«Ganhar um jogo e até uma equipa»: a crónica do Estoril-FC Porto
Sérgio Conceição abraça Evanilson. Foto: RODRIGO ANTUNES/LUSA

«Ganhar um jogo e até uma equipa»: a crónica do Estoril-FC Porto

NACIONAL09.01.202422:57

Mexidas no onze e mudança de atitude transformaram o FC Porto. Com mais ‘artistas’ em campo, a exibição foi das melhores da época

Era um teste decisivo, não só pela competição em causa, mas pela esperada reação a uma série de más exibições e alguns maus resultados do FC Porto nos últimos tempos. Mas os dragões não deram espaço a medos ou superstições e à terceira foi de vez: venceram o Estoril, jogaram bem melhor do que até aqui e concretizaram as (inúmeras) oportunidades, às vezes até de forma exuberante. Se Sérgio Conceição tem sido questionado - e bem - pela crise de identidade da equipa, esta noite ela mostrou-se com a sua melhor cara: intensa, dominadora, por vezes até eficaz.

DOMÍNIO QUASE ABSOLUTO

Depois do empate no Bessa, e do aviso nada meigo dos adeptos, o treinador portista mexeu mesmo e, além do regresso de Alan Varela e Galeno aos seus habituais lugares, promoveu Francisco Conceição e Nico González ao onze, deixando Pepê em zonas mais centrais e com outro poder na decisão do jogo ofensivo da equipa. O FC Porto entrou então com menos medo de ter a bola nos pés e foi garantindo progressivamente o domínio da partida, sobretudo através de uma pressão alta e constante que tanto tem faltado para os lados do Dragão.

Já Vasco Seabra, vindo da goleada sofrida em Alvalade, mudou sete peças nos titulares, sem perder a identidade que levou para a Amoreira: com qualidade individual suficiente para não andar a lutar pela manutenção na Liga, o Estoril tentava assustar Diogo Costa nas poucas oportunidades de aproximação à baliza que tinha, mas também errava em zonas mais recuadas do terreno quase de forma ingénua.

Foi então que Evanilson, provavelmente farto da conversa (factual) sobre os problemas de finalização do ataque portista, quis mostrar cedo como se faz: aos 24 minutos, passe longo de Pepe, domínio de bola excelente do avançado brasileiro e um remate com demasiada força para sequer dar hipótese a Dani Figueira; e, aos 31’, de penálti. Parece que a crise de golos, afinal, pode resolver-se com a confiança de uma equipa que joga mais à bola.

FALHOU-SE MUITO, MAS EVANILSON ESTAVA LÁ

A segunda parte começou com o FC Porto a falhar mais oportunidades, com Francisco Conceição especialmente infeliz na hora de rematar. A superioridade portista já merecia mais golos, mas a baliza continua a parecer demasiado pequena para alguns jogadores (mérito, também, do guarda-redes Dani Figueira, uma das figuras da partida).

Se noutras alturas são estes falhanços que estremecem a equipa, até porque o Estoril já tinha mudado ao intervalo e colocado em campo dois nomes que já marcaram esta época ao FC Porto (Holsgrove e Rafik Guitane), esta noite houve alguém que não deixou haver dúvidas: Evanilson, que finalizou uma boa jogada do conjunto azul e branco e garantiu um hat-trick. Ainda assim, é de notar que não foi esta exibição individual a garantir a vitória portista (ainda aumentada, aos 76 minutos, por Galeno), mas sim o coletivo que até agora tardou a aparecer.

Vasco Seabra percebeu então que tinha o jogo perdido e foi só gerindo o plantel, Sérgio Conceição aproveitou para dar mais minutos, entre outros, a Iván Jaime, outra das contratações que no seu entender não são logo reforços. É que domingo há jogo contra o SC Braga e os adeptos no Dragão vão continuar a exigir exibições como esta. Já o Estoril, depois de Sporting e FC Porto, vai regressar ao ‘seu campeonato’ com um banho de golos sofridos e de realidade (joga contra o Moreirense, no sábado), mas também com a perseverança de uma equipa que não se inibe de lutar pela manutenção com um dos melhores ataques da Liga (são 30 golos marcados, quem dera aos portistas, nesta altura...)

Da Amoreira, o FC Porto sai com uma vitória contundente, com uma qualificação para os quartos de final da Taça de Portugal e, quiçá, até com uma equipa.