FC Porto: «Sérgio Conceição é muito forte e não deixa o grupo cair»

Ivanildo formou-se nos dragões e jogou sob os ordens do técnico portista no Olhanense e na Académica; esquerdino destaca a psicologia como chave; reação inequívoca diante do Antuérpia

O surpreendente desaire do FC Porto diante do Estoril, na passada sexta-feira, teve naturais repercussões no universo portista – e levou, inclusivamente, Sérgio Conceição a enviar recados para toda a estrutura no final da partida -, mas para quem conhece bem o técnico azul e branco este é um daqueles momentos em que o grupo de trabalho mais sente o carinho do técnico.

A BOLA esteve à conversa com Ivanildo, antigo profissional que foi formado nos dragões e que na época 2005/2006, então sob o comando de neerlandês Co Adriaanse, fez parte do plantel que conquistou a famosa dobradinha (Campeonato e Taça de Portugal), e que depois foi orientado por Conceição no Olhanense (2011/2012) e na Académica (2013/2014) e o esquerdino não tem dúvidas em afirmar que Sérgio Conceição tem um dom especial para lidar com as situações adversas.

«Tem uma capacidade de liderança fantástica. É muito forte na forma como lida com o psicológico dos jogadores e depois de uma derrota inesperada não deixa o grupo cair, fica ainda mais próximo dos atletas e aumenta ainda mais os níveis de motivação no balneário. Por incrível que pareça, é mesmo nestes momentos que ele apoia os jogadores de forma inigualável. É mesmo uma questão de psicologia e ele fá-lo como ninguém».

Mas o que difere, afinal, destas situações relativamente aos períodos em que a equipa está na mó de cima? Também aqui Ivanildo é taxativo: «Quando estamos a ganhar, numa boa fase, ele é ainda mais exigente. Está sempre em cima e não deixa ninguém adormecer à sombra da bananeira. Agora, que a equipa sofreu um deslize, os jogadores vão sentir, de certeza absoluta, um carinho diferente.»

E a prova de que o antigo jogador dos dragões está mesmo convicto de uma reação pronta do grupo azul e branco está na antevisão que faz ao jogo de amanhã, para a Liga dos Campeões. «O FC Porto vai ganhar ao Antuérpia, não há dúvida. O resultado com o Estoril, além de inesperado, foi extremamente injusto. São aqueles percalços que acontecem durante uma época. Mas a resposta do FC Porto vai ser fortíssima, naquela casa não se sabe viver com a derrota», concluiu.

Diogo Valente e o ADN de Conceição

A BOLA também falou com Diogo Valente, extremo que ainda se mantém no ativo (representa, atualmente, o Salgueiros) e que no seu currículo conta com um título de campeão nacional ao serviço do FC Porto (2006/2007). O esquerdino foi jogador de Sérgio Conceição na Académica, na época 2013/2014 (na sua segunda passagem pela Briosa, clube onde já havia estado entre 2010 e 2012 e ao serviço do qual conquistou a Taça de Portugal na temporada 2011/2012), e também é um profundo conhecedor dos métodos do atual técnico portista.

«A exigência e a cobrança estão sempre presentes no Sérgio, tanto na vitória como na derrota. É o ADN dele. Mas, nestas alturas, utiliza uma terapia que catapulta os jogadores para darem a volta ao momento menos bom. Andou lá dentro muitos anos, conheceu vários balneários e sabe perfeitamente o que os jogadores pensam. Na Académica, onde foi meu treinador, utilizou várias estratégias que mexeram com o grupo e os jogadores deram sempre uma resposta positiva. O FC Porto é uma equipa que está habituada a ganhar quase sempre e, como tal, contem com uma resposta fortíssima já no jogo de amanhã», salientou o capitão do Salgueiros que, aos 39 anos de idade, é um dos grandes destaques do emblema portuense no Campeonato de Portugal.

André Pinto destaca o 'toca a reunir'

Formado no FC Porto e antigo jogador de Sérgio Conceição no Olhanense (2011/2012) e no SC Braga (2014/2015), André Pinto é outro dos jogadores que tem propriedade para analisar o tipo de reação do treinador dos dragões. E para o antigo defesa-central - que venceu duas Taças de Portugal (uma ao serviço do SC Braga, em 2015/2016, e outra ao serviço do Sporting, em 2018/2019), e duas Taças da Liga (ambas pelo Sporting, em 2017/2018 e 2018/2019) - também não há dúvidas:

«Sérgio Conceição tem uma conduta que faz com que os jogadores voltem a estar super moralizados logo no jogo seguinte a um deslize. Tem essa virtude, entre muitas outras. Se há alguém capaz de transformar um momento menos bom em algo de positivo, reunindo as tropas e galvanizando os jogadores, é ele. Tem uma sensibilidade muito própria para lidar com o plantel. Claro que chama o grupo à razão, exige o máximo de toda a gente, mas nestes momentos dá sempre a cara pelos jogadores e potencia o melhor de cada um. Não é treinador de individualizar nem de apontar o dedo a quem quer que seja no balneário. Um jogador que cumpra o que ele exige está sempre salvaguardado», analisou o antigo internacional português em declarações exclusivas a A BOLA.