Ventos de mudança a soprar no Minho

OPINIÃO02.02.202022:35

As transferências de Francisco Trincão (para o Barcelona, recebendo o SC Braga, 31 milhões) e Edmond Tapsoba para o Leverkusen (para o Leverkusen, recebendo o Vitória SC, 18 milhões) têm tudo para marcar um antes e um depois no futebol português. Face aos montantes envolvidos, estamos perante negócios que, se tiverem as mais valias bem reinvestidas, podem ser verdadeiros game changers, acelerando não só o processo de aproximação destes dois clubes de referência, aos três grandes do nosso desporto, mas também potenciando o seu afastamento dos que procuram estatuto semelhante.


Enquanto não foi implementada a centralização dos direitos televisivos, medida que em todos os países onde entrou em vigor significou um aumento significativo da receita a distribuir pelos clubes, a única forma de crescer é através da aposta na formação e na prospeção, coisas que Guerreiros e Conquistadores sabem fazer bem, estando, contudo, os bracarenses mais adiantados no que respeita a infraestruturas e organização. Mas as fronteiras que foram franqueadas por Trincão e Tapsoba apontam o caminho a seguir.


Muito se tem falado, a propósito de uma eventual perda do Sporting da maioria do capital da SAD, dos investidores que aterraram no futebol português. Vieram chineses, italianos, brasileiros, colombianos, peruanos, todos e cada um com um discurso moderno e ambicioso, virado para as maravilhas que novas formas de gerir podiam trazer. Infelizmente, sem cair na armadilha da generalização fácil, há que dizer que os resultados, numas circunstâncias, foram casos de polícias, e noutras tremendas desilusões, uns e outros sem projeto desportivo associado, apenas agindo como pragas de gafanhotos que só deixam desolação e destruição quando decidem partir para outras paragens. Há clubes na nossa I Liga que mais não têm servido do que placas giratórias de jogadores, tratados como mercadoria para quem neles vê apenas lucro fácil. E quando a fonte seca, passam-na a patacos e vão explorar para outro lado.


Nada me move contra os investidores no futebol. Mas é preciso saber ao que vêm, escrutiná-los e exigir-lhes garantias que vão para além daquilo que tem sido a prática corrente entre nós.