Sinais positivos na Seleção?
Falta ainda no momento sem bola a dimensão coletiva que o ataque já mostro
QUE DIZER quando um dos mais conservadores técnicos da atualidade, como o é Fernando Santos, abdica da clássica definição do médio defensivo, mais físico, para entregar a posição 6 a um Moutinho que faz da inteligência e experiência as principais armas? É verdade que a eliminação da Itália, por muito que favoreça a Seleção, impede que se perceba desde já se se trata ou não de uma alteração estrutural, uma vez que a Macedónia do Norte terá um bloco mais baixo e uma filosofia de contenção que favorecem a continuidade, porém a mudança é, em muito tempo, um primeiro sinal positivo nas ideias do selecionador. O recuo de Bernardo Silva para a construção a meio-campo, com o apoio omnipresente de Otávio, as alternâncias posicionais acrescentadas por Bruno Fernandes e Jota, e até a simplificação de processos de Ronaldo longe da área, numa missão mais próxima de um falso 9, retiraram referências aos turcos e abriram caminho ao triunfo. O ataque posicional funcionou finalmente, embora Bruno Fernandes e Bernardo Silva ainda pareçam ter de estabelecer onde um começa e o outro acaba no ataque - o que pode limitar o criativo do ManUnited -, nada que dois jogadores inteligentes não consigam. Dito isto, Portugal foi finalmente coletivo a atacar. Boa notícia, reforçada com o que chegou (talvez até tarde) do banco através das exibições de Leão, Matheus Nunes e João Félix.
O controlo da partida esteve longe do desejado, porque falta, parece-me, essa mesma dimensão coletiva sempre que não há posse de bola. Falta sintonia. É preciso que todos saibam o que fazer (e o façam) no momento de pressionar, a fim de que os blocos não estejam sempre atrasados e o adversário não progrida como os turcos progrediram. Se no ataque o talento existente cria a química, na defesa é preciso mais. Mas o caminho está lá, finalmente desbravado.