Fernando Santos: «Gostava de voltar a treinar um clube»
Fernando Santos em entrevista exclusiva a A BOLA (Foto: André Filipe)

Entrevista Fernando Santos: «Gostava de voltar a treinar um clube»

A BOLA TV11.11.202300:05

O PAOK, em 2010, foi o último clube orientado pelo ex-selecionador de Grécia, Portugal e Polónia; lembra a única vez que se sentiu atrapalhado no futebol

Fernando Santos começou como adjunto no Estoril, que treinaria depois como número 1. Seguiu-se Estrela da Amadora e FC Porto, onde lhe chamaram engenheiro do penta. A ligação à Grécia avançou logo depois, ao serviço de AEK e Panathinaikos. Andou entre Atenas e Lisboa (Sporting, AEK, Benfica, PAOK) antes de se tornar selecionador helénico. Veio então a glória pela equipa das quinas, com o percurso a terminar no Catar. A Polónia virou-se para si, contudo, desta vez, não foi feliz. Treze anos depois, volta a sentir-se seduzido pelo trabalho diário num clube. É o que diz, em entrevista exclusiva a A BOLA.  

– Considera-se mais um treinador de clube ou um treinador de seleção?

– É difícil responder a essa questão. Gostava de voltar a treinar um clube, porque gostava de voltar àquilo que sempre me encheu as medidas: todos os dias poder estar com os jogadores e fazê-los crescer enquanto jogadores e enquanto homens. E também pela possibilidade de fazer evoluir uma equipa. O trabalho da seleção é muito aliciante porque representamos e temos todo um país à nossa volta. O hino é inexplicável…  A única vez que fiquei atrapalhado no futebol foi no primeiro jogo particular que a Seleção fez, quando o hino começou a tocar. Eu nem era capaz de cantar o nosso hino. Estar no banco do meu país, a representar a minha seleção, e começar a tocar o hino é uma coisa brutal. Nem sabia bem o que fazer. Esse primeiro jogo marcou-me muito. Nunca me vou esquecer.

– Foi a 11 de outubro de 2014, em França.

– Exatamente. Em Saint Denis, onde depois, no dia 11 de julho de 2016, fomos campeões da Europa quando poucos acreditavam.

– Premonição?

– Não. Premonição não, convicção sim. Quando era selecionador da Grécia sempre achei que se treinasse a seleção portuguesa e conseguisse o espírito da Grécia com os jogadores de qualidade que Portugal tinha, podia ser campeão. Quando vim para a seleção portuguesa a minha convicção clara era que podíamos ganhar. Antes de mim, e depois de mim, Portugal sempre teve grandes treinadores e jogadores de enormíssima qualidade. Mas faltava ganhar e eu achei que isso era possível se conseguisse aumentar a competitividade. Os selecionadores anteriores fizeram trabalhos brutais. Se eu conseguisse incutir esse espírito, Portugal tinha tudo para ser campeão.