Waldschmidt e os tiros nos pés
Num clube da dimensão do Benfica não pode haver os jogadores do treinador e os outros
WALDSCHMIDT. Enquanto o Benfica vai correspondendo com resultados positivos - claramente melhores do que as exibições e ainda sem que o nível de exigência tenha disparado - e se aproxima Eindhoven, que muito influenciará a época, o clube vai tomando decisões no mínimo questionáveis. A saída do alemão é uma delas, tal como a incursão por Yaremchuck por um preço assinalável quando a posição 6 continua deficitária. Isto apesar da chegada de Meïté, que demorará a revelar (se é que alguma vez revelará) a consistência de Weigl e que, para cúmulo, também terá estado à venda. O número de alertas é demasiado extenso para um clube que deveria ter uma políticia desportiva menos errática, mesmo com as condicionantes resultantes da mudança de presidência. É inexplicável como, não estando em causa o valor do ucraniano - e mesmo de Radonjic, que carrega no entanto o ónus de, aos 25 anos, ainda não ter estado sequer perto da afirmação -, se poupa numa posição nuclear ou nas laterais - que continuam com deficiências, tantos anos depois de Vieira, mas também de Rui Costa - para se trazer um quinto avançado.
Waldschmidt é também a prova que em Portugal se queimam jogadores demasiado rápido (é ver Pedrinho no Shakhtar, por exemplo), muitas vezes por falta de enquadramento no sistema ou nas ideias do treinador. Tivesse o germânico (e outros) tido o mesmo apoio de Jesus que teve o preferido Éverton - logo numa época de grande instabilidade com Covid, lesões, mudança de sistema tático e péssimos resultados - e talvez fosse ele hoje a grande referência no ataque encarnado, mesmo que os números, para um médio ofensivo, estejam longe de ter sido maus. Esse é outro problema: num clube desta dimensão não pode haver os jogadores do treinador e os outros. Se não, são só tiros nos pés.