Uma semana de orgulho benfiquista
Este Benfica é eficaz em bloco baixo, a atacar as costas da defesa contrária. Exatamente a antítese do futebol de Roger Schmidt...
DEPOIS do dérbi de ontem, o FC Porto ficou com o título nacional ainda mais nas mãos. Essa é a primeira conclusão, lapalissiana, sendo a segunda, da mesma natureza, a altíssima probabilidade do Sporting aceder diretamente à fase de grupos da Liga dos Campeões. Aguardam os leões deslocações ao Bessa e a Portimão, enquanto que receberão Gil Vicente e Santa Clara, sendo pouco crível que percam sete pontos neste percurso (na condição do Benfica vencer as partidas que lhe faltam - Famalicão e FC Porto em casa e Marítimo e Paços de Ferreira, fora). Ou seja, este clássico, como aliás já tinha escrito, nunca teria o condão de alterar a classificação. Porém, foi importante porque criou um estado anímico no benfiquismo que permitirá ao clube da Luz encarar, com menos amargura, a próxima temporada, que arrancará com nova gerência e um modelo de jogo bastante diferente do atual.
Este Benfica comprometeu a época quando teve de se expor em ataque continuado, procurando fazer pressão alta e jogando com a defesa subida. Foi assim que os encarnados perderam pontos com Portimonense (3), Estoril (2), Moreirense (2), Gil Vicente (3), Boavista (2) e Vizela (2). Foram, até agora, 14 pontos que qualquer candidato ao título estaria proibido de deixar em campo. Jogos como os de Moscovo, Eindhoven, Kiev, Barcelona, Amesterdão, Liverpool e ontem em Alvalade, permitiram ver um Benfica, com centrais lentos mas altamente fiáveis, confortável a jogar com o bloco baixo, enquadrando uma estratégia suscetível de conter o adversário numa primeira fase, para a seguir lançar avançados rapidíssimos. Veríssimo tem mérito neste final de temporada, sendo muito interessante a solução que encontrou para o posicionamento de Gonçalo Ramos, útil no apoio ao ponta de lança, mas ainda mais útil nos equilíbrios defensivos a meio-campo.
Na próxima época - com um técnico que ontem venceu a Taça dos Países Baixos, derrotando o Ajax - o Benfica não pode cometer o erro tantas vezes visto no passado de desfasar o treinador do plantel. Será a primeira vez que Rui Costa intervirá, de raiz, em todo o processo, e da sensibilidade do presidente para o futebol deverá resultar a indispensável harmonia entre o modelo de jogo de Roger Schmidt e os jogadores de que disporá. Sem esta harmonia, nada feito...
ÁS — MARTIM COSTA
Autor de dez dos 35 golos de Portugal na finalíssima de Eindhoven, o jogador do Sporting fica assim ligado à qualificação da Seleção Nacional de andebol para a fase final do Campeonato Mundo. Numa tarde em que era preciso ganhar por quatro e se venceu por sete golos, o andebol português fez prova de maioridade.
ÁS — DARWIN NÚÑEZ
Faltava-lhe marcar ao Sporting, e agora já não falta. O avançado uruguaio teve uma evolução exponencial na presente temporada e percebe-se que seja alvo de cobiça dos clubes ricos dos Big Five. Darwin tem velocidade, resistência, grande sentido coletivo e mostra, cada vez mais, um instinto matador que há de levá-lo longe.
ÁS — NÉLSON VERÍSSIMO
O treinador do Benfica viveu uma boa semana, primeiro ao empatar em Anfield, e a seguir ao triunfar em Alvalade. Num e noutro jogos apostou nos mesmos jogadores, introduzindo, contudo, algumas nuances táticas assaz eficazes na partida com os leões. Ao mesmo tempo tem agido com temperança no affaire-Schmidt.