Baixas, dilemas e uma certeza: tudo o que disse Rúben Amorim
Rúben Amorim fez a antevisão do jogo com o E. Amadora (ASF)

Baixas, dilemas e uma certeza: tudo o que disse Rúben Amorim

NACIONAL28.02.202413:04

Treinador leonino assumiu que o Sporting não esteve bem em Vila do Conde, mas o empate em nada desvia os objetivos da equipa: vencer (em todas as frentes)

- Sabendo que o Sporting tem de reagir aos dois últimos resultados, empate com o Young Boys para a Liga Europa e com o Rio Ave para a Liga, o Benfica é o adversário ideal?

- É o adversário que temos. Em pior momento estávamos quando defrontámos o Benfica pela última vez, na temporada transata, e isso nem ficou refletido dentro do terreno de jogo. Jogámos muito bem nesse jogo. Em relação aos dois empates? Contra o Young Boys podíamos ter goleado, já contra o Rio Ave não fizemos as coisas da melhor maneira e devíamos ter feito coisas diferentes. Agora vem aí um jogo em duas mãos, um dérbi, um jogo com características diferentes, mas em que vamos querer dominar. Do outro lado, há jogadores de muita qualidade, falamos dos campeões nacionais e dos atuais líderes do campeonato, mas estamos preparados para o encontro.

- Qual é o estado físico dos jogadores, nomeadamente Gonçalo Inácio, Trincão e Paulinho?

- O Trincão está fora do jogo e o Inácio também. O Paulinho ainda ontem estava a fazer trabalho de fisioterapia, hoje já se estava a disponibilizar para ir a jogo. Apesar de não ter muitos minutos,  vou levá-lo [integra lista de convocados]. É sempre um jogador que até no banco nos ajuda a ser mais fortes.

- Espera um Benfica com ataque móvel ou um n.º 9? 

- A equipa do Benfica é difícil de prever, não na sua dinâmica, mas depois muda consoante os jogadores. Neres ou João Mário é completamente diferente. Estamos preparados para tudo. Temos de perceber a dinâmica. Se o Rafa jogar a avançado, a velocidade é diferente, as caraterísticas mudam. Temos uma forma de defender que não passa tanto pela marcação homem a homem, temos de perceber o jogador que apanhamos à frente. Jogar Aursnes ou Morato nas laterais, muda completamente a forma de defender. Sabemos como vamos encaixar na pressão, mas o que vai acontecer no jogo não sabemos. Consoante os jogadores, o jogo torna-se completamente diferente.

- O Benfica tem dois clássicos em poucos dias, defronta o FC Porto no próximo domingo, como é que imagina que o adversário se pode apresentar em campo?

- Espero sempre um Benfica forte e que vai variando muito os seus jogadores e as características que põe no jogo. Consoante o onze que o Benfica colocará, nós iremos adaptar-nos. Agora a atacar, iremos atacar da mesma forma  que sempre atacámos. Este jogo é muito importante e por isso prevejo um Benfica forte.

- Você é um treinador de ideias fixas e relativamente a jogadores que costumam ser criticados, como por exemplo Paulinho e Esgaio, que nunca os deixou cair. Como vai fazer a gestão interna em relação a Adán, com Franco Israel sedento para agarrar lugar no onze?

-  Isso é o dilema de todos os treinadores. Não é uma questão de deixar ou não cair jogadores, é uma questão de conhecer o plantel que tenho à minha disposição. Sei o momento e a dinâmica que tenho dentro do meu grupo. Eu quero ganhar sempre e por isso tento sempre tomar as melhores opções. Frente ao Benfica irá jogar o Franco Israel, como  vem sendo hábito na Taça de Portugal, e depois logo veremos o que sucede.

- Sporting nunca tinha estado dois jogos consecutivos esta época sem ganhar, este dérbi surge numa má altura?

- Há sempre impacto psicológico quando falamos num dérbi. Terá impacto na preparação para o  encontro imediatamente logo a seguir. Mas nós temos de desconstruir esses empates. Se contra o Young Boys falhámos muitos golos, criando  muitas ocasiões, já frente ao Rio Ave temos de ter noção de que não jogámos bem. Quem ganhar este dérbi vai com mais confiança para o resto do campeonato e para a segunda mão, mas isso  não  decide nem define nada na Taça nem na Liga.

- Com a ascensão de Trincão nota-se alguma baixa de rendimento de Edwards, acha que um jogo destes pode ser bom para ele?

- São fases. Também houve uma altura em que o Trincão era muito criticado, começou a jogar e explodiu. E quando apresenta este rendimento, o Marcus acabou por ficar um pouco para trás. Mas com a quantidade de jogos que temos tido, eles  até têm jogado os dois e numa ocasião em concreto, com o Pote de fora, atuaram os dois. Não estou nada preocupado com essa situação, até porque o Marcus aparece sempre nos grandes jogos e ele tem sempre um impacto muito grande e faz sempre a diferença.

- Pode haver alguma diferença de experiência nos jogadores das duas equipas que pode pesar no resultado?

- Eu não quero falar da experiência. Eu falei disso no primeiro ano, mas com nomes completamente  inexperientes. Na segunda época, falei também um pouco sobre isso, porque culminou com a entrada nas competições europeias. Mas, agora, a situação é diferente. Temos sofrido golos, mas  por culpa nossa, e isso não se deve à inexperiência. Ou porque não recuperamos, ou porque falhamos, ou porque não estamos concentrados. A cartada da inexperiência já não entra aqui. Já somos grandinhos suficientes para ganhar estes jogos e não perder  jogos onde não há muitas oportunidades.

- Nos últimos jogos com o Benfica o Sporting acabou por perder vantagem nos últimos momentos. Passou alguma mensagem específica aos jogadores?

- A mensagem é a mesma dos últimos jogos. Às vezes as equipas são melhores que nós, acho que este ano não foi esse o caso. Inácio foi expulso por dois erros da nossa equipa, em duas ações que podíamos ter evitado. O que temos de entender é o jogo a cada momento, perceber que não podemos ficar com menos um jogador. Não podemos estar tranquilos porque o Rafa pode agarrar na bola e disparar. A forma como pressionamos o João Mário não é igual ao Rafa. Se calhar somos a equipa que sofre menos remates, menos ataques, mas temos sofrido mais golos do que outras equipas. Mas temos de continuar a marcar golos porque temos feito muitos ultimamente.

- Quem tem mais perfil para defrontar o Benfica: Matheus Reis ou Eduardo Quaresma?

-  Vamos ver, tudo entra na equação. Não temos Inácio, que também é importante nas bolas paradas. Depende de que tipo de jogador vai aparecer, Di María parece-me claro que vai jogar na direita. O que pensámos foi na forma de atacar. Que tipo de jogador queremos para certos momentos, como o Benfica costuma pressionar, e imaginámos o jogo assim. Em todos os momentos, bola parada, contra-ataques. Não vou dizer as caraterísticas dos jogadores. Pensámos muito em tudo, mas principalmente na forma como vamos atacar.