selecionador nacional há uns meses, onde foi pedido por ele para sensibilizar o Galeno para escolher a seleção portuguesa, contei ao Galeno essa conversa. Disse-lhe o que o selecionador tinha dito e dei a minha opinião sobre o que ele podia fazer. A jogar no campeonato português tinha mais hipóteses de ser chamado à seleção portuguesa; passaram seis, sete, outo e nove convocatórias, nunca foi chamado, e agora foi chamado à seleção do Brasil.

-- Francisco Conceição foi chamado à Seleção. Como pai, como vê essa convocatória?

-- Vejo na mesma forma e sinto o mesmo que pelo Galeno e pelo Wendell. Fico feliz por eles. O João Mário também foi convocado, às vezes puxo-lhe as orelhas, mas fico tão contente como se fosse meu filho. São todos meus filhos (risos). Não me metam em dificuldades…