Uma questão de sobrevivência...

OPINIÃO23.05.202206:55

Houve um decréscimo brutal nas assistências do futebol em Portugal. Esta época ficámos muito aquém dos números anteriores à pandemia

OS adeptos são a alma do futebol, destinado ao estatuto de modalidade mais popular do mundo a partir do momento em que a classe operária tomou o lugar das elites nas bancadas do Reino Unido, na segunda metade do século XIX. Sem adeptos, os clubes definham, a economia desacelera e começa a traçar-se o caminho para o ocaso. À pandemia, que nos obrigou a aceitar futebol à porta fechada, na certeza de que era preciso, acima de tudo, sobreviver, para a seguir podermos voltar a viver, têm-se seguido, na maior parte das latitudes, verdadeiros banhos de multidão, num regresso caloroso ao convívio dos ídolos. Por exemplo, no passado fim de semana bateram-se todos os recordes de público no GP de Espanha de F1, disputado em Barcelona, e a meio da semana viajaram até Sevilha 150 mil escoceses e alemães, a propósito da final da Liga Europa. Infelizmente, por cá, a pandemia deixou abertas feridas que teimam em não sarar e que se traduzem num dramático decréscimo de público nos estádios de futebol. A época de 2021/2022, que devia ser de retoma absoluta, ficou muito longe dos objetivos, o que propõe um problema grave, a pedir medidas enérgicas. Consultando os números oficiais, constata-se que FC Porto e Sporting, os dois primeiros classificados, tiveram um retrocesso da ordem dos 25 por cento na assistência média, o SC Braga teve uma quebra de 35 por cento, o Boavista andou pelos 37 por cento, enquanto que Benfica, VSC Guimarães e Marítimo atingiram uma quebra a rondar os 40 por cento. Francamente, se estes números não forem suficientes para acionar todos os alarmes, não sei o que poderá alertar os responsáveis pelo futebol nacional.

Devolver os adeptos aos estádios deve ser a principal prioridade do futebol português e para consegui-lo é necessário que se tomem medidas enérgicas e consequentes, que ataquem o mal pela raiz: 

A) Acertar o preço dos ingressos pela capacidade de compra dos portugueses, tendo em conta a atual diminuição de liquidez em função da inflação vigente;

B) Adequar os horários dos jogos à vida profissional e familiar dos adeptos;

C) Garantir condições de segurança nos estádios, tornando-os amigáveis para as famílias.

D) Melhorar o espetáculo oferecido dentro das quatro linhas.

Uma questão de sobrevivência.
 

ÁS – SÉRGIO CONCEIÇÃO 

Temporada de dificuldades superadas, culminada com uma dobradinha à moda do FC Porto. Conceição, o treinador português mais ao estilo (de jogo) de Jurgen Klopp, encontrou uma fórmula que torna a sua equipa praticamente blindada a surpresas, pelo menos no âmbito nacional. É o treinador do ano em Portugal!  


ÁS –  RAFAEL LEÃO 

Ontem, no jogo do título, em casa do Sassuolo, Leão fez as três assistências para todos os golos que carimbaram o regresso do Scudetto à posse dos rossoneri. Em Milão, está a assistir-se à transformação de um espírito livre, muito perto futebol de rua, num dos mais promissores jogadores da atualidade. Honra a Stefano Pioli. 
 

DUQUE – Fontelas Gomes 

No Mundial do Catar, nem árbitros, nem árbitros assistentes, nem VAR’s portugueses. Um zero absoluto, recebido sem surpresa, aliás, num contexto de depressão e descrédito da arbitragem nacional. Está à vista que o caminho que tem sido seguido não leva a bom porto, mas não se vislumbra sinal de mudança.