Vieira: prometer não basta

OPINIÃO02.11.202003:00

O vieirismo terá novo mandato para tornar a obra tão completa desportivamente como no aspeto financeiro. Numa era em que vemos o futuro bater-nos à porta todos os dias cheio de dúvidas, Vieira investiu forte e conseguiu, Champions à parte, recolocar a equipa na rota das vitórias, com a garantia de competitividade que Jesus traz sempre consigo.

Com reinvestimento e resultados, tinha na manga os trunfos para ser reeleito. Apesar de ainda distante da imagem que o presidente de um clube como o Benfica exige e que as raízes mais populares não diluem, soube evoluir enquanto político, o que não é alheio às inúmeras pontes que estabeleceu para lá das fronteiras do clube encarnado e das quais retirou a própria aprendizagem. Uma proximidade por vezes condenável, perdoem-me o parêntesis. Se olharmos para o copo meio vazio, terá sido a saúde do futebol (e a financeira) a salvar um Vieira envolvido em demasiados processos e casos, perante um rival a ultrapassar o terço de votos e votantes. O presidente reempossado parte para o último mandato no início de uma fase de reinvestimento, porque não chegarão 100 milhões para ganhar uma prova europeia. Só para vencer eleições. Vieira também terá quatro anos para não estragar tudo e deitar definitivamente por terra uma das suas bandeiras: a formação.

No Dragão, o mau momento financeiro do FC Porto obrigou a vender, impede a renovação de contratos e o reequilíbrio do plantel no mercado. Conceição, com discurso e trabalho, já conseguiu antes ligar as peças, mas desta vez o perfil dos jogadores diverge. Os dragões perderam poder físico, verticalidade e vertigem no processo de jogo, além de terem adversários mais adaptados à pressão que exercem sem bola. O treinador resistiu à mudança enquanto pôde, mas agora falta-lhe tempo.