Ataque ainda sem dono
Arthur Cabral tem sido decisivo nas águias (Foto: Miguel Nunes)

BENFICA Ataque ainda sem dono

NACIONAL02.04.202411:14

Questão do ponta de lança ainda em aberto; os três homens para a frente de ataque representam em conjunto menos de 20 por cento do total dos golos; e ainda há Rafa

A hierarquia dos pontas de lança no Benfica continua a não ser clara e nem o titular de que Schmidt mais gosta. O treinador alemão fintou a questão na conferência de segunda-feira e não deixou pistas sobre quem vai lançar de início no jogo desta terça-feira com o Sporting, se Arthur Cabral, Casper Tengstedt ou Marcos Leonardo. E a verdade é que a época mostra que esta é uma questão em aberto e que nenhum dos jogadores é dono do lugar.

Arthur Cabral é dos três o mais utilizado - soma 10 golos (e três assistências) em 37 jogos, num total de 1.636 minutos em campo. O número 9 brasileiro foi titular 16 vezes e experimentou três cenários nos últimos três desafios: suplente não utilizado na Escócia frente ao Rangers (1-0, na Liga Europa), suplente utilizado na vitória por 1-0 frente ao Casa Pia na Liga e titular na vitória também por 1-0 com o Chaves, de novo no campeonato.

Cabral conseguiu ser titular um máximo de cinco vezes seguidas, entre final de dezembro do ano passado e meados de janeiro; nesse período marcou dois golos e fez uma assistência. Mas em fevereiro foi titular três vezes consecutivas e marcou em todas partidas, ao E. Amadora, ao Gil Vicente e ao Vizela na Taça de Portugal - no jogo seguinte, frente ao Vitória de Guimarães, foi suplente, entrou ao intervalo e voltou a marcar golo.

Tengstedt tem características diferentes das de Arthur Cabral, é mais veloz e tem mais ataque à profundidade. O avançado dinamarquês soma, esta temporada, três golos e quatro assistências em 24 jogos e 971 minutos. A última vez que ele foi titular foi na jornada 24 no 0-5 contra o FC Porto, jogo em que foi substituído por... Arthur Cabral aos 56 minutos. Desde então, nos cinco jogos que se seguiram, Tengstedt jogou apenas a segunda parte do desafio em casa do Rangers para a Liga Europa - entrou ao intervalo para o lugar de... Marcos Leonardo. Portanto, não foi utilizado com o Casa Pia nem com o Chaves.

Finalmente, Marcos Leonardo, que chegou apenas em janeiro, posiciona-se com cinco golos marcados em 15 jogos, 368 minutos de competição. O jovem brasileiro, que tem 20 anos, foi titular em três e suplente utilizado em dois dos últimos cinco jogos da equipa, período em que marcou um golo ao Estoril, no 3-1 da jornada 25.

Marcos Leonardo esteve durante algum tempo a tentar recuperar a boa forma física e a adaptar-se às ideias de Roger Schmidt e, por essa razão, não correu em igualdade de circunstâncias com a sua concorrência direta.

Pela lógica, a aposta para ser titular esta terça-feira seria em Arthur Cabral, mas a lógica, no que aos pontas de lança do Benfica e à sua utilização diz respeito, é a de Roger Schmidt e tem sido difícil de ler.

Esta rotatividade pode explicar e também pode ser explicada pelos poucos golos deste trio - juntos, somam 18 dos 94 golos dos encarnados esta época, o que corresponde a uma fraca fatia de 19,3 por cento da concretização das águias no somatório de todas as competições.

Sozinho, Rafa tem os mesmos 18 golos esta época que todos os pontas de lança juntos, mas esteve em 45 dos 46 jogos da equipa.

Por falar em Rafa, o atacante, normalmente utilizado nas costas do ponta de lança, esta época também já foi lançado como homem mais à frente. Aliás, foi ele quem, curiosamente, foi o número 9 do Benfica no jogo com o Sporting da primeira mão destas meias-finais da Taça de Portugal (1-2), com Kokçu por detrás dele.

Segundo o próprio, Schmidt tem rodado os pontas de lança muito em função da estratégia e por inerência do adversário. Se mantiver as ideias da derrota da 1.ª mão, Rafa poderá ser a referência. Mas Cabral, Tengstedt ou mesmo Marcos, nenhum deles parece improvável como titular no ataque.