Ver para lá da desilusão da derrota
No passado ficou a noite mágica de Paris; o presente diz que temos uma das melhores seleções do Mundo; o futuro será risonho...
A fase final do Campeonato da Europa de Futebol de 2021 confirmou que Portugal conta com uma das melhores seleções do Mundo. A turma das quinas faz parte daquele lote de equipas que está sujeita a vencer a competição onde participa, juntamente com Espanha, Itália, Alemanha, Bélgica, França e Brasil. Porém, só um pode levantar o caneco (e por vezes há underdogs que se impõem) e há que saber perder, quando esse momento amargo nos bate à porta. Ontem foi particularmente duro, confesso, porque caímos perante um adversário que fez do ultra pragmatismo a sua principal arma e teve a humildade de saber sofrer perante o melhor futebol de Portugal. Provavelmente, tivesse Diogo Jota concretizado a primeira oportunidade do encontro, e os papéis seriam invertidos, com Fernando Santos a convidar a Bélgica a subir no terreno e Roberto Martínez a desesperar em busca de soluções para bater Rui Patrício.
Deixemos a apreciação ao jogo para a crónica do Rogério Azevedo e foquemo-nos em matérias mais abrangentes, que têm a ver com o futuro da Seleção Nacional. Creio que, de olhos postos no Mundial do Catar (é já no próximo ano) continuaremos a contar com figuras marcantes como Cristiano Ronaldo (36), Pepe (38), José Fonte (36) ou João Moutinho (34), que tudo indica irão continuar a jogar ao mais alto nível. Mas, cada vez mais, o tempo que trará Renato Sanches, João Félix, André Silva e Bruno Fernandes como peças indispensáveis da equipa de todos nós, está cada vez mais perto e a renovação geracional deverá prosseguir tranquilamente, mantendo Portugal, de forma constante, no top 10 do ranking da FIFA. Embora estejamos feridos pela desilusão que acaba de abater-se sobre todos nós, há que perceber que o futebol português, a nível de seleções, está no bom caminho, e que o excelente trabalho da formação dos clubes tem sido potenciado de forma competente e constante pela FPF. Ao contrário de outros (nomeadamente a Bélgica, que irá atravessar o deserto logo que esta geração arrume as botas), temos razões para acreditar que continuaremos a aceder às fases finais das grandes competições, onde seremos levados a sério. Houve um tempo em que ser apurado para um Mundial ou um Europeu (o que era uma raridade) era visto como um ponto de chegada. Agora é sempre um ponto do partida.
CRISTIANO RONALDO
Aproveitou a fase final do Euro-2020 para apanhar Ali Daei como melhor marcador da história por seleções e, ao mesmo tempo, foi o líder, dentro e foras das quatro linhas, que Portugal necessitava, não recusando nenhum pingo de suor à causa da turma das quinas. Saiu do Europeu de cabeça erguida.
RENATO SANCHES
O médio do Lille aproveitou o Euro-2020, tal como tinha feito em 2016, para mostrar que está pronto para voos ainda mais altos do que aqueles que o campeão de França pode proporcionar-lhe. Dinâmica, força e uma visão de jogo extraordinária devem abrir-lhe a porta grande da Premier League.
MATHIEU VAN DER POEL
O holandês Van der Poel, 26 anos, é o novo camisola amarela da Volta à França. No momento da consagração, o ciclista desfez-se em lágrimas e dedicou a proeza ao avô, que nunca tinha conseguido vestir o maillot jaune. É que Mathieu é neto de Raymond Poulidor, três vezes segundo e cinco terceiro no Tour.