1 março 2024, 00:17
Resultado bem magrinho para uma grande equipa: a crónica do dérbi da Taça
Sporting 'massacrou' durante uma hora, mas só marcou dois golos. Benfica cresceu quando (aleluia!) meteu um avançado mais puro
Antigo treinador das camadas juniores das águias falou sobre a derrota contra o Sporting, escolhas para o onze e o que esperar para o clássico de domingo
O Benfica perdeu a primeira mão da meia-final da Taça de Portugal contra o Sporting, por 2-1. Roger Schmidt viu algumas das suas escolhas serem contestadas pelos adeptos, dias antes de visitar o Estádio do Dragão, a 3 de março, na 24.ª jornada da Liga.
A BOLA falou com João Tralhão, antigo treinador de juniores no Benfica e atualmente ao serviço do Antalyaspor, como treinador-adjunto principal, para perceber o que correu mal ao Benfica no dérbi em Alvalade, que escolhas pode Roger Schmidt fazer para o onze titular, e que consequências a derrota pode ter para o jogo contra o FC Porto.
Benfica e Sporting são duas grandes equipas, com perfis diferentes, e é bom para o futebol português saber que quando há um dérbi desta natureza a incerteza do resultado é total.
— Quais os motivos para a derrota com o Sporting?
«Para já, acho que é um jogo de tripla, não é? Pode cair para qualquer um. O Benfica-Sporting é histórico, são jogos sempre muito competitivos, por vezes desequilibra para um lado e é difícil dar a volta. Ontem acho que houve duas partes distintas: na primeira, o Sporting foi superior, dominou em todos os momentos, o Benfica teve dificuldades para se encontrar e para superar o Sporting, que esteve muito bem; na segunda foi uma história diferente, o Benfica conseguiu equilibrar-se melhor como equipa e contrariar o Sporting, foi mais eficaz na pressão, e Sporting teve alguma dificuldade em sair com critério, e daí achar que o jogo foi mais equilibrado no segundo tempo, mas o Sporting foi superior no cômputo geral. Foi uma equipa mais sólida, mas acredito que a eliminatória está aberta, na Luz pode ser uma história diferente. São duas grandes equipas, com perfis diferentes, e é bom para o futebol português saber que quando há um dérbi desta natureza a incerteza do resultado é total.»
1 março 2024, 00:17
Sporting 'massacrou' durante uma hora, mas só marcou dois golos. Benfica cresceu quando (aleluia!) meteu um avançado mais puro
Neste tipo de situações, quando se perde, num clube grande, aquilo que se pretende é que rapidamente haja um próximo jogo, e quanto maior a dificuldade, mais motivação existe.
— Quem deveria jogar a lateral esquerdo, na dupla do meio-campo e no ataque?
«Eu acho que o Schmidt tem procurado as soluções mais adequadas para jogos diferentes. Parece-me que o Benfica, nesta fase da época, ainda não encontrou os dois laterais titulares, tem feito algumas modificações de jogo para jogo. Na esquerda tem tido várias opções, tem Morato, Carreras e Aursnes, com perfis diferentes. Na direita também, com Aursnes e Bah. Esta variação pode ter benefícios por um lado, pois de um ponto de vista estratégico pode criar indefinição no adversário, mas, por outro lado, não dá a consistência necessária que uma equipa precisa de ter. Entre prós e contras, ninguém melhor que Schmidt para encontrar o equilíbrio. Acho que está sempre à procura da melhor solução.»
«No meio-campo há um jogador que é sem dúvida indiscutível, o João Neves. É completo, neste momento traz tudo à equipa: do ponto de vista defensivo, consegue pressionar na frente, perseguir o adversário, junta-se à linha defensiva para ajudar a defender; do ponto de vista ofensivo, transporta o jogo com critério, é bom no passe, assiste, marca… e depois o treinador tem várias opções diferentes. Quando joga Florentino, a equipa fica mais equilibrada defensivamente e liberta o Neves. Quando joga Kokçu ou João Mário, o meio-campo fica mais criativo e imprevisível, porque Kokçu e Neves podem chegar mais perto da área. Acho que em determinados jogos é importante garantir o equilíbrio defensivo para dar mais liberdade aos jogadores criativos do Benfica, e há outros jogos em que justifica ter uma dinâmica no meio-campo e ataque que crie muita imprevisibilidade ao adversário.»
«No ataque, esta opção mais móvel, com o Rafa como falso ponta contra defesas que jogam com uma linha mais alta, pode ter algumas vantagens; com blocos mais baixos, é necessário ter um jogador mais de referência, mais perto da linha defensiva, e tanto Tengstedt como Arthur Cabral – Marcos Leonardo não conheço tão bem, não posso fazer considerações – podem desempenhar esse papel. Contra linhas mais altas, como Sporting e FC Porto, percebo a ideia por trás, tentar conquistar mais meio-campo, fortalecendo-o com João Mário, Kokçu e João Neves, e usar jogadores mais móveis na frente para criar desequilíbrios e aproveitar a profundidade. Não quer dizer que concorde ou deixe de concordar, mas, como treinador, tento perceber a ideia por trás da estratégia e respeito. Benfica tem muitos recursos, e para o treinador é bom. As decisões ainda estão para vir, Roger Schmidt tem feito mais variações e rotação que na época passada, e isso pode ter vantagens na gestão do grupo, mas desvantagem de garantir a solidez e consistência da equipa. Mas Schmidt estará consciente disso e saberá melhor que eu que opções tomar.»
11 fevereiro 2024, 09:45
João Tralhão, antigo treinador da formação do Benfica, detalha ganhos e perdas da aposta em cada um dos médios
— Que consequências terá a derrota para o clássico?
«Não acredito que tenha consequências. Estas coisas são diferentes para quem vive os grupos por dentro, como é o meu caso que sou treinador há muitos anos e percebo as dinâmicas do grupo. Compreendo que adeptos, agentes à volta do futebol, sócios, jornalistas, podem achar que esta derrota terá implicação direta, mas para quem está por dentro… num clube grande como o Benfica, estas derrotas são uma motivação extra para o próximo jogo, sempre, seja contra quem for. A derrota de ontem não é definitiva, é uma eliminatória em aberto e o resultado permite lutar, tal como o Sporting também não considera a eliminatória fechada. Neste tipo de situações, quando se perde, num clube grande, aquilo que se pretende é que rapidamente haja um próximo jogo, e quanto maior a dificuldade, mais motivação existe, e o FC Porto, Sérgio Conceição e o plantel sabem disso. Tenho a certeza que a equipa do Benfica, neste momento, deseja que chegue já o próximo jogo, um clássico de dificuldade máxima, mas os jogadores querem provar que são capazes de ganhar.»
1 março 2024, 15:33
Adeptos do Benfica serão transportados na caixa de segurança até ao Dragão e devem concentrar-se a partir das 17 horas junto ao Parque da Bonjóia