Uma noite para recordar
HÁ jogadores mais competitivos do que outros, aqueles que se importam quando perdem uma peladinha, que conseguem com esse espírito galvanizar a sua equipa. Não aceitam um resultado negativo, querem vencer sempre. Depois existem, poucos, que além de terem esta característica, têm uma capacidade especial - resolvem jogos. Marcam golos, muitos golos.
Quando defrontamos adversários elementos tão raros, únicos, o ideal é não criarmos conflitos desnecessários que só os vão motivar a vencer os momentos de adversidade. Ao reconhecermos o seu valor, estamos em simultâneo a anular motivos para a sua superação e a colocarmos a nossa equipa num patamar superior ao vencermos o jogo ou eliminatória. Pelo contrário, quando os provocamos estamos a criar condições para se superarem. O que aconteceu na Champions na terça-feira, foi um pouco isto. Logo no jogo da primeira mão iniciou-se o processo de motivação duma grande equipa e dum excecional jogador. A Juve, com Cristiano a liderar essa revolta, nada tinha a perder. Já tinha perdido, portanto tudo se inverteu. Só tinha a ganhar. E ganhou com muita cabeça. Nada de precipitações, controle do jogo, e emocionalmente muito estável.
Quando o discurso é agressivo não há como evitar que os próprios adeptos não tenham, também eles, postura agressiva. Esse ambiente, adicionado a um resultado positivo, cria, por norma, confiança de que a maior parte do caminho está vencido. Nada mais falso. Neste caso estávamos apenas num longo intervalo para se jogar a segunda parte. O ruído nesse espaço de tempo foi excessivo, o que ainda mais motivou uma equipa e alguém supercompetitivo e ímpar.
A Juve e Cristiano tiveram uma noite para recordar, daquelas que não se esquecem. Ao nível das noites de maior magia. Uma vitória que será lembrada como exemplo. Assim se faz, e fica, na História do jogo.