Virar de páginas!...
Que nas eleições se discuta o que importa ao clube e à SAD, como o modelo de organização, matérias estatutárias, distribuição do capital...
PORTUGAL, no meio de tantos e graves problemas, entre os quais uma pandemia sem fim à vista e uma dívida pública insustentável, vive um tempo de eleições, sejam as autárquicas ou do Sport Lisboa e Benfica, sejam as legislativas e as do Sporting Clube de Portugal. Pelo meio, as eleições internas do Partido Social Democrata (PSD), com enorme repercussão nas eleições de 30 de Janeiro de 2022.
Lisboa, quando muitos não acreditavam, levados por uma comunicação social, longe da isenção que se exige ou da assunção corajosa das suas preferências de acordo com interesses que se entendem, como seja o da sobrevivência, mudou de presidente na Câmara. Sempre acreditei que era possível, porque o candidato que o PSD apresentou, só não era conhecido por quem se deixa impressionar pelo marketing político ou pelas percepções que lhes impingem. Quem põe na primeira linha de avaliação a seriedade, o conhecimento fundado em preparação séria, a inteligência e a determinação para assumir os interesses nacionais acima de quaisquer outros, não podia deixar de ter a esperança que Carlos Moedas se tornasse, como se tornou, no presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Em 26 de Setembro de 2021, em minha opinião (e não só) virou-se uma primeira página, no futuro mais imediato de Lisboa e de Portugal e emergiu uma figura que vai ter grande importância nesse mesmo futuro.
Menos de um mês depois foram as eleições do Sport Lisboa e Benfica, na sequência, imperativa e lógica, da detenção e renúncia de Luís Filipe Vieira, que, menos de um ano antes, havia sido eleito para um novo mandato de quatro anos à frente daquele grande clube. O presidente eleito não alijou a carga que pende sobre os seus ombros pelo facto de à volta de Rui Costa se terem mantido praticamente os mesmos que rodearam Luís Filipe Vieira e que desconhecem (ou dizem desconhecer) tudo o que alegadamente aconteceu. O sucessor não se conseguirá livrar tão cedo do fantasma que andará por aí enquanto os resultados do futebol não taparem os problemas de fundo. É assim o futebol: difícil ter ideias diferentes quando as bolas não entram! Mas isto é problema imediato dos benfiquistas, embora a ética (ou falta dela), nos dirigentes políticos e desportivos, deva ser uma preocupação dos portugueses, qualquer que seja o seu partido ou clube!
Não sei se Rui Costa conseguirá virar a página. Foram muitos anos de uma política do Benfica, dita, mais à frente que os outros, dez anos!
Importantes foram desta vez as eleições internas de um partido, designadamente, as que aconteceram no PSD - Partido Social Democrata. Não tive quaisquer dúvidas em declarar o meu apoio a Rui Rio. Quem me conhece, sabe bem como aprecio a frontalidade, a genuinidade, a sinceridade e a honestidade, a defesa das ideias e das convicções, os princípios à frente das conveniências e dos interesses imediatos.
Ganhou as eleições internas e caminha agora no propósito de ser primeiro-ministro de Portugal. Pelo que disse, vai para ele o meu apoio e o meu voto, porque Portugal não pode continuar a delirar e não perceber que o delírio vem da febre que nos provoca um país imaginário, que não existe, que não cresce economicamente, mas sim na pobreza, que está endividado, que precisa de investir na educação, na saúde e na justiça, mas só mete dinheiro no Novo Banco e na TAP, ligando mais a que esta se mantenha a voar pouco, enquanto os jovens qualificados voam para outras paragens desiludidos com um país onde reina a mediocridade, a pouca vergonha, para não falar da corrupção que alastra na sociedade portuguesa. Portugal está sem rumo e é preciso pôr termo a isso, no próximo dia 30 de janeiro de 2022. Importa virar a página para um novo capítulo.
Uma nota apenas sobre a campanha eleitoral para as legislativas. Notaram que um dos candidatos a primeiro-ministro, aliás o actual, deixou de usar gravata encarnada, e usa agora, uma gravata verde, aproveitando a onda verde que assaltou o país? Será que é para conquistar os sportinguistas ou apenas para fazer esquecer a sua participação descartada na comissão de honra de Luís Filipe Vieira?
Trinta e quatro dias depois, outras eleições de âmbito nacional - as eleições no Sporting Clube de Portugal. Para já, dois candidatos, e um outro, de cuja candidatura se suspeita, mas ainda não oficializada. Mas não é de candidatos que importa para já falar, mas sim do que deve ser o momento eleitoral, num momento desportivo pujante de títulos e conquistas, ou seja, o momento da alegria que embriaga e faz esquecer outras questões importantes, designadamente, aquelas que sustentam tal sucesso e que se encontram a montante deste.
Os sócios do Sporting vão às urnas no dia 5 de março para eleger o Conselho Diretivo para os próximos quatro anos
Não quero portanto, agora e aqui, antes de começar a campanha eleitoral, deixar de chamar a atenção para o que escrevi há pouco mais de dois meses: nas eleições do Sporting Clube de Portugal, independentemente de se tratar de uma pessoa colectiva diferente da SAD, esta não será indiferente ou alheia àquelas eleições no seu accionista de referência. Tanto assim que, normalmente, não se discutem verdadeiramente os temas que têm a ver directamente com o clube, como sejam o modelo de organização e governance, matérias estatutárias e outras de primordial importância, antes se debatendo as questões do futebol, ligadas à SAD. Contudo, mesmo relativamente a esta, não se discutem problemas estruturais e de natureza económica e financeira, mas sim o futuro treinador ou futuros e potenciais jogadores, como se isso fosse o essencial de um projecto desportivo que interesse para além dos votos que pode captar.
Espero que nas próximas eleições se discuta realmente o que importa ao clube e à SAD, como sejam o modelo de organização, matérias estatutárias, distribuição do capital e outras matérias que importam não só ao clube, mas ao desporto nacional e particularmente ao futebol onde alguma limpeza se impõe e nós temos de ter um papel fundamental. Falem e debatam assuntos sérios e não tanto o projecto desportivo que está bem e recomenda-se. Deixem-se de demagogias e falem de realidades; falem de sustentabilidade e consistência. De forma directa e concreta. Sem receios, nem tabus, de perder votos. Precisamos de dirigentes corajosos, sérios, determinados, como verdadeiros leões, e não de meros tigres de papel!
No projecto desportivo não temos um problema de treinador, antes temos a solução. Mas essa solução do treinador e do seu grupo de trabalho precisa de uma base de sustentação que lhe dê continuidade, sejam quais forem os dirigentes.
Sem fosso desportivo no futebol, mais depressa do que se podia imaginar, importa agora começar a construir com solidez o acesso a outro patamar: o patamar com que os nossos fundadores sonharam e que já foi alcançado nas outras modalidades do Sporting Clube de Portugal.
Não é preciso virar a página, apenas abrir um novo capítulo de crescimento e desenvolvimento para outro patamar.
Tenho eu (e não só) um primeiro trimestre de 2022 com dois actos eleitorais muito importantes para o futuro de Portugal e para o meu clube de coração: é o crescimento económico que está em causa nos dois! São os superiores interesses de ambos que estão em causa, e espero que todos estejamos à altura desses interesses e não dos pessoais. E em ambos os casos, na política como no desporto, no país como no clube, que impere a ética e a moral!
É isto, e apenas isto, que quero para o meu clube e para o meu país: para Portugal e para o Sporting Clube de Portugal!...
Nota: ainda tenho umas linhas para chamar a atenção para declaração sábia do... Sarabia! Rima e é verdade. Pena é que o espírito colectivo se tenha de sobrepor aos interesses materiais. Custou muito a criar este espírito colectivo e, portanto, é necessário não criar desequilíbrios nesse ambiente onde se respira de forma tão igual. Ainda é preciso trabalhar muito, para que todos possam estar no patamar de Sarabia e o equilíbrio seja por cima. Mas não deixa de ser agradável ouvir as palavras de um internacional espanhol ligado ao Paris Saint-Germain. Deixará saudades e, pese o pouco tempo que vai permanecer, tem lugar na história do Sporting, ao lado de tantos outros que por aqui passaram e ficaram com o leão no coração!...