Claro que a discussão dos próximos dias, dependendo do que Benfica e FC Porto fizerem (ou sofrerem) nos jogos deste domingo e de segunda-feira, vai circular em torno de duas más decisões da equipa de arbitragem do Sporting-Santa Clara. Segundo a análise especializada de A BOLA, terão ficado por assinalar duas grandes penalidades a favor dos leões numa derrota que pesa muito mais do que se tivesse sucedido com Ruben Amorim no banco. Acontece que, mesmo com Ruben Amorim no banco, ela poderia ter acontecido. Os jogos, se forem vistos desapaixonadamente, não podem resumir-se a duas decisões de um árbitro (na verdade quatro ou mesmo seis, se se contarem os assistentes de campo). Bem andou João Pereira ao não escolher esse caminho para justificar a derrota na estreia como treinador na Liga. Revela coragem, e ele bem dela precisa para o desafio que tem pela frente. O que aconteceu em Alvalade é que houve uma equipa a jogar do outro lado. Ela preparou-se, tem condições de treino, tem um treinador que lidera uma equipa técnica capacitada com estudos e/ou experiência, e conseguiu levar avante um plano. O Santa Clara não foi a equipa mais audaz em Alvalade (quem o faz, a não ser talvez o Arsenal da semana passada?). Mas não estacionou dois autocarros em frente à sua área. Ganhou com mérito e com a sorte que qualquer vitória transporta sempre consigo. O que distingue, hoje, os chamados grandes das outras equipas só tem um nome: dinheiro. Dinheiro para contratar melhores jogadores e ainda conseguir emprestá-los aos menos grandes. No relvado, por vezes, essas diferenças esbatem-se. Se calhar podíamos, quando estas coisas acontecem, procurar o mérito de quem vence, mesmo sendo mais pequeno, em lugar de procurar os deméritos do Golias que caiu perante um heróico David. A tendência (natural e legítima) será analisar o que está a acontecer ao Sporting no pós-Ruben Amorim. O tempo dir-nos-á muito mais sobre isto, e mais sabiamente o fará se não for tudo analisado em duas ou três semanas. Mas não deixemos passar em claro o que o Santa Clara conseguiu em Alvalade, porque já aconteceu e é um facto, que vale sempre mais que uma opinião.
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