Última hora

OPINIÃO05.05.202206:55

Aumento das assistências nos momentos de decisão reforça a ideia de que os adeptos gostam mais dos clubes do que do futebol dessas equipas

TEMOS assistido nas últimas semanas a um fenómeno habitual: clubes que lutam pela permanência na Liga, pela subida na Liga 2 e na Liga 3 veem as assistências subir vertiginosamente nos momentos da decisão. As gentes de Moreira de Cónegos, Tondela, Vila do Conde, Leiria ou  Setúbal têm dado mais cor a bancadas habitualmente despidas. Sem querer assumir conclusões finais, somos no entanto levados a crer que há, em Portugal, um apego maior aos clubes na perspetiva do poder da comunidade do que ao futebol que essas equipas praticam. Só assim se explica o divórcio durante a temporada nos emblemas ditos pequenos.

Um dos vários objetivos do plano da Federação Portuguesa de Futebol para 2030 passa por ter 50 por cento de lotação em todos os estádios, árdua tarefa face a 2022. À exceção dos três grandes, que reúnem quase 90 por cento dos adeptos em Portugal (e do caso singular do Belenenses SAD que não merece fazer parte desta análise) e por isso com margem para engrossar fileiras no cimento, a generalidade dos clubes enfrenta grandes dificuldades para ter mais público. A pandemia ajudou a empurrar os números para baixo mas antes do Covid-19 a realidade era  semelhante, o que nos transporta para um problema mais estrutural e que se relaciona com a fraca qualidade geral do jogo, desacreditação das instituições (disciplina, arbitragem), novos hábitos culturais que rivalizam com o desporto e uma oferta massiva de futebol de outros campeonatos que devolve o adepto comum ao futebol puro, sem lama a esvoaçar.

Há, porém, casos interessantes na Liga de identificação coletiva e uma assiduidade assinalável. O Famalicão apresentou ao longo da época assistências de quase 60 por cento da capacidade do seu estádio e o Vizela foi outra lufada de novidade, com boas molduras, adeptos apaixonados e um ambiente diferenciado - pela positiva. Com uma população de 11.448 pessoas e uma média de 2.926 espectadores por jogo, o Vizela consegue arrebatar 25 por cento dos locais, o que merece ser um caso de estudo. Porque percebemos que a maioria dos clubes só consegue captar percentagens residuais (ver quadro).
 


O lado bom destes números é que a margem para crescer é enorme, tão grande quanto o desafio que Liga e Federação têm pela frente para fazer dos clubes uma força social permanente - e não apenas nos momentos de aflição.
 

LUÍS FILIPE VIEIRA começa a entrar perigosamente no registo Bruno Carvalho, movido pelo ressentimento cego, sem perceber que já faz parte do passado do Benfica e que muito do que disparou contra Rui Costa diz mais sobre a personalidade do antigo presidente das águias do que dos erros (que os comete, também) do seu sucessor. Usar Bruno Lage como exemplo para criticar a vinda de Roger Schmidt foi de um desplante supremo - o Lage que afastou o mais rápido que pôde na ânsia sebastianista de fazer regressar Jorge Jesus. Vale tudo em nome da sobrevivência.