Terrível dezembro
1. Agora que sabemos com o que podemos contar para este Natal e para a Passagem de Ano com o levantamento de algumas restrições em dias marcantes da nossa vivência familiar e da nossa convivência com os que nos são mais próximos, devemos, com responsabilidade, ter acrescidas cautelas nas próximas semanas e, com sentido de comunidade, ajudar a controlar esta pandemia que nos afeta e condiciona, que nos perturba e angustia. Todos nós temos notícias de amigos ou amigas infetadas, de jogadoras e jogadores com testes positivos, de treinos e jogos cancelados, e logo, adiados, de derrotas na secretaria por jogos não realizados em razão de restrições sanitárias. E, aqui, com evidentes ponderações jurídicas que não deixarão de merecer as decisões que importa conhecer e analisar. Mas, desde a tarde de ontem, e pela voz firme de António Costa - e depois da renovação do Estado de Emergência decidido, e bem, por Marcelo Rebelo de Sousa -, sabemos, a tempo e com tempo, com o que contamos para o final deste ano singular e bem extraordinário das nossas vidas.
2. Em termos de futebol vamos ter, no que diz respeito ao principal escalão, um terrível mês de dezembro. Nos próximos vinte dias os três clubes portugueses que resistem, com brilho e brio, nas duas competições europeias de clubes, vão disputar entre seis e sete jogos. Aqui, de verdade, serão jogos de três em três dias. Apenas tempo para descansar e não para treinar. E com jogos em que haverá, necessariamente, rotação de jogadores e opções que terão que ser compreendidas pelos adeptos, justificadas pelas equipas técnicas, valoradas pelas claques - seja dos clubes seja, que já as há, de treinadores! - e analisadas pelos comentadores não comprometidos. Já que, por ora, não temos muitas comentadoras no espaço televisivo desportivo português. E não é, decerto, por falta de qualidade, já que as vozes que no feminino escutamos ou lemos evidenciam conhecimento, mostram sagacidade de análise e suscitam reflexões que nos fazem seriamente meditar. E sem que haja necessidade que qualquer organização corporativa se intrometa na ponderação das escolhas ou, sequer, no controle do proclamado ou afirmado! Mas Benfica e Futebol Clube do Porto têm sete jogos. E o Braga seis. E o Sporting , Guimarães e Paços de Ferreira cinco. Em bom rigor o Futebol Clube do Porto apenas seis, já que ontem à noite já defrontou o Tondela para mais uma jornada da Liga NOS. O que sabemos é que, neste terrível mês de dezembro, agora com chuva intensa, frio de rachar e vento forte, cada um deles tem três jogos da Liga NOS ( o Porto dois!), um jogo da Taça de Portugal e um jogo para os quartos de final da Taça da Liga. E Benfica e Futebol Clube do Porto encontram-se no arranque da noite do dia 23 de dezembro para a disputa da Supertaça Cândido de Oliveira! E Benfica, Futebol Clube do Porto e Braga têm ainda jogo final da respetiva fase de grupos da Liga dos Campeões e da Liga Europa e com as equipas de Jorge Jesus e Carlos Carvalhal a terem que ter os ouvidos no outro jogo do respetivo grupo em razão da importância, para efeitos do sorteio dos dezasseis avos de final da Liga Europa, de ficarem em primeiro ou em segundo lugar no grupo. E, aqui, e se olharmos para a Liga do Campeões, o Real de Madrid ou o Manchester United podem ficar em terceiro lugar nos respetivos grupos… E logo caírem para a Liga Europa e para o sorteio dos dezasseis avos e final… e como cabeças de série! E como advertiu na noite da passada quinta-feira Jorge Jesus, a Liga Europa «a partir dos quartos de final vira uma Champions»! E para chegar aos quartos importa passar os dezasseis e… os oitavos!
3. Os bons resultados das três equipas portuguesas nas duas competições europeias - duas vitórias e um empate - permitem confirmar aquilo que há semanas aqui escrevo: estamos consolidados no sexto luar do ranking da UEFA e nas próximas duas épocas desportivas os dois primeiros classificados da ainda Liga NOS terão entrada direta na fase de grupos da Liga dos Campeões, com os naturais benefícios financeiros e as inequívocas vantagens desportivas, incluindo de visibilidade e notoriedade. A Rússia, sétima classificada, está cada vez mais distante e só a Holanda (a oitava) está a fazer, igualmente, uma interessante época europeia. Esta nossa consolidação no sexto lugar tem de ser evidenciada. Estamos a larga distância da França - a quinta no ranking - mas esta época estamos a ganhar à França. Apenas no ranking, já que nos relvados perdemos no momento final da Liga das Nações cuja segunda edição da sua final four será organizada em outubro de 2021 pela Itália.
4. Na próxima quarta-feira o Benfica vai defrontar o Chelsea em futebol feminino para a Liga dos Campeões. A diferença é substancial. O Chelsea está no sétimo lugar do ranking europeu e o Benfica, com o direto apoio da Direção, o impulso de Fernando Tavares e a liderança técnica de Luís Andrade, vai fazer o terceiro jogo nesta competição que ganha, ano a ano, crescente importância e exige dos clubes avultados orçamentos. E com interessantes transferências entre clubes - o Chelsea foi buscar uma jogadora, Harder, ao Wolsburgo por 350 mil euros - e crescente atratividade através de meios de comunicação social. E, infelizmente, e nestes tempos sem a presença de público. Se assim não fosse seríamos alguns milhares a vivenciar e a presenciar o confronto entre Chelsea e Benfica. Mas também foi nesta semana que houve história, diferente mas igual, no futebol europeu. Stéphanie Frappart tornou-se a primeira mulher a apitar um jogo da Liga dos Campeões em futebol masculino e o momento aconteceu no Juventus -Dínamo Kiev. E viu mais um golo, em números emblemáticos, de Cristiano Ronaldo. Esta árbitra francesa, internacional desde 2009, já tinha sido a primeira mulher a apitar um jogo oficial de seleções, o Malta-Letónia para a Liga das Nações. E dirigiu dois jogos da Liga Europa, o último dos quais o surpreendente Granada - já apurado para os dezasseis avos de final da Liga Europa e afastando o PAOK - com o Omonia de Nicósia. E recordo que dirigiu, e bem, em agosto de 2019, a Supertaça Europeia entre o Chelsea e o Liverpool. O pós- jogo da Juventus que apitou evidenciou os golos . E bem. Mas a arbitragem, e o momento histórico que ocorreu, não mereceu mais do que uma referência, bem instantânea. Mesmo por parte daqueles e daquelas que durante largos minutos analisaram, meditaram e, até, invocando dotes de psicólogos - ou de psiquiatria - esmiuçaram palavras de Jorge Jesus no final do jogo da Madeira. Mas… como quase é Natal… ninguém leva demais a mal! Mas que dezembro terrível. Terrível mesmo! Cuide-se caro(a) leitor(a).
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