Temos de ‘levar’ com a Tesla

Opinião Temos de ‘levar’ com a Tesla

OPINIÃO09.11.201909:05

Apesar do ceticismo (ainda) sobre o futuro do fabricante de referência de automóveis elétricos

Numa semana em que se tornou público, com estrondo, um contencioso entre um proprietário e o fabricante de um automóvel elétrico (EV), o Nissan Leaf de 1.ª geração, relacionado com os custos de substituição da bateria do motor fora da garantia contratual, avivando uma dúvida original dos EV, sobre a durabilidade e despesas inerentes ao discutível, mas agora provado, fim de vida desse componente, a marca de referência na tecnologia que se afigura cada vez mais como a do futuro da mobilidade atinge a sua valorização máxima da sua ainda curta história – e fazendo história. A Tesla encerrou o último trimestre de operações com uma capitalização bolsista de 53,7 mil milhões de dólares, à frente da General Motors (GM) e da Ford e voltou a ultrapassar a GM na hierarquia dos fabricantes mais valiosos nos Estados Unidos. O valor de mercado da empresa fundada e liderada por Elon Musk foi estimado em mais de 53 mil milhões de dólares, mais 2 mil milhões do que colosso de Detroit, com o seu amplo portefólio de marcas.


Mas não foram só os resultados financeiros a valorizarem a Tesla, também o reconhecimento do CEO do maior construtor mundial de automóveis. Herbert Diess, diretor-executivo da Volkswagen AG, retificou o ceticismo implícito na pergunta de um jornalista sobre o futuro da Tesla, afirmando durante a recente estreia mundial da 8.ª geração do Golf que esta marca «já não é de nicho [de mercado]», referindo-se ao Model 3 com um «modelo de grande volume» e à Tesla como «um dos maiores fabricantes de baterias de carros elétricos». «Temos muito respeito por Tesla, é um concorrente que levamos muito a sério», reforçou Diess. As palavras elogiosas do gestor alemão podem ser interpretadas como retribuição ao seu homólogo da Tesla, Elon Musk, que 'twittou' recentemente que a VW estava «mais empenhada do que qualquer outro grande construtor para se tornar elétrica».


O comentário do excêntrico empresário empreendedor norte-americano não é só simpático, como tem muito baixa probabilidade de erro. Apenas quatro anos passados do Dieselgate, como ficou conhecido o escândalo de manipulação nos testes de emissões de motores Diesel pela VW, que custou à empresa mais de 27 mil milhões de euros e danos tão avultados no prestígio, esta comprometeu-se a investir 45 mil milhões numa família de EV, sob a sigla ID. O primeiro membro, o ID.3, chega antes da próxima primavera.