«O meu presidente vai dizer-me se deixar de ser o treinador certo» - Tudo o que disse Schmidt
Roger Schmidt, treinador do Benfica (Foto: IMAGO / Maciej Rogowski)

«O meu presidente vai dizer-me se deixar de ser o treinador certo» - Tudo o que disse Schmidt

NACIONAL26.04.202414:09

O treinador do Benfica fez esta sexta-feira a antevisão do Benfica-SC Braga de sábado, da 31.ª jornada da Liga; mas os temas centrais foram outros

- Que SC Braga espera e qual será a sua abordagem ao jogo?
- A nossa abordagem é jogar bom futebol e ganhar os três pontos, como sempre; contra uma grande equipa, jogar contra o SC Braga nunca é fácil, tem muita qualidade individual e temos de estar preparados para um adversário que ainda está a lutar pelo terceiro lugar na Liga, esperamos um Braga muito motivado. Mas nós ainda podemos ser campeões, não é muito provável, mas existe uma pequena chance. Estamos cem por cento focados no que temos de fazer em campo e penso que mostrámos na segunda-feira [em Faro, contra o Farense] que estamos preparados para finalizar a época a um bom nível. Claro que fiquei um pouco desapontado na segunda-feira, no final do jogo, mas ganhámos e queremos continuar a ganhar.

- Houve tensão com os adeptos, que ambiente espera no estádio frente ao SC Braga?
- Sim, se quiserem cuspir e atirar coisas aos nossos jogadores é melhor ficarem em casa. Claro que não podemos ter sucesso sem os nossos adeptos, precisamos da atmosfera no nosso estádio, como disse: a luta pelo campeonato ainda não terminou, espero que tenhamos uma boa atmosfera no estádio como tantas outras vezes. É fantástico jogar neste estádio, especialmente quando os adeptos estão totalmente connosco; temos de usar todas as pequenas percentagens para termos vantagem na luta para sermos campeões, e jogar em casa tem de ser uma vantagem para nós. Claro que também depende de nós jogar bom futebol, mostrar aos adeptos que estamos a lutar pelos três pontos e que estamos orgulhosos de usar a camisola do Benfica, esta é a nossa tarefa e claro que temos muitos dos adeptos connosco e a apoiar-nos para ganharmos este jogo.

- Uma vitória garante pelo menos a entrada na pré-eliminatória da Champions. É uma prova de fogo?
- É crucial para todas as equipas e especialmente como a do Benfica estar na Champions e principalmente na próxima época, como o novo formato, será importante para as finanças e para a imagem do clube. Este ano é um pouco diferente para os lugares de Portugal, perdemos um pouco de posição e por isso é que tão importante ficar em segundo, embora lutar para ser campeão seja outra coisa. Mas ter a possibilidade de jogar os play-off, ou mesmo conseguir a qualificação direta dependendo de quem ganhe a Liga Europa é muito importante e sabemos que podemos conseguir isso neste jogo com o Braga, mas o grande objetivo continua a ser lutar pela melhor posição e essa é de número 1.

- Falou com Rui Costa sobre a contestação? Tem condições para continuar? Sente a confiança do presidente?
- Já respondi sobre o meu futuro nas últimas cinco conferências, não há nada de novo para dizer. Tenho uma relação muito boa com o presidente e estamos sempre a falar e sobre tudo, mas não sou assim tão importante, a coisa mais importante é o Benfica. Desenvolvemo-nos e lutamos pelos objetivos do Benfica, é exigente, isso é claro, mas se olharmos para o quadro geral acho que nos últimos dois anos fizemos muitas coisas boas. Este ano só ganhámos a Supertaça, temos de reconhecer isso, mas já tive oportunidade de dizer que na minha opinião o que fizemos nos dois últimos anos, desenvolver uma equipa jovem e nova, com muito potencial, fazer isso e ao mesmo tempo ganhar o campeonato todos os anos não é algo fácil, e este ano tivemos competição dura. Penso que estivemos bem, talvez não top, top, mas bem o suficiente para ganhar o campeonato… mas o nosso concorrente, o Sporting, fez uma época muito boa, muito fiável, e se continuar assim terá tantos pontos que mostram como foi difícil tornar-se campeão este ano. Temos de aceitar. Mas ainda assim o desenvolvimento do clube, do estilo de jogo, dos jogadores, dos jovens da academia, penso que estamos  a fazer as coisas no bom sentido. Na minha opinião está tudo equilibrado e no bom sentido. Claro que não estamos satisfeitos porque só ganhámos a Supertaça e somos ambiciosos, mas vemos também como motivação para fazer as coisas melhor e quando esta temporada terminar preparar-nos para fazermos melhor na próxima, é a minha ideia agora. Sobre os adeptos já disse tudo, disse-o na segunda-feira, depois do jogo: consigo sempre entender o desapontamento e as críticas, temos de saber aceitar isso, mas há também alguns limites… quando começam a atirar coisas, a cuspir nos jogadores… nós somos o Benfica, representamos o Benfica e podemos esperar o mínimo, o mínimo de respeito. Os valores básicos têm vindo a descer, mas não é correto; respeito, honestidade, são algumas das coisas básicas na vida, todos devem esperar isso dos outros e nós, como equipa de futebol, também. Não ganhámos o suficiente esta época, mas os jogadores tentam sempre dar tudo para serem bons jogadores e uma boa equipa pelo Benfica, damos o melhor, aceitamos críticas mas não ao nível das que assistimos na segunda-feira.

Se quero reconstruir a relação com aqueles que atiraram coisas e cuspiram nos meus jogadores? Não.

- Mas sente que ainda é possível reconstruir a relação com os adeptos?
- Não leio as reportagens, ou vejo televisão e não falo português e isso acaba por ser uma grande vantagem porque sou completamente independente em relação a este assunto. O que vejo no meu dia a dia é que há muito apoio ao Benfica e também apreço pelo que estamos a fazer; há sempre críticos que apontam as coisas negativas  e aceito isso completamente, as coisas negativas também são muito mais interessantes para as pessoas do que as positivas, isso é claro, mas quando falamos de coisas negativas falamos também de adeptos negativos, das 10 pessoas que estiveram em Faro a atirar coisas nos meus jogadores, mas penso que há muitos mais adeptos do Benfica e pessoas que amam o Benfica e não gostam do que eles estão a fazer. Serão muitos mais os positivos que amam o Benfica. Se quero reconstruir a relação com aqueles que atiraram coisas e cuspiram nos meus jogadores? Não. Não quero trabalhar nessa relação, porque acabou. Não posso e nunca vou aceitar e também nunca vou perdoar essas coisas. Não preciso de nenhuma relação com essas 10 pessoas. Claro que darei sempre o melhor para ser bom treinador para este clube e para a minha equipa e espero que as pessoas sintam que estou a dar o melhor e que isto é importante para mim. E um dia, no fim, se não for o treinador certo para o Benfica, o meu presidente vai dizer-me. Temos uma boa relação mas de certeza que é mais importante para ele que o Benfica esteja equilibrado e tenha o maior sucesso possível, de certeza que ele me dirá se não for mais este o caso. Mas no momento todos lutamos para ter um bom final e época e depois analisar e tentar ser melhor na época seguinte.