Tanta coisa para mudar (para melhor...)
Sanções que só fazem cócegas são incentivo à indisciplina; VAR deve ter dedicação exclusiva; distribuição do dinheiro televisivo é irracional...
TERMINADA a edição de 2021/2022 da Liga portuguesa de futebol, é tempo de balanço. Houve três áreas particularmente negativas, que funcionaram como forças de bloqueio ao desenvolvimento do nosso futebol, a saber, a disciplina, a arbitragem e a desproporção de meios colocados aos serviço dos clubes.
Em relação à disciplina, diga-se desde já que os juízes são os menos culpados, porque limitam-se a aplicar as lei e regulamentos existentes. O que acontece é que estes são, em muito casos, de tal forma permissivos com os prevaricadores que acabam por promover a indisciplina. Repito uma ideia já expressa nesta páginas: os mesmos protagonistas comportam-se genericamente de forma correta nas provas da UEFA e assumem um trogloditismo militante nas provas nacionais. O que difere de umas para as outras? A medida da pena. Claro como água.
A arbitragem continua a fazer da opacidade uma forma de vida, sem perceber que esse tipo de ação só contribui para a desconfiança que muitas vezes desagua em teorias da conspiração. Sendo prática corrente no nosso País encontrar os dirigentes do setor no sindicato dos árbitros, a APAF, deparamo-nos amiúde com situações onde a mentalidade corporativa prevalece, sem que percebam que defender os árbitros e defender a arbitragem nem sempre é a mesma coisa. Quanto a outro problema, o VAR, é urgente que se separem as águas e se encontre um grupo de árbitros para estar em campo e outro para operar exclusivamente a partir da Cidade do Futebol. Para lá das dores de crescimento, aceitáveis numa ferramenta relativamente nova, viu-se muita incompetência e impreparação, que é imperioso não desvalorizar ou branquear...
Finalmente, o desequilíbrio entre as forças em presença, sendo tradicional no nosso campeonato, atingiu esta época proporções jamais vistas. O quinto classificado nem de binóculos vê o primeiro e essa circunstância permanecerá até que, por um lado seja feita uma distribuição mais racional do dinheiro dos direitos televisivos e por outro sejam impostos padrões mínimos de condições de trabalho. Quando está à porta um novo modelo das provas da UEFA, que à partida defenderá mais os ricos que os pobres, ou arrepiamos caminho ou chegaremos ao fim da década a carpir mágoas.
ÁS — RICARDO HORTA
O médio de ataque de 27 anos, há seis épocas no SC Braga, tornou-se ontem no melhor marcador de sempre dos arsenalistas. Com lugar na história bracarense garantido, resta saber se o capitão dos minhotos vai continuar na cidade dos Arcebispos ou se regressa ao eixo Luz-Seixal para reforçar o plantel de Roger Schmidt.
ÁS — SÉRGIO CONCEIÇÃO
No jogo de consagração dos dragões, Sérgio Conceição teve sensibilidade e deu oportunidade a quatro jogadores de serem, por minutos jogados, também campeões nacionais. Dois deles pagaram-lhe não sofrendo golos, um dos outros ainda fez o gosto ao pé e o restante deve agradecer-lhe a oportunidade dada.
ÁS — SÁ PINTO/PONTES
Em cima da meta, e com muito sofrimento à mistura, Ricardo Sá Pinto (Moreirense) e Leonel Pontes (Covilhã) evitaram a despromoção direta e vão agora preparar as suas equipas para os jogos de play-off contra Chaves e Alverca, respetivamente. Foi um daqueles fins de semana em que se diz: «Aguenta coração!!!»