Visto de dentro
1A jarra que adorna esta página é de uma designer russa, Katya Bosky, e é uma peça da nossa Vista Alegre. É uma peça que presta homenagem às estrelas da dança clássica dos anos 20 do século XX. Vi-a numa loja, contígua à fábrica, desta marca portuguesa que cresceu em Ílhavo e que daqui a seis anos comemorará duzentos anos. É uma peça que merece ser vista no seu espaço. Onde cresceu. Onde o talento se cruzou com a excelência. Onde o ser de fora se casou com uma empresa que sempre foi uma comunidade. Com creche e escola, com clube de futebol - azul! - e um teatro, com sentido de responsabilidade e conceito de fraternidade. Na verdade foi a 1 de julho de 1824 que por «provisão régia» se autorizava, ali nas redondezas de Ílhavo, o «estabelecimento da Fábrica da Vista Alegre para louça, porcelana, vidraria e processos químicos». Ali está hoje um museu que é obrigatório visitar, um hotel que é imperativo conhecer, uma capela que é uma singular peça de arte religiosa. E tudo, agora, sob a direção, empenhada e dedicada, de um grupo português, a Visabeira. Conheço bem a história desta empresa de Viseu. Saiu da nossa cidade natal e abalançou-se ao mundo. Cresceu dentro e internacionalizou-se de verdade. Por excelência na lusofonia. Soube atrair talento mas nunca deixou a sua cidade, a sua terra, as suas origens. O interior que alguns só agora conhecem e com ele (dizem) se preocupam. Um dos seus símbolos em Viseu, o Palácio do Gelo, enche a camisola do Académico de Viseu que luta, na justiça, pelo regresso, merecido, ao escalão principal do futebol português. Sabendo que tem de lutar mais do que outros e sabendo que a justiça pode tardar mas sempre terá que chegar. Mesmo que alguns não entendam que muito mudou em Portugal nos últimos tempos. O que era opaco é, hoje, cristalino. Tal como tanta e tanta peça que nos enche de orgulho e que faz da Vista Alegre, e do seu universo, - por excelência o humano! - um marco e uma marca do Portugal deste século XXI. Sabendo que em 2024 celebrará duzentos anos de muita história, de peças únicas, de cores atrativas, de múltiplos encontros com o Oriente, de aguarelas deslumbrantes, de copos, jarras, pratos, chávenas, terrinas, taças e fruteiras emblemáticas, de pinturas marcantes, de memórias de encomendas personalizadas de grandes senhoras e senhores do Mundo. E, assim, de dentro de Portugal, qual bem visto de dentro, se tem, e se honra, uma Vista Alegre! E todas e todos aqueles que no passado a conceberam e no presente a fazem florescer. Dia a dia. Com competência e excelência. Com esmero e afeto.
2Sabemos que em cada sexta feira de manhã a nossa Rádio Renascença tem um interessante programa denominado Visto de fora. Ali escutamos as vozes, lúcidas e sagazes, de dois jornalistas estrangeiros que nos proporcionam a sua análise cuidada acerca de factos europeus e das múltiplas realidades portuguesas. Ali escutamos a sua visão da conquista francesa do Mundial da Rússia, e do multiculturalismo que encerram, no seu todo, os novos campeões do Mundo e ali sentimos a perceção acerca da transferência de Cristiano Ronaldo para a Juventus e o golpe de marketing que protagonizou. Camisolas, bilhetes de época, atratividade da cidade e, por excelência, da Liga italiana bem multiplicadas! E aproximando-se o sorteio - já amanhã! - das pré-eliminatórias da Liga dos Campeões que nos darão a conhecer os confrontos que o Benfica terá que ultrapassar para chegar à ambicionada e lucrativa fase de grupos da Liga dos Campeões. A partir de amanhã o Benfica sabe com o que conta. E sabe que terá em agosto sete jogos bem determinantes nos relvados e outros momentos, também marcantes, fora deles. Mas conhecendo desde já um novo relvado, originariamente holandês, que chegou, qual tapete de veludo - ou de quase alegre porcelana! - ao Estádio da Luz. É que as grandes marcas sabem bem que um bom relvado é meio caminho para bons jogos, para momentos de elevada nota artística e para instantes deslumbrantes. Tudo visto de dentro e tudo nos leva , entusiasmados, a largas e entusiasmantes vistas alegres!
3O Benfica venceu ontem merecidamente o Sevilha. Com Gedson a crescer, Cervi a confirmar a sua qualidade e Grimaldo a dizer-nos que é importante ficar. O conjunto dos jogos amigáveis que o Benfica vai disputar nos próximos dias devem ser encarados como preparatórios para as finais que a equipa de Rui Vitória tem de vencer em agosto. Nos três jogos da Liga Nos e nos quatro jogos que terão que dar acesso aos largos milhões da Liga dos Campeões. Vencer jogos amigáveis é estimulante. Mas o que importa, o que importa de verdade, é criar condições para a equipa crescer, para o coletivo se conhecer, para que cantem, de alegria, mas bem afinados, no final de agosto e saibamos, antes da primeira pausa para o regresso das seleções nacionais - e logo com o primeiro jogo oficial da nova competição, da Liga das Nações, a 10 de setembro com a Itália que será antecedido, no Estádio Algarve, a 6, com a Croácia - os grandes clubes que visitarão Lisboa, e o Estádio da Luz, entre setembro e dezembro. Com ou sem tensão acerca das novas regras do alojamento local…
4Permitam-me uma nota pessoal. Para cumprimentar Sousa Cintra e a sua capacidade para a reversão de muitas rescisões contratuais. O que leva a que o Sporting, em múltiplas e complexas tempestades, saia das tormentas e entre em relativa boa esperança! Sousa Cintra mostrou sagacidade e tenacidade. Mostrou dedicação e motivação. Mostrou coragem e fé. Já Léon Tolstoi nos dizia que «a fé é a força da vida. Se o homem vive é porque acredita em alguma coisa»! A fé vem de dentro. Sempre. Mas concretizada é um largo instante de alegria. E com Johann Goehte sabemos que «quem faz com alegria e se alegra com o efetuado é feliz»! Tal como a boa água, só agora descoberta pelo meu Amigo Joaquim na Fonte do Carapichel, que lavando os nossos olhos nos faz ter e sentir uma vista alegre!
5A caminho de Viseu, ali à entrada da A-25, olhamos para o estádio de Aveiro e a nostalgia toma conta de nós. Ali jogam-se poucos jogos e ali está um espaço desportivo construído para o Europeu de 2004. Ali acreditava-se que o Beira Mar se mantinha entre os grandes e que o futebol de primeira se multiplicaria nesta zona Centro de Portugal. Visto de fora dá pena esta ilha desportiva sem alma. Visto de dentro, como o vimos, por vezes, voltamos a ter ânimo. Desde que haja coragem para que neste Portugal frutifiquem os exemplos da Vista Alegre e sejam denunciadas as subtis amnistias que proliferam dentro dos múltiplos sistemas que corroem a verdade, a disciplina, a ordem e a justiça. Toda a justiça!!!
6Olhemos para a jarra. Que bonita ela é! Cores com criatividade.Criatividade com cores!