Um Bruno Lage refém de Rafa
O FC Porto ganhou o clássico e ganhou-o bem. O 3-2 reflete bem o que se passou, por muito que Conceição acredite que foi largamente superior ou que Lage entenda que fez o suficiente para levar pontos do Dragão.
A versatilidade tática portista anda geralmente à volta da capacidade de Marega para atacar a profundidade e na tendência de Otávio para pisar terrenos interiores, abrindo o corredor para Corona. Lage partiu para o clássico com sete pontos de vantagem e uma ideia ofensiva, que era mensagem para os jogadores: Chiquinho como terceiro médio, em conjunto com as contribuições de Pizzi e Rafa, garantiu eficácia no jogo interior e aproveitamento do espaço entre linhas.
O problema foi o momento sem bola. O FC Porto elevou o jogo para a dimensão física em que se sente confortável (e o Benfica não) e explorou o vazio entre Ferro e Grimaldo. O espanhol, a dar largura face à interioridade de Rafa, destapava costas e bola (Cervi teria ajudado) e expunha o central, que tinha de lidar com Marega ou Otávio. A lentidão e (falta de) dimensão física fizeram o resto.
Chiquinho tinha entrado no onze para o lugar de Cervi em nome da batalha a meio-campo, mas, sem o argentino, Lage precipitou a derrota no flanco e no encontro. Um posicionamento mais interior de Grimaldo e um Cervi mais recuado numa linha de 5, com Chiquinho a ajudar, poderia ter bastado. Mas, para isso, teria de sacrificar Rafa (ou Pizzi).
P.S. O Benfica não comprou um central, mas nem Weigl nem Samaris são solução para tirar Ferro e Morato está cru. Por sua vez, o alemão chegou e dispararam os golos sofridos. Não é justo individualizar, mas não será coincidência. Sem Florentino e Gabriel no 11, não há um recuperador de bolas. Agora, Famalicão, pelo moral e pelo objetivo Taça, e SC Braga, pela vantagem, ganharam muita importância. O FC Porto vai acreditar.